domingo, 24 de junho de 2012

À Filha


Há tanta dor, filha...

Poucas palavras em
uma frase econômica,
mostraram que a vida
que eu pensava me esperar
por algum outro foi preenchida.

Tu sabes, filha,
o que foi esse tempo último,
em que mais que à morte
eu temi perder a ti e ao teu irmão;
e ao sonho que sonhava.

Tu sabe, filha,
da dor, da angústia,
do medo, do horror.
Tu sabes...

Mas então, como
se não houvesse existido,
o pesadelo se foi
e, ingênuo, voltei a sonhar.
E enquanto sonhei,
atrevi-me a ser feliz.

Agora, não mais.
Direto como um golpe,
chegou-me o fim.

No Mundo em que
pretendi voltar, outro
a faz feliz. Tomara, filha,
que sim. Que seja assim.
Que ela possa viver,
o que eu só imaginei.

De novo terei
que juntar os pedaços
e seguir o velho caminho,
que nunca me pareceu
tão vazio quanto agora.
Tão doído, quanto aquele
adeus sem sentido.

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