Chegastes suave como o orvalho e então eu soube que tu eras o jasmim recém colhido, que o Rouxinol anunciara no canto primeiro da aurora.
domingo, 31 de março de 2013
Cantos Findos
As águas do São Francisco
já não molham o areal.
Cessou o canto das lavadeiras
e a reza das benzedeiras.
Os pescadores emudeceram
e são inúteis os labores,
as mandingas e os tambores.
o Rio é quietude
e só prenúncio de ataúde.
Estão silenciadas as Árias
e todos os Cantares são párias.
Quebraram-se as penas
e exilaram-se os temas.
A melancolia do cinza invade a cidade
e o grafite só cobre a metade.
As sortes foram lançadas
e as taças foram tombadas.
O arame da gaiola
prende o canto do passarinho.
O Canto de liberdade
morre no próprio ninho.
quinta-feira, 28 de março de 2013
Soneto Lirico
As luzes que um anjo
acende no Céu
iluminam os sonhos
que o Sereno semeia no Mundo.
Amanhã brotarão os girassóis
e os caminhos estarão livres
para a procissão de
palavras e rimas.
Solene passará a segunda quadra,
e presto aportará
a terceira esquadra
e dentre mastros e bandeiras
logo se verá a Estrela acendida.
São os olhos da Musa escolhida.
segunda-feira, 25 de março de 2013
31 de Março
Quantos dos nossos, agora estão contigo,
doce guerreira?
Ainda doem as feridas que te feriram
e a dignidade que te roubaram?
Ainda tens o mesmo o brilho nos olhos
de quando fazíamos o Brasil livre
e a esperança de que se vive?
e a esperança de que se vive?
Tuas mãos ainda guardam os carinhos
que te eram fartos e generosos
e ainda é a mesma
a coragem com que tu empunhavas
a bandeira da brava gente?
a bandeira da brava gente?
Tu ainda cantas os Cantos de independência
e ainda ouve o choro dos desvalidos?
Ainda insistes para que se ergam
e espantem a falsa Redentora
que prende, tortura e mata?
Aqui, minha doce guerreira,
ainda há muito que caminhar.
Ainda há tanto porque lutar,
mas eu sinto, companheira,
que alguma semente se pôs a germinar.
É preciso que a tua doce bravura
não nos falte,
pois bem sabemos
que o justo não se abate.
Por ti, por Miraflores, por Carlos,
por Maurício, por Lavínia e
por tantos e tantas,
creia,
todas as lutas serão santas.
Sempre se revestirão da pureza
dos bem intencionados,
do vigor dos determinados
e da revolta dos injustiçados.
Tua luta será sempre viva
e tua chama sempre renovada.
A liberdade que te custou a vida
não haverá nunca de ser esquecida.
Por isso, companheira, aquiete a alma
e descanse do Mundo. Descanse dos homens.
O chão do Brasil te abriga.
Que a tua dor adube a terra manchada.
Dela, nascerão novos tempos
e, neles, o justo esquecimento
daquela noite de tanto tormento.
Para Bete. Saudades.
domingo, 24 de março de 2013
Poesia, rima e vida.
A poesia ficou rala
e o amor nada fala.
Restou a rua e a mala;
sou eu e o quarto sem sala.
A rima ficou pobre e rara.
A vida me custa os olhos da cara.
Maldição do bruxo canalha
e da Morfina que sempre falha.
Perpétuo "Dejá Vú...".
A náusea, o horror que já senti.
Mas ainda bebo esperança,
afago a noite criança
e ando nova andança.
Fartos e Doces Frutos
Doces e fartos serão os frutos
na próxima messe.
Conosco, os amigos festejarão
o cumprimento da Promessa
e a realização imodesta
dos designeos da bela Vesta.
Por isso, que cantem os Menestréis
as cores que adornam o Poente.
Eis que celebraremos o triunfo da vida.
É chegado o tempo da concórdia,
essa suave e triunfante rapsódia.
Saibamos ouvi-la, pois eis que traz
em seus compassos e acordes
o Belo que se julgava perdido
e a Arte que se pensava esquecida.
Ouçamos suas flautas e clarins.
Soarão sem a andrajosa opulência
dos vazios vestidos de aparência.
Soarão sem a arrogância
dos Profetas da ganância.
Saibamos ouvi-la, pois será então
o tempo do homem dispensar
o sádico exercício do não.
Eis que celebraremos o triunfo do amor.
Eis-nos, Princesa amada,
a caminho da nova florada.
Que sejam livres os colibris
e que dourem os Girassóis do dia.
Breve, o Devir Eterno trará
a luz das estrelas
e o milagre de poder vê-las.
Que sejam generosas as carícias,
os corpos e os desejos.
Que se proclame o amor
em cada gesto
e que o orgasmo da bem-aventurança,
aconteça conforme a nossa imagem e semelhança.
sábado, 23 de março de 2013
Realejo do Alentejo
O homem do realejo
toca a nostalgia da inocência
sem prever o fim da clemência.
Mas em tudo há uma sensação
de crime cometido,
de pecado consentido
e de desejo proibido.
Bêbadas almas delirantes
dançam em umbrais degradantes
e enlouquecidas por paixões escaldantes
clamam por devassos impérios
e sórdidos mistérios.
Os puros amores foram traídos
e d'alguma cumplicidade honesta
pouco mais resta.
Apenas a hipocrisia
de certa promessa vazia
e a cínica máscara de falsa Santidade
dos inglórios Pastores da castidade.
E, no entanto, o homem do realejo
insiste nos fados do Alentejo
e anuncia a chegado do
novo tempo e destino
em que o amor não é clandestino.
Figura - tela de de Djanira da Mota Silva, via Web.
quarta-feira, 20 de março de 2013
Outono
O homem recolhe
as folhas caídas
no chão burocrático
Quem fará igual
com as nossas almas?
É chegado o Outono nas almas,
o tédio das águas calmas.
O manso morrer do viço,
o triste morrer do sofrer mortiço.
Prenúncio do Inverno, enquanto ainda os há.
Sem Arco-Iris, deixado em Shangrilá.
Poucas cores que se vão sumindo,
projetos que se vão resumindo.
Frio vento. Silêncio e desalento.
Folhas que voam num só momento.
Idéias que voam num só lamento.
A rua deserta,
o silêncio que grita.
Tantas ausências...
domingo, 17 de março de 2013
A Terra Seca de Deus e do Diabo
De novo está seca a terra
que Deus e o Diabo queimam de Sol.
Tua poesia não bastou, irmão
"ideias na cabeça e câmera na mão".
Os homens ainda vivem da morte
e a bala só não mata a fome
que campeia feito rês fantasma
em cada légua de caminho seco.
O espinho de Mandacaru
fere o corpo curtido da gente fiapo
dopada pelo pó marrom.
Gente suja, feia, rota, desgrenhada
que perambula no chão partido
em busca de tudo.
Em busca de pouco.
Em busca de pouco.
Em busca do milagre do Conselheiro
que o Governo matou.
De Canudos apenas restou
a sede perene dos ressacados
e a esperança que não vingou.
e a esperança que não vingou.
De novo está a seca
a Terra de Deus e do Diabo.
E Gláuber se foi ou morreu
n'algum pau-de-arara
de tortura, morte ou exílio.
a quem pedir auxílio.
Homenagem pouca ao gênio de Gláuber Rocha.
sábado, 16 de março de 2013
A Musa
- Por que sempre há a Musa
em teu Canto, poeta?
- Porque ela é o próprio cantar...
Porque é o brilho de seu olhar
que ilumina a Arte que tento
e é na saudade que lhe sinto
que as palavras ganham alento.
Porque nela a vida acontece
e os adjetivos adornam os substantivos
enquanto os verbos se realizam
e as poesias se eternizam.
Porque nela eu deposito o meu sonho maduro
e a esperança de que no tempo futuro
sempre exista a sutil urgência do desejo
e, depois, a placidez do amor que se fez.
Por isso, assim o meu Canto
para a Musa se faz.
Canto o amor e a paz
que apenas ela me traz.
quinta-feira, 14 de março de 2013
Drama e Intensidade
O drama e a intensidade de um puro amor marginal
explode em bofetões na mesa ao lado.
Exilados em qualquer botequim da Boca do Lixo,
personagens vestem essa noite de pré Outono
que a garoa fria anuncia nos corpos seminus.
São figuras que rodam pelas páginas desse folhetim
sem que exista algum Thiago de Melo* para cantar
a crua beleza do instante que se cristaliza em vermelho.
Choram os olhos da moça traída
pela má sorte e pela má vida.
Úmidos, assistem o amado seguir
a puta que não deveria existir.
Eram olhos que acreditavam que os Destinos se alteram.
Paixão, ódio e amor escorrem junto ao rímel.
Pranto miúdo, abafado.
Desses, que quase não se percebe
e do qual logo se esquece,
pois basta um violão e um instante
para que a dor que bebe comigo,
reviva a saudade da Musa Amada.
Reviva a inutilidade e o despropósito
de quando a vida é só depósito.
No fim, no palco, um poeta mambembe declama versos desconexos.
Sei-me livro a recolher os escritos do Mundo.
E a sonhar o dourado
que só se avista nos Poentes de Florença.
explode em bofetões na mesa ao lado.
Exilados em qualquer botequim da Boca do Lixo,
personagens vestem essa noite de pré Outono
que a garoa fria anuncia nos corpos seminus.
São figuras que rodam pelas páginas desse folhetim
sem que exista algum Thiago de Melo* para cantar
a crua beleza do instante que se cristaliza em vermelho.
Choram os olhos da moça traída
pela má sorte e pela má vida.
Úmidos, assistem o amado seguir
a puta que não deveria existir.
Eram olhos que acreditavam que os Destinos se alteram.
Paixão, ódio e amor escorrem junto ao rímel.
Pranto miúdo, abafado.
Desses, que quase não se percebe
e do qual logo se esquece,
pois basta um violão e um instante
para que a dor que bebe comigo,
reviva a saudade da Musa Amada.
Reviva a inutilidade e o despropósito
de quando a vida é só depósito.
No fim, no palco, um poeta mambembe declama versos desconexos.
Sei-me livro a recolher os escritos do Mundo.
E a sonhar o dourado
que só se avista nos Poentes de Florença.
quarta-feira, 13 de março de 2013
Tempo Tempestade
O mênstruo da tempestade
revela os pecados da cidade.
"Bocas de lobo" regurgitam
os crimes não digeridos
e os corpos corrompidos.
O vento açoita meu rosto
e sinto o arroto, escroto, esgoto
donde transbordam os rancores.
É suja a enxurrada que arrasta
as crenças derradeiras
das mulheres carpideiras.
Os rugidos da celeste besta-fera
condenam os pecadores
e as blasfêmias que lhes são devolvidas
são caladas pelo vento navalha
nas mãos do pastor canalha.
Estão úmidos os olhos do Mundo.
Choram os erros
e temem os castigos.
Danaram-se os abrigos
e nos afogam
as águas de Jobim.
As águas do fim.
terça-feira, 12 de março de 2013
Doces e Fartos
Doces e fartos serão os frutos
na próxima messe.
Conosco, os amigos festejarão
o cumprimento da Promessa
e a realização imodesta
dos designeos da bela Vesta.
Por isso, que cantem os Menestréis
as cores que adornam o Poente.
Eis que celebraremos o triunfo da vida.
É chegado o tempo da concórdia,
essa suave e triunfante rapsódia.
Saibamos ouvi-la, pois eis que traz
em seus compassos e acordes
o Belo que se julgava perdido
e a Arte que se pensava esquecida.
Ouçamos suas flautas e clarins.
Soarão sem a andrajosa opulência
dos vazios vestidos de aparência.
Soarão sem a arrogância
dos Profetas da ganância.
Saibamos ouvi-la, tempo será
do homem dispensar então,
o sádico exercício do não.
Eis que celebraremos o triunfo do amor.
Eis-nos, Princesa amada,
a caminho da nova florada.
Que sejam livres os colibris
e que dourem os Girassóis do dia.
Breve, o Devir Eterno trará
a luz das estrelas
e o milagre de poder vê-las.
Que sejam generosas as carícias,
os corpos e os desejos.
Que se proclame o amor
em cada gesto
e que o orgasmo da bem-aventurança,
seja à nossa imagem e semelhança.
na próxima messe.
Conosco, os amigos festejarão
o cumprimento da Promessa
e a realização imodesta
dos designeos da bela Vesta.
Por isso, que cantem os Menestréis
as cores que adornam o Poente.
Eis que celebraremos o triunfo da vida.
É chegado o tempo da concórdia,
essa suave e triunfante rapsódia.
Saibamos ouvi-la, pois eis que traz
em seus compassos e acordes
o Belo que se julgava perdido
e a Arte que se pensava esquecida.
Ouçamos suas flautas e clarins.
Soarão sem a andrajosa opulência
dos vazios vestidos de aparência.
Soarão sem a arrogância
dos Profetas da ganância.
Saibamos ouvi-la, tempo será
do homem dispensar então,
o sádico exercício do não.
Eis que celebraremos o triunfo do amor.
Eis-nos, Princesa amada,
a caminho da nova florada.
Que sejam livres os colibris
e que dourem os Girassóis do dia.
Breve, o Devir Eterno trará
a luz das estrelas
e o milagre de poder vê-las.
Que sejam generosas as carícias,
os corpos e os desejos.
Que se proclame o amor
em cada gesto
e que o orgasmo da bem-aventurança,
seja à nossa imagem e semelhança.
segunda-feira, 11 de março de 2013
Onde
Poeta, onde está o amor?
Onde sempre esteve, moça morena.
Está no caminho que andamos,
no Canto que cantamos,
nos verso que declamamos,
no pranto que choramos
e no riso que sempre buscamos.
Está em cada cor e em todo som.
Em cada luz e em todo tom.
Está em cada partida
e em cada chegada.
Em cada carícia trocada,
em cada mão estendida
e em toda cama amanhecida.
Está, moça do Rio,
no novo livro de Thyago,
o anjo que Deus me deu.
Está na voz dea minha eterna certeza.
Está na saudade que sinto de Cecilia,
a filha bem amada, ainda que não revelada.
Está em Kris, em Lúcia, em Maísa, em Emilia...
Está em Filipi, em Evan, em Rosmary...
E em tudo mais, moça bonita,
está o amor.
Só é preciso "Olhos de Ver",
pois ei-lo em todo amanhecer.
Aos amores citados,
sábado, 9 de março de 2013
Teme-se
Há um abuso de silêncio
na dor que a gente sente
quando o Sol deixa a Enseada.
Teme-se que a Lua não venha,
que a amada se esqueça
e que tudo nos entristeça.
Teme-se que tudo seja um engano,
ao alcance da primeira garra do cotidiano.
Teme-se a guerra,
e a vingança da Mãe-Terra
Teme-se o fim de um jardim
a morte de uma sabiá
e o plágio de um jasmim.
Teme-se o fantasma branco
da noiva de Minas,
que assombra as esquinas.
Teme-se o fim da cachaça,
o recomeço da mordaça
e o Congresso trapaça.
Teme-se a perenidade
desse quarto de hotel
e o terror de não se ter
para onde voltar.
E, por fim, teme-se o escuro da cena
e que este seja
o último poema.
sexta-feira, 8 de março de 2013
Estrela do Mar
No mar em que
eu pescava as Estrelas
e pecava ao perdê-las,
agora existe um labirinto
onde as virgens esperanças,
findam-se em brancas danças.
Resta raivoso,
o espumoso Netuno.
Monstro soturno
que ruge ao longe
a prece do perdido Monge.
Ficaram omissas,
as Sacras premissas
e se perderam nas tortas vias
as outras certezas vazias.
Resta o fero covil,
a porta que não se abriu,
a amada que partiu
e a lembrança do sonho
que ninguém mais viu.
eu pescava as Estrelas
e pecava ao perdê-las,
agora existe um labirinto
onde as virgens esperanças,
findam-se em brancas danças.
Resta raivoso,
o espumoso Netuno.
Monstro soturno
que ruge ao longe
a prece do perdido Monge.
Ficaram omissas,
as Sacras premissas
e se perderam nas tortas vias
as outras certezas vazias.
Resta o fero covil,
a porta que não se abriu,
a amada que partiu
e a lembrança do sonho
que ninguém mais viu.
quinta-feira, 7 de março de 2013
Homenagem ao "Dia Internacional das Mulheres" - REPUBLICADO
BEAUVOIR, SIMONE – a Mulher e o Feminismo.
1908/1986
“O homem é definido como “Ser Humano” e a mulher como fêmea”.
Em
sua obra mais célebre, O Segundo Sexo,
a filósofa francesa argumenta que no correr do tempo, o paradigma do que entendemos
como Humano – tanto em termos
filosóficos, quanto gerais – é sempre uma visão masculina.
Alguns
filósofos, como Aristóteles chegaram
a igualar Humanidade com Masculinidade. Outros, não ousaram
tanto, mas não titubearam em elevar o masculino como o padrão segundo o
qual a humanidade deve ser julgada; ou seja, toda ação ou pensamento
feminino seria tão insignificante que não entraria na equação de erros e
acertos do Ser Humano. Tudo seria
condenado ou absolvido conforme o ponto
de vista masculino.
Essa
visão acabou confundindo inclusive o que se entendia como “libertação
feminina” e Beauvoir tinha entre suas preocupações o fato de que as mulheres são tratadas com relativa igualdade
apenas se agirem como homens.
NOTA do
AUTOR
– essa lógica torta, talvez também explique o porquê de a homossexualidade feminina
ser mais tolerada que a masculina. Para os valores equivocados da sociedade, o
homossexual masculino desceu à condição de mulher; enquanto a homossexual
feminina subiu à condição de homem.
Para
Simone, mesmo aqueles que lutam pela
igualdade de Direitos, fazem-no
imaginando (ainda que de boa-fé) que Igualdade significa que as
mulheres podem fazer as mesmas coisas que os homens, como, por exemplo, votar e
ser votada, dirigir um automóvel, não usar o lenço na cabeça, ter prazer sexual
etc.
Mas
essa é uma visão totalmente errada, segundo Simone,
já que não leva em consideração que os dois gêneros são diferentes física e
emocionalmente. Portanto, o “bom combate” será aquele que exija os
mesmos Direitos Civis, Políticos, Profissionais etc., mas sem a
contrapartida de que para “merecê-los (sic)” a mulher tenha que se masculinizar. Sem que ela tenha
que pensar e agir como se fosse um homem.
Destarte,
o objetivo a ser alcançado é a conquista da plena cidadania, com o devido
respeito à sua maneira de Ser, de Sentir, de “estar no Mundo”.
Ter o Direito de ser diferente do homem, sem que isso implique em diminuição em suas
prerrogativas de cidadã.
Simone
teve formação filosófica na área da Fenomenologia que, como se sabe, é o
Estudo sobre como as Coisas (objetos,
seres, etc.) se manifestam à
nossa Consciência.
Esse
ideário sustenta que cada indivíduo constrói o Mundo a partir de sua própria perspectiva; organiza as Coisas e os seus sentidos (seus significados) a partir
do que lhe acontece.
A
partir dessa constatação, Simone tornou-se uma Existencialista – no sentido de que a Existência como Mulher é que formava a sua Essência.
Ao
trazer a concepção Existencialista
para a condição de mulher, Simone buscou a separação entre o “Ente
biológico”, a forma corporal com a qual as mulheres nascem,
e a “Feminilidade”,
que é apenas uma Construção Social (um esquema construindo segundo os costumes, as normas
da sociedade. Uma invenção dos Seres Humanos).
Assim,
a partir da premissa de que qualquer Construção
Social está aberta a modificações e a diferentes interpretações,
admite-se a possibilidade de “ser mulher” de várias maneiras diferentes
e de se fazer uma “Escolha
Existencial”, pois, segundo ela, “já que nos exortam a sermos mulheres,
a tornamo-nos mulheres” isso sinaliza que “nem todo Ser Humano do sexo
feminino é mulher (sic)”. “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher.
Tornemo-nos, então!”.
Para
Beauvoir, as mulheres devem se
libertar da ideia de que necessitam ser como os homens as imaginam; e da passividade que lhes é
atribuída. E, por consequência, da servilidade a que foram condenadas pela Sociedade.
Viver
uma “Vida
Autêntica”, mais reflexiva e acima dos padrões e valores habituais (ser magra, bela, desejável
etc. com interesses miúdos em roupas, joias e similares, visando, ao final,
agradar aos Homens e assim perpetuar a servidão) é, certamente, mais penoso do que levar uma vida de
frívola existência.
Contudo, é justamente a “Vida
Autêntica”, com sua rejeição aos valores burgueses e sexistas, que
garantirá a igualdade enquanto cidadã e o direito a ser diferente enquanto
mulher.
Dedicado à todas...
terça-feira, 5 de março de 2013
Mãos Maduras
As mãos que no maduro amor
buscam o calor de outras mãos
já carregaram filhos, altares e utopias.
Mãos que já carregaram dores, cores e todos os rumores.
Mãos que já carregaram o Mundo
e se purificaram dos rancores.
Mãos que agora só procuram
a calma dos carinhos seguros
e a ternura que os ventos espalharam.
Mãos que no maduro amor
percorrem corpos de encabuladas idades
e alisam as faces que dos anos restaram.
Mãos que agora se entrelaçam
como se assim impedissem
o momento de ir.
Como se segurassem
um renovado existir.
buscam o calor de outras mãos
já carregaram filhos, altares e utopias.
Mãos que já carregaram dores, cores e todos os rumores.
Mãos que já carregaram o Mundo
e se purificaram dos rancores.
Mãos que agora só procuram
a calma dos carinhos seguros
e a ternura que os ventos espalharam.
Mãos que no maduro amor
percorrem corpos de encabuladas idades
e alisam as faces que dos anos restaram.
Mãos que agora se entrelaçam
como se assim impedissem
o momento de ir.
Como se segurassem
um renovado existir.
domingo, 3 de março de 2013
O Bruto Concreto da Periféria
Há tanto concreto bruto
que nem o som alto
nos velhos carros
consegue abafar os ruídos
dessa pegajosa miséria marrom.
Tão poucos são os jardins,
tão poucas são as estrelas
e são tantas as ruas estreitas,
as vidas estreitas,
que nem sempre se cobre a cicatriz
de quem vive por um triz.
Na ponta de uma escada sem fim
uma moça de poucos dentes
e exagerado vermelho batom
chora a banalidade de outro abandono
e a vulgaridade da miséria de sempre.
Um jovem de pele manchada,
de dedos tatuados e cabelos alourados
ajeita o capuz de tecido ordinário.
Outros iguais repetem frases feitas
e lugares-comuns num arremedo de música,
enquanto sonham periféricas soluções,
mágicas poções e redentoras rebeliões.
Num canto da viela que sobe,
um homem traja um terno indevido.
Ao lado, uma mulher de longos cabelos
acompanha-lhe na melopeia dos versículos
que não leram, tampouco entenderam.
Alguém os insulta. Outrem os reverencia.
Indiferentes, seguem resolutos esse caminho
de Calvários compartilhados.
O trem de Morato apita na curva,
mas não espanta os "nóias".
Carrega marmitas
e os homens
que as consomem.
Carrega bolsas, meias-calças
e uns sonhos que sobraram.
Anda e sacoleja no trilho de sempre.
Na vida de sempre.
O lúcido bêbado louco
proclama o Fim dos Tempos
e a inutilidade do Poeta Simbolista,
pois eis que os Anjos lhe contaram
que o esplendor de uma samambaia
não mais viria despejar a verde esperança
na árida nudez
das paredes desiludidas...
sábado, 2 de março de 2013
Blues
O homem negro insiste com o trompete.
A branca mulher geme em falsete.
Espalha-se o "blues"
em leves acordes azuis.
A branca mulher geme em falsete.
Espalha-se o "blues"
em leves acordes azuis.
Balança um copo solitário
na mão do homem vazio.
Alguém se queixa de frio,
da solidão e do próprio desvario.
na mão do homem vazio.
Alguém se queixa de frio,
da solidão e do próprio desvario.
Um sax chega aos sustenidos.
A mulher retoma os gemidos
e sonha desejos proibidos.
A mulher retoma os gemidos
e sonha desejos proibidos.
Sente-se o visco do mormaço,
a angústia por tanto espaço
e o simples desejo de um só abraço.
a angústia por tanto espaço
e o simples desejo de um só abraço.
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