quinta-feira, 14 de março de 2013

Drama e Intensidade

O drama e a intensidade de um puro amor marginal
explode em bofetões na mesa ao lado.
Exilados em qualquer botequim da Boca do Lixo,
personagens vestem essa noite de pré Outono
que a garoa fria anuncia nos corpos seminus.

São figuras que rodam pelas páginas desse folhetim
sem que exista algum Thiago de Melo* para cantar
a crua beleza do instante que se cristaliza em vermelho.

Choram os olhos da moça traída
pela má sorte e pela má vida.
Úmidos, assistem o amado seguir
a puta que não deveria existir.
Eram olhos que acreditavam que os Destinos se alteram.
Paixão, ódio e amor escorrem junto ao rímel.
Pranto miúdo, abafado.
Desses, que quase não se percebe
e do qual logo se esquece,
pois basta um violão e um instante
para que a dor que bebe comigo,
reviva a saudade da Musa Amada.
Reviva a inutilidade e o despropósito
de quando a vida é só depósito.

No fim, no palco, um poeta mambembe declama versos desconexos.
Sei-me livro a recolher os escritos do Mundo.
E a sonhar o dourado
que só se avista nos Poentes de Florença.


                         

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