domingo, 31 de março de 2013

Cantos Findos


As águas do São Francisco
já não molham o areal.
Cessou o canto das lavadeiras
e a reza das benzedeiras.
Os pescadores emudeceram
e são inúteis os labores,
as mandingas e os tambores.
o Rio é quietude
e só prenúncio de ataúde.

Estão silenciadas as Árias
e todos os Cantares são párias.
Quebraram-se as penas
e exilaram-se os temas.

A melancolia do cinza invade a cidade
e o grafite só cobre a metade.
As sortes foram lançadas
e as taças foram tombadas.

O arame da gaiola
prende o canto do passarinho.
O Canto de liberdade
morre no próprio ninho.

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