segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Voar


Por que eu deveria deixar de me iludir?
Que linha traça essa linha hamletiana
de Ser ou Não Ser?

Eu quero os holofotes coloridos dos sonhos
e as lantejoulas brilhantes da pura inconsequência.
Recuso-te árida realidade dos homens tristes.
Recuso-te angústia dos limites férreos de 
inúteis esquemas e fascistas sistemas.

Que eu seja Zaratustra e niztschianamente vença
as alturas dos arames e paire sobre as agruras,
pois nasci nas Montanhas e o vento canta comigo.

Venha sim, Papillon, pois em ti brilha
a grandeza de toda cor.

Voe comigo, pois eis que
existir é maior que o abismo
e somos deuses
com vontade de viver...

                             

                                     Para Papillon

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Toques


É preciso fazer amor
como se escreve um poema,
pois há em cada toque, em cada carícia
a soma de todos os versos.

Para Papillon



Produção e divulgação de Vera L. M. Teragosa.
Lettre la Art et la Culture

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Rostos e Livros



- Pomba! Se não fosse nada, por que tu apagou (sic) tão rápido?
- Viu! Teve vinte (20) curtidas e eu nem quero ter tantos amigos...
- E teve sete (7) comentários está vendo?

Não é uma imagem difícil de ser pensada: noite de lua cheia, uma fogueira, a caça abatida sobre as brasas, crianças correndo, homens olhando as mulheres alheias, mulheres flertando com homens alheios, desejos sem disfarces, iras descontroladas, um golpe aqui, outro acolá, maledicências, picuinhas, invejas, rancores e o resto do pacote que formata a estranha espécie dos “bípedes sem plumas”. Ali, a “proto-praça”. Sem coreto, porque a música ainda não existia. E sem igreja, porque deus ainda não havia sido inventado.
Mas como o “bípede” não parou de fingir que evoluía, logo a “proto-praça” perdeu a sua “Face” primitiva e ganhou os primeiros “Books”, nas intelectualmente sofisticadas ágoras helênicas, já com coretos de música Orfeônicas e belos templos para os estilizados deuses, que há pouco haviam sido inventados. Belíssimas ágoras, onde se praticava a maledicência, a inveja, os rancores, as hipocrisias (pois já não era de bom-tom ser sincero), os flertes, as traições e o restante do pacote que caracteriza a espécie dos “bípedes sem plumas”.
Mas tão previsível como o nascer do Sol, digo Apolo, são as crises que acompanham a espécie e, então, por medida de economia, os próprios deuses foram reduzidos a apenas um (com três Faces, diga-se). Crise e sombra da Idade Média que custaram a passar, mas que passaram e, então, os “bípedes sem plumas” ergueram “As Praças das Armas”, sem coreto, mas com grandes Catedrais, pois embora tivesse sido reduzido a apenas um, o deus restante aumentara exponencialmente de tamanho. E foi em Seu nome que arderam as Sagradas Fogueiras das Santas Inquisições, enquanto os membros da espécie praticavam a maledicência, os rancores, as traições, os flertes e o restante do pacote, (devidamente regulamentado pelas Santas Leis Eclesiásticas – compiladas em único Book) que formata a essência dos estranhos “Bípedes”.
Verdade, que no fim, alguns atrevidos ousaram concorrer com as Sacras Chamas que alimentavam o fogo do Índex ao qual se lançavam as palavras nefastas e criaram o Movimento (Opa, olha aí Rio de Janeiro)Iluminista, pois acreditavam que as “Luzes da Razão” iluminariam os bípedes – kkkkkkkk. Também foram para a Fogueira Santa, kkkkkkkk.
Mas, como se sabe, as palavras são perigosas mesmo e o diabo (Ops! M. não quer que eu diga diabo) é que as danadas acabaram revelando o seu perigo e os bípedes aprimoraram o seu simulacro de evolução. Principalmente, em sua capacidade de se matarem mutuamente. Porém, enquanto não estavam cumprindo a nobre tarefa de exterminar outrem em nome de Deus, do Rei e doutras besteiras, os bípedes frequentavam a praças e, nelas, praticavam as hipocrisias, as falsas religiosidades, as traiçoeiras inimizades e o restante do pacote dos “bípedes sem plumas”, mas, agora, fardados, penteados, maquiados e, especialmente, fantasiados de ricos, poderosos, importantes, sexy etc.
O diabo (Ops, o Inimigo) é que as fardas e as novas capacidades letais, da soberana civilização dos bípedes causou tanta morte, horror e tristeza(Ops, depressão), que aos pobres coitados restou um medo crônico que, ao cabo, levou-os a não irem mais à Praça.
O diabo (Ops, o Destruidor) é que sem a praça, onde o pobre bípede poderia praticar a maledicência, a hipocrisia, a mentira, a ostentação, e o restante do pacote que desde “a noite dos tempos” caracteriza a sua espécie?

- Ora, então que não houvesse mais essas práticas nefandas...
- Mas como, Doutor, isso seria possível, se essa é a sua essência?
- Sim! Caramba! E agora?
- Então, eu ouvi dizer que um rapaz do “Grande Irmão do Norte” inventou um tipo de Praça que dispensa a nossa presença física, mas preserva a nossa essência...
- E como se chama essa nova Praça?
- Eu acho que é algo como “Rostos e Livros”, mas não sei se posso traduzir “Facebook” dessa maneira...
- Também não sei. E, na verdade, nem consigo entender o que quer dizer “Livros”...




Lettre la Art et la Culture
Enviado por Lettre la Art et la Culture em 18/02/2016
Alterado em 18/02/2016

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Nova Enseada


Sem aviso, sem alarde
e tão mansa quanto esse fim de tarde,
eis que é chegada
a nova Musa da Enseada.

Ruivas curvas a mostrarem 
que apesar dos hiatos existirem
e de antigas lembranças insistirem,
o amor se refaz
em cada verso
que o vento traz.



Produção e divulgação de Vera Lucia. M. Teragosa.
Lettre la Art et la Culture
Enviado por Lettre la Art et la Culture em 17/02/2016

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O Voo de Papillon



Porque voa Papillon, sente-se
o delírio dos amores insensatos,
o gozo dos carinhos abstratos,
a metamorfose dos antigos fatos
e as cores dos novos atos.

E porque voa Papillon, sabe-se
que da neve derretida
ressurge o tempo de outra vida.


Produção e divulgação de Vera L. M. Teragosa