sábado, 29 de junho de 2013

Flores de Pessegueiro


Os pêssegos de Setembro antecipam a sua doçura
no perfume de cada flor beijada por um colibri.
Por isso eu sei de tua chegada
quando súbitas Primaveras afastam o duro Inverno.

Sei-te, em breve, quando algum Arco-Íris
colore a vida que ainda há pouco,
escrevia-se em negro nanquim
sem rimar com qualquer outro sim.

Sei-te perto,
quando sinto o peito aberto
e pressinto
um novo delírio de absinto. 



Produção de TAÍS ALBUQUERQUE, desde o Rio de Janeiro no Outono de 2013.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

IVAN PAVLOV - Psicologia Moderna e Contemporânea.




IVAN PAVLOV
1849 – 1936

Pavlov é comumente citado para explicar certos comportamentos humanos e animais. E nesse último caso para dar suporte a alguns métodos de adestramento. Mas como é comum nessas situações, uma série de incorreções acontece sob a proteção de seu nome para justificar atitudes e métodos inadequados. Assim sendo, cremos ser oportuno adentrarmos mais profundamente em seus estudos para dirimir algumas incorreções.

Notas Biográficas

Primogênito de um pastor, IVAN nasceu em uma pequena cidade russa, mas ao contrário de seguir a carreira do pai como seria esperável, ele logo deixou seus estudos no Seminário local e transferiu-se para São Petersburgo, onde estudou “Ciências Naturais”.

Formou-se em 1875 e matriculou-se na Academia de Cirurgia Médica onde recebeu o titulo de Doutor e onde trabalhou posteriormente. Em 1890, tornou-se Professor da Academia Médica Militar e Diretor do Departamento de Psicologia do Instituto de Medicina Experimental e, ali, realizou sua célebre investigação sobre a salivação dos cães, cujo reconhecimento mais expressivo foi o Prêmio Nobel que recebeu em 1904.

Em 1925 aposentou-se, mas prosseguiu seus estudos e experimentos até que a morte o alcançou em 1936, em decorrência de uma pneumonia.

O Ideário

Várias teses fundamentais que surgiram no inicio da Psicologia, logo após seu desgarramento da Filosofia Clássica, tiveram sua origem em outras Ciências. E dentre estes, destacam-se os experimentos do fisiologista PAVLOV, cujas pesquisas acerca da salivação dos cães durante a digestão, levaram a uma das teorias mais importantes na área da Psicologia, de maneira totalmente inesperada.

Durante a década de 1890, o sábio russo fez uma série de estudos em cães, utilizando dispositivos implantados cirurgicamente nos mesmos, com a intenção de mensurar a quantidade de saliva que os animais produziam quando eram alimentados.

Certo dia, por um insight genial, ele percebeu que o processo salivar ocorria não só enquanto os bichos comiam, mas já se manifestavam quando eles apenas sentiam o cheiro da comida, ou quando a enxergavam. Salivavam inclusive ao pressentirem a chegada de seus tratadores.

Foi o que lhe bastou para iniciar outra investigação. Aquela, relativa às conexões existentes entre os Estímulos e as respectivas Respostas.

Em uma das mesmas, ele acionou um metrônomo antes de oferecer comida aos animais e repetiu o procedimento até os cães associarem aquele som com a refeição. O resultado do condicionamento foi à constatação óbvia de que os cães salivavam ao simples toque do metrônomo. Depois, PAVLOV substituiu o aparelho por uma campanhia, por uma luz piscando e por diferentes apitos. E em todos os casos, o resultado foi idêntico. Não importava qual estimulo fosse usado, o resultado era sempre o mesmo. A associação estava estabelecida e comprovada.

PAVLOV concluiu então que a comida, em si, era apenas um Estímulo Incondicionado (E-I), natural. Era um estimulo natural que ocasionava um reflexo também natural, ou seja, que não fora aprendido. Afinal a salivação era fisiologicamente necessariamente para digerir o bolo alimentar. Uma função natural do corpo, do organismo.

Porém, os sons emitidos pelo manômetro, apitos, campanhias etc. só tornavam a salivação um estímulo, porque o cão aprendeu que o barulho antecedia à comida e, então sim, acontecia um Estímulo Condicionado (E-C). E essa salivação provocada pelos estímulos recebeu o nome de Reflexo Condicionado (R-C).

Na sequência dos estudos, PAVLOV observou que esse aprendizado, ou Reflexo Condicionado poderia ser desaprendido, ou reprimido, bastando que a comida deixasse de ser servida após soarem os sons durante várias ocasiões. E observou, também, que um RC poderia ser induzido através de várias outras manobras físicas e/ou mentais e para isso ele chegou até a utilizar meios cruéis, como a provocação de dor, de medo, ou ameaças diversas. Práticas que provocavam o Reflexo Condicionado por medo e angústia.

NOTA do AUTOR – infelizmente este é o método utilizado ainda hoje por domadores e amestradores de animais. Tais indivíduos submetem os bichos com as várias técnicas cruéis que foram engendradas pelo sadismo humano e com isso obtém a Resposta que esperam daquelas criaturas. Geralmente, ao serem questionados sobre a crueldade de seus métodos, evocam o nome de PAVLOV e alegam que utilizam de “meios científicos” em seu trabalho, imaginando com isso que a Ciência possa isentá-los das maldades que praticam. Contudo, ressalva-se por justiça, que alguns poucos, descobriram outras formas de se lidar com os animais e utilizam meios humanitários e decentes para fazê-lo.

Atualmente o principio descoberto por PAVLOV é chamado de “Condicionamento Clássico ou Pavloviano”, ou “Método Experimental de Pavlov” e não obstante o mau uso que alguns fazem do mesmo, é inegável que seu trabalho foi um marco revolucionário que contribuiu para consolidar a Psicologia como uma Disciplina autônoma, associada diretamente à Ciência e não mais à Filosofia tradicional.

Sua obra influenciou fortemente os Psicólogos Behavioristas, sobretudo os estadunidenses JOHN B. WATSON e B. F. SKINNER e fez com que seu nome ficasse gravado como um dos maiores eruditos da contemporaneidade.

As Obras de PAVLOV

1.      Lições sobre o trabalho das principais glândulas digestivas, de 1897.
2.      Lectures On Conditioned Reflexes, de 1928.
3.      Conditioned Reflexes and Psychiatry.

Produção de TAÍS ALBUQUERQUE, desde Vitória ES, no Outono de 2013.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Jasmim do Oriente



Porque há no teu sorriso branco
a sutileza desprendida das cerejeiras
e o voo de gueixas em sedas coloridas,
eu te sei a suavidade das porcelanas floridas.

Porque há o toque gentil de tuas mãos repletas de carícias
e a negra e suave noite que desliza nos teus longos cabelos
eu sinto o perfume das chegadas e o conforto das horas paradas.

E porque eu vejo os cristais que lhe adornam os seios
e antecipo o veludo de tua pele, vestida da mais pura nudez,
eu sei, que entre novos origamis, a vida se refez.



Produção de TAÍS ALBUQUERQUE, desde Vitória ES, no Outono de 2013.

domingo, 23 de junho de 2013

Psicanálise Freudiana e suas variações - Psicologia Moderna e Contemporânea


PSICANÁLISE FREUDIANA e SUAS VARIAÇÕES.
O Comportamento e o Inconsciente

Como vimos anteriormente, a Teoria do Comportamento, ou Behaviorismo dominou o cenário estadunidense por quase meio século, graças ao seu apego anterior às filosofias que fossem ligadas às questões práticas. É uma idiossincrasia daquele povo, pode-se dizer.

O fato é que tanto quanto o PRAGMATISMO, o Behaviorismo oferecia-lhes elementos que poderiam ser classificados como “concretos” e “objetivos”. Bem ao gosto do estadunidense médio que não se afeiçoa com as sutilezas da abstração.

Porém, do outro lado do Atlântico, no inicio do século XX, os Psicólogos europeus já seguiam uma nova trilha, principalmente em razão do trabalho desenvolvido por SIGMUND FREUD, cujas teses privilegiavam as doenças da Mente, chamadas de Psicopatologias, e o tratamento terapêutico das mesmas.

Uma visão totalmente oposta ao Behaviorismo, que centralizava suas atenções nos chamados “Reflexos Condicionados”, ou seja, na conexão existente entre os estímulos e as respectivas respostas que ocasionavam. Um conjunto que criava padrões de comportamento, sem dar atenção à questão da Saúde Mental do indivíduo.

A Teoria Freudiana, por sua vez, desdenhava os “Reflexos Condicionados” e os demais elementos de sua antecessora e baseava a sua linha de trabalho na observação e na historia de cada caso individualmente, desprezando “evidências experimentais generalizantes”.

Tendo trabalhado com o célebre neurologista JEAN MARTIN CHARCOT, Freud foi bastante influenciado pelo método de hipnose* que o francês utilizava para tratar os casos de histeria. E foi graças a essas observações, que ele se deu conta da enorme importância do Inconsciente* como determinador do comportamento do indivíduo.

NOTA do AUTORHipnose – a indução a um estado passageiro em que o paciente fica como se estivesse em transe. Geralmente só é possível de ser aplicado em pessoas que são altamente sugestionáveis.

NOTA do AUTORInconsciente – ou Subconsciente, segundo a Psicanálise é a parte da Psique que armazena as experiências vividas, as emoções sentidas etc. e que regula, ao cabo, a personalidade e o comportamento de cada sujeito. A ela, o Consciente, o lado racional, não tem acesso, sendo necessário todo um tratamento especifico para sondar-lhe o conteúdo e descobrir no mesmo as causas de eventuais problemas que perturbem o paciente.

Freud acreditava que se pudesse acessar o Inconsciente através de diálogos com seus pacientes, poderia desenterrar “memórias dolorosas” escondidas e trazê-las para o campo do Consciente, onde ele e o enfermo poderiam compreender racionalmente o processo e num procedimento similar ao de uma desinfecção cirúrgica, extirpá-las, extinguindo assim a causa e o sofrimento da patologia. Ou, no mínimo, proporcionando algum alivio nos sintomas.

Com isso, pode-se dizer que Freud individualizou a Psicologia, mudando o seu foco do grupo, para o indivíduo; tornando-a um instrumento curativo e não só uma ferramenta usada para se estudar o Comportamento.

Essa nova visão, contrariando a “regra” de que as grandes ideias só são reconhecidas e reverenciadas a posteriori, logo encantou outros eruditos da Europa e não demorou em também desembarcar com êxito nos EUA.

Em Viena, capital da Áustria, um grupo de importantes pesquisadores juntou-se a Freud na recém-criada “Sociedade Psicanalítica”. Nela, destacavam-se ALFRED ADLER, CARL JUNG, MELAINE KLEIN e KAREN HORNEY.

Porém, com o correr do tempo, esse famosos Psicólogos, e mais alguns outros, afastaram-se da Teoria Freudiana por divergências pontuais e especificas e, com isso, abriram novos caminhos. Contudo, porque as divergências eram apenas pontuais, o cerne da Doutrina de Freud, a importância soberana do Inconsciente, nunca foi rejeitado por nenhum deles.

Dentre essas divergências pontuais, pode-se destacar a de JUNG que substituiu o conceito de arquétipos e introduziu a concepção de “Inconsciente Coletivo*”. Ou, então, a de ERIK ERIKSON que seguiu um caminho mais voltado aos aspectos Social e Desenvolvimentista.

NOTA do AUTOR – Inconsciente Coletivo, segundo JUNG é o nível mais profundo da Psique. É onde estão contidas as estruturas psíquicas que o indivíduo herda da Coletividade e que são expressas ou representadas pelos arquétipos.

E essas novas concepções foram se solidificando (e com isso, solidificando também a ideia original) até que a Psicanálise, durante a primeira metade do século XX, assentou-se como a principal alternativa ao Behaviorismo, sobretudo na França onde despontava JACQUES LACAN e seus seguidores.

Porém, após o fim da Segunda Guerra Mundial, já na década de 1950, essa primazia começou a soçobrar graças ao surgimento de outras formas de terapia, ou tratamento, que começaram a ser utilizadas em conjunto com a teoria freudiana clássica.

Em comum, todas essas formas buscavam essencialmente trazer mudanças reais, concretas às vidas dos pacientes, como, por exemplo, a linha batizada de GESTALT, liderada por FRITZ e LAURA PERLS, em conjunto com PAUL GOODMAN, que utilizavam uma visão eclética sobre todas as questões, fazendo com que sua abordagem abrangesse todos os aspectos do paciente.

Por outro lado, a Filosofia Existencialista (que tem em SARTRE seu representante mais conhecido) inspirou alguns Psicanalistas como VIKTOR FRANKL e ERICH FROMM que deram à terapia um aspecto mais associado às questões sociais e políticas.

É importante também destacar um grupo de Psicanalistas, como ABRAHAM MASLOW, CARL ROGERS e ROLLO MAY, que buscaram uma abordagem mais Humanista* e realizaram uma série de encontros nos EUA, em fins da década de 1950, de onde surgiu o primeiro arcabouço de uma “Associação” que passou a ser conhecida como a “Terceira Força”.

A principal tarefa dessa Associação era estudar temas e assuntos como a autorrealizaçao, criatividade e liberdade individual, dentre outros de teor similar. Além dessas investigações, o grupo se dedicava a convencer à Sociedade que a Saúde Mental, ou Psicológica, era tão importante quanto o tratamento dos distúrbios Psiquiátricos.

NOTA do AUTORHumanista, ou Humanismo – vale recordar que o termo Humanismo NÃO é sinônimo de generosidade, de bondade. É o titulo de um Sistema Filosófico que tem como objetivo colocar o homem como o centro do Universo. Sendo assim, no presente caso, a abordagem “humanista” da Associação consistia em colocar o homem, o paciente, como o alvo preferencial de todos os cuidados. Que a sua Saúde Mental era, de fato, sumamente importante.

Dessa forma, ainda que se visse fragmentada em algumas correntes divergentes, a Psicanálise navegava quase soberana, sofrendo concorrência apenas da chamada “Psicologia Cognitiva”, que veremos a seguir.



PSICOLOGIA COGNITIVA

A Psicologia Cognitiva censurava na Psicanálise a carência de evidências objetivas, tanto em relação às suas teorias, quanto em relação à sua eficiência como tratamento.

E, com efeito, ela produziu teorias que tiveram o aval da Ciência Clássica e, posteriormente, as terapêuticas que propôs foram clinicamente comprovadas como efetivas.

Desse modo, tirou da Disciplina a sua aura de abstração e a trouxe para a realidade concreta do cotidiano.

Psicoterapia Cognitiva

Como já se disse, os adotantes dessa tendência rejeitaram A Psicanálise Freudiana e às suas variações por considera-la “não cientifica” e baseada em teorias impossíveis de comprovação.

PAUL WATZLAWICK, por exemplo, questionou um dos conceitos básicos da analise freudiana, ou seja: a tese da “lembrança reprimida”. Outra estudiosa, ELIZABETH LOFTUS, comprovou que nenhuma espécie de memória ou lembrança podia ser plenamente confiável. Em contrapartida, Psicologia Cognitiva ofertava terapias baseadas em evidencias reais, demonstráveis, racionais, como no caso da “Teoria Racional Emotivo Comportamental  (TREC)” desenvolvida por ALBERT ELLIS. Ou, então, a “Teoria Cognitiva” de AARON BECK.

Contudo, a ênfase que SIGMUND FREUD havia dado ao desenvolvimento infantil e a historia pessoal continuou a ter grande influencia sobre a Psicologia desenvolvimentista e social e foi assim que no final do Século XX alguns Psicoterapeutas como GUY CORNEAU, VIRGINIA SATIR e DONALD WINNICOTT voltaram suas atenções para o ambiente familiar*; ao passo que outros como TIMOTHY LEARY e DOROTHY ROWE, concentraram-se nas pressões* que o meio social exerce sobre o individuo.

NOTA do AUTOR – de certa forma, esses Psicanalistas utilizaram-se, ainda que de forma obliqua, algumas premissas da GESTALTICA ao considerarem o sujeito inserido em um Todo, o quê alteraria a sua Psique

Contudo, como se pôde ver, apesar de pontos divergentes, as ideias básicas de Freud alicerçaram todo o edifício que abriga a Psicanálise.

Inobstante o fato de ter sido questionada com frequência ao longo do tempo, a Psicanálise Freudiana foi a fonte de onde desaguou a Terapia Cognitiva e a Terapia Humanista, das quais resultaram avanços efetivos no tratamento da saúde mental.

A própria popularização de alguns conceitos utilizados pelo célebre austríaco, tais como “Inconscientes”, “Impulso”, “Comportamento” etc. comprova que ele conseguiu trazer a disciplina do terreno abstrato e acadêmico para a realidade concreta do cotidiano do cidadão médio. Por isso, seu nome insere-se no rol dos grandes gênios que a humanidade produziu.


Produção de TAÍS ALBUQUERQUE - desde o Rio de Janeiro, no Outono de 2013

sábado, 22 de junho de 2013

Behaviorismo - Psicologia Moderna e Contemporânea




BEHAVIORISMO
As Respostas ao Ambiente
Um ano antes da 1ª Guerra Mundial veio à luz a obra de JOHN B. WATSON (Foto acima) intitulada de “Psychology as The Behaviourist Views it” que com o tempo viria a se tornar o “Manifesto Informal dos BEHAVIORISTAS”.
Mas o que vem a ser exatamente essa corrente de estudos sobre a Psique humana?

Nesse Ensaio, pretendemos responder sucintamente a essa questão tanto pela própria importância do tema, quanto pelo fato de ser o mesmo o contraponto que ensejou o aparecimento da Psicanálise Freudiana e suas variações, que serão tratadas adiante.

BEHAVIORISMO (BEHAVIOUR) é um termo inglês que pode ser traduzido como “Comportamento”, ou “Conduta”.

Já em 1872, CHARLES DARWIN, argumentava em sua obra “A expressão das emoções no homem e nos animais” que o Comportamento é uma adaptação evolucionária e desde época até a década de 1890, os estudos  avançaram continuamente até que, enfim, conseguiu-se separar essa nova Disciplina sobre o homem, da Filosofia Tradicional.

Estava colocada e independente a PSICOLOGIA, que viria a se tornar uma das mais importantes ciências no contexto humano.

Já então consolidada, Laboratórios e Departamentos foram criados nas Universidades europeias e estadunidenses e logo despontava uma primeira geração de estudiosos da matéria, os chamados Psicólogos (as).

Nos EUA, esses profissionais logo demonstraram seu desejo de assentar a nova Disciplina em uma base objetiva, concreta e científica, em oposição ao que consideravam como abstração supérflua da abordagem filosófica e introspectiva que os Psicólogos do Velho Mundo continuavam a fazer, como, por exemplo, WILLIAN JAMES, dentre outros.

Provavelmente assim agiram talvez ainda influenciados pelo POSITIVISMO MATERIALISTA de suas  tendências filosóficas preferidas como o PRAGMATISMO, o UTILITARISMO etc.

Consideravam que essa introspecção era naturalmente subjetiva (ie. Individual, pessoal) e que as teorias que propunham não poderiam ser confirmadas, tampouco refutadas. Proclamavam que se a Psicologia desejasse ser incluída no rol das Ciências Clássicas e Tradicionais, que lhe adotasse os métodos e as regras.

Deveria, pois, seguir os protocolos que orientam as mesmas. Deveriam se basear em fenômenos (ie. Acontecimentos, fatos, etc.) que fosse observáveis e mensuráveis (ou seja, que pudessem ser medidos, estudados, analisados concretamente). E para que isso ocorresse efetivamente, a solução seria estudar os PROCESSOS MENTAIS (ou seja, como, quando, porque e de que forma ocorriam os pensamentos e os sentimentos) que geravam os respectivos atos associados.

Estudar, enfim, o “Comportamento” decorrente dos “Processos Mentais”, seguindo os padrões da Ciência já estabelecida e dentro dos parâmetros laboratoriais, em condições controladas etc.

A esse respeito, JOHN B. WATSON escreveu que a “Psicologia é aquela parte da ‘Ciência Natural’ cujo tema de interesse é o Comportamento Humano. O que homem diz, o que o indivíduo faz, o que aprende, o que não consegue apreender etc.”.

Tal declaração, para alguns, serviu como o ESTATUTO de CRIAÇAO de uma nova Disciplina, o BEHAVIORISMO.

Ivan Pavlov

Os estudos feitos pelos Psicólogos estadunidenses foram diretamente influenciados pelos experimentos similares que já vinham sendo realizados por fisiologista interessados em desvendar os processos físicos envolvidos no ato de pensar.

Nesse ponto é oportuno relembrar que a Psicologia já era tratada, embora informalmente, pelos grandes escritores europeus, particularmente os franceses e russos.

Homens como Guy de Maupassant, Balzac, Zola e, principalmente, Dostoiévski dissecavam a alma (ou o Inconsciente) de suas personagens de maneira esplêndida em suas obras e por isso não causa estranheza que o fisiologista a quem os estadunidenses recorreram tenha sido um europeu. Mais precisamente o russo IVAN PAVLOV, que herdara da soberba cultura europeia a semente para esses estudos.

Pode-se afirmar, aliás, que foi PAVLOV quem abriu (talvez involuntariamente) as portas para a incipiente PSICOLOGIA BEHAVIORISTA.

Ainda hoje é famosa a sua experiência sobre a salivação dos cães. Nela, ele descreve como um animal (que à época era considerado puramente irracional e desprovido de outro tipo de racionalidade e de sentimentos) responde a um estímulo, desde que tenha sido condicionado (ou treinado) para isso.

Estava posta, dessa forma, o germe primário da tese central do Behaviorismo, enquanto Corrente Psicológica.

A Ideia do condicionamento, que frequentemente também é chamada de "estímulo-resposta (E-R)", delineou o futuro arcabouço da modalidade e a abordagem Behaviorista caracterizou-se pelo estudo das repostas dadas a estímulos externos que o individuo recebia das mais variadas maneiras.

Desconsideravam-se quaisquer outros "Estados" ou "Processos Mentais" que pudessem existir na mente do individuo analisado, pois se considerava que estes seriam inacessíveis a qualquer estudo científico e que, portanto, não poderiam ser incluídos em nenhuma análise comportamental.

Acreditava-se que tudo que existisse na Psique humana teria sido importado do Mundo exterior, nada havendo de inato no sujeito.

NOTA do AUTOR - talvez um resquício da antiga concepção filosófica que, desde Berkeley, Hume e outros, afirmava que a alma (ou o Inconsciente) seria uma "folha em branco" a ser preenchida pelas experiências que o homem fosse colhendo no correr da vida.

Essa maneira de pensar ganhou o status de "Revolucionário" e nos EUA, que à ocasião lideravam o campo da Psicologia, o Behaviorismo consolidou a sua hegemonia e esse tipo de abordagem predominou por cerca de quatro décadas.

Nesse tempo, desenvolvendo a ideia do "Condicionamento Clássico ou Pavloviano", JAMES WATSON insistiu que o comportamento é determinado ou forjado apenas pelos estímulos exteriores ou ambientais, os quais afetam diretamente os indivíduos. Que outros fatores, inatos, genéticos, herdados, não teriam a mínima influencia no processo.

E essa concepção continuou a ganhar força com a geração posterior de Psicólogos, dentre os quais despontava B. F. SKINNER (chamado de behaviorista radical) que chegou a propor uma reforma no conceito "Estímulo Resposta" em sua teoria chamada de "Conceito Operante".

Segundo o mesmo, o comportamento também seria moldado por "consequências" e não só pelos "estimulo precedentes".

Essa tese de SKINNER trazia algumas semelhanças com a de JAMES WATSON, mas trazia também uma reviravolta importante na Psicologia, pois a partir dela, os fatores genéticos passaram a ser considerados para explicar alguns "Estados Mentais" como resultantes (ou como consequências) de determinada herança genética e não mais como simples causa, ou motivo, para certo tipo de comportamento.

A partir daí, as "Causas" para certos Comportamentos poderiam ser explicadas (e talvez atenuadas em casos de desvios sociais) pelo fato de serem originárias de uma carga inata. O predomínio absoluto das "Influencias Exteriores" começou a ruir.

Em meados do século XX, essa primeira fissura na hegemonia do behaviorismo aprofundou-se e alguns Psicólogos começaram a questionar com mais ênfase a "Teoria do Comportamento".

Teve papel de destaque nesses questionamentos a chamada ETOLOGIA, ou seja, a Ciência que demonstrava nos estudos do comportamento animal que o instinto era tão importante, quanto àquilo que fora aprendido. Verificou-se, por exemplo, que um filhote de leão sabia instintivamente como sufocar uma presa, sem que isso tivesse sido ensinado pela mãe.

E se isso acontecia entre animais, não se demorou a concluir que o mesmo acontecia entre os humanos. Foi, com efeito, uma descoberta que ao não se encaixar nas antigas ideias do "Condicionamento" abriu a possibilidade para que se questionassem as teorias de SKINNER, dentre a de outros ortodoxos.

Deflagrou-se a chamada REVOLUÇÃO COGNITIVA (cognição = aprendizado) que voltou a enfatizar a Mente e os "Processos Mentais (ou seja, como os pensamentos surgem, desenvolvem-se etc.)", libertando a Psicologia das amarras do "Comportamento Condicionado".

Destacou-se, nesse novo posicionamento, o estudioso behaviorista EDWARD TOLMAN, cujas teorias já consideravam a importância da Percepção e da Cognição (ie, do perceber e do aprender), graças ao seu interesse pela Corrente Psicológica chamada de GESTALT*, desenvolvida, principalmente, na Alemanha.

Outro behaviorista, KARL LASHLEY, explorou com êxito a Neurociência e com isso priorizou o cérebro (enquanto órgão físico, fisiológico) e o seu funcionamento. Com isso, ele acabou renegando sua antiga inclinação pela "Teoria do Comportamento".

No geral, já se tornava patente o esgotamento da abordagem behaviorista. Tanto quanto a convicção que o seu limite já havia sido atingido. Com isso, surgiram diversas tendências que apesar de suas idiossincrasias tinham a PSICOLOGIA COGNITIVA como elo comum.

Todavia, há o consenso, de que a herança behaviorista não pode ser desprezada. É um legado importante e tudo indica que terá vida longa, sobretudo por ter estabelecido uma metodologia cientifica à Disciplina e pelo fornecimento de modelos apropriados à utilização com conjunto com outras técnicas em experiências sobre o tema. E por fazer parte essencial no tratamento denominado de TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL.

No próximo Ensaio trataremos da Psicologia Cognitiva, juntamente com a Psicanálise Freudiana.



Rio de Janeiro, 22 de junho de 2013.


Produção de TAÍS ALBUQUERQUE, desde o Rio de Janeiro, no Outono brasileiro.