sexta-feira, 7 de junho de 2013

O Poeta de Moçambique (republicado a pedidos)

Tento ler o poeta de Moçambique,
mas a moça não me permite...

Sem que eu lhe peça fala de seu chilique,
de seu último trambique,
da cachaça do novo alambique
e vocifera para que eu não me arrisque
ir além da cerca de pau a pique.
E diz que como está, que tudo fique
que nada se modifique,
pois, senão virão os guerreiros,
os bandos de arqueiros,
de jovens baderneiros e trágicos bandoleiros.


e tudo mais que causa desgosto,
ainda que pressuposto.
Principalmente nesse mês oposto,
em que a água é inútil para limpar o rosto.


Que eu estou marcado, que estou maculado,
que insisto em viver errado.
Que sou um velho celerado, um canceroso declarado,
prestes a ser enterrado.

São essas as noites trágicas,
de vazantes hemorrágicas
e de mulheres verborrágicas.

Mas e se fossem noites mágicas?
Então eu conversaria com o poeta de Moçambique
e recordaríamos as nossas trajetórias,
as nossas similares histórias
e o que mais nos chegasse às memórias.

E então, nem trágica nem mágica.
Seria só a noite de lembrar
cada qual do seu lugar.
Cada um, do seu lar.


Em homenagem ao Poeta moçambicano Mpiosso-ye-Kongo (na foto acima)


DIGITADO E MONTADO  POR TAÍS ALBUQUERQUE, de Campos, Norte Fluminense.

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