IVAN PAVLOV
1849 – 1936
Pavlov
é comumente citado para explicar certos comportamentos humanos e animais. E nesse
último caso para dar suporte a alguns métodos de adestramento. Mas como é comum
nessas situações, uma série de incorreções acontece sob a proteção de seu nome
para justificar atitudes e métodos inadequados. Assim sendo, cremos ser
oportuno adentrarmos mais profundamente em seus estudos para dirimir algumas incorreções.
Notas Biográficas
Primogênito
de um pastor, IVAN nasceu em uma pequena cidade russa, mas ao contrário de
seguir a carreira do pai como seria esperável, ele logo deixou seus estudos no Seminário
local e transferiu-se para São Petersburgo, onde estudou “Ciências Naturais”.
Formou-se
em 1875 e matriculou-se na Academia de Cirurgia Médica onde recebeu o titulo de
Doutor e onde trabalhou posteriormente. Em 1890, tornou-se Professor da Academia
Médica Militar e Diretor do Departamento de Psicologia do Instituto de Medicina
Experimental e, ali, realizou sua célebre investigação sobre a salivação dos cães,
cujo reconhecimento mais expressivo foi o Prêmio Nobel que recebeu em 1904.
Em
1925 aposentou-se, mas prosseguiu seus estudos e experimentos até que a morte o
alcançou em 1936, em decorrência de uma pneumonia.
O Ideário
Várias
teses fundamentais que surgiram no inicio da Psicologia, logo após seu desgarramento
da Filosofia Clássica, tiveram sua origem em outras Ciências. E dentre estes,
destacam-se os experimentos do fisiologista PAVLOV, cujas pesquisas acerca da salivação
dos cães durante a digestão, levaram a uma das teorias mais importantes na área
da Psicologia, de maneira totalmente inesperada.
Durante
a década de 1890, o sábio russo fez uma série de estudos em cães, utilizando dispositivos
implantados cirurgicamente nos mesmos, com a intenção de mensurar a quantidade
de saliva que os animais produziam quando eram alimentados.
Certo
dia, por um insight genial, ele
percebeu que o processo salivar ocorria não só enquanto os bichos comiam, mas já
se manifestavam quando eles apenas sentiam o cheiro da comida, ou quando a
enxergavam. Salivavam inclusive ao pressentirem a chegada de seus tratadores.
Foi
o que lhe bastou para iniciar outra investigação. Aquela, relativa às conexões existentes
entre os Estímulos e as respectivas Respostas.
Em
uma das mesmas, ele acionou um metrônomo antes de oferecer comida aos animais e
repetiu o procedimento até os cães associarem aquele som com a refeição. O resultado
do condicionamento foi à constatação óbvia de que os cães salivavam ao simples
toque do metrônomo. Depois, PAVLOV substituiu o aparelho por uma campanhia, por uma
luz piscando e por diferentes apitos. E em todos os casos, o resultado foi idêntico.
Não importava qual estimulo fosse usado, o resultado era sempre o mesmo. A associação
estava estabelecida e comprovada.
PAVLOV concluiu então que a comida, em si, era apenas um Estímulo
Incondicionado (E-I), natural. Era um estimulo natural que ocasionava
um reflexo também natural, ou seja, que não fora aprendido. Afinal a salivação era
fisiologicamente necessariamente para digerir o bolo alimentar. Uma função natural
do corpo, do organismo.
Porém,
os sons emitidos pelo manômetro, apitos, campanhias etc. só tornavam a salivação
um estímulo, porque o cão aprendeu que o barulho antecedia à comida e, então sim,
acontecia um Estímulo Condicionado (E-C). E essa salivação provocada pelos estímulos
recebeu o nome de Reflexo Condicionado (R-C).
Na
sequência dos estudos, PAVLOV observou que esse aprendizado, ou Reflexo
Condicionado poderia ser desaprendido, ou reprimido, bastando que a
comida deixasse de ser servida após soarem os sons durante várias ocasiões. E observou,
também, que um RC poderia ser induzido através de várias outras manobras físicas
e/ou mentais e para isso ele chegou até a utilizar meios cruéis, como a provocação
de dor, de medo, ou ameaças diversas. Práticas que provocavam o Reflexo
Condicionado por medo e angústia.
NOTA
do AUTOR – infelizmente este é o método utilizado ainda hoje
por domadores e amestradores de animais. Tais indivíduos submetem os bichos com
as várias técnicas cruéis que foram engendradas pelo sadismo humano e com isso
obtém a Resposta que esperam daquelas criaturas. Geralmente, ao serem
questionados sobre a crueldade de seus métodos, evocam o nome de PAVLOV e
alegam que utilizam de “meios científicos” em seu trabalho, imaginando com isso
que a Ciência possa isentá-los das maldades que praticam. Contudo, ressalva-se
por justiça, que alguns poucos, descobriram outras formas de se lidar com os animais
e utilizam meios humanitários e decentes para fazê-lo.
Atualmente
o principio descoberto por PAVLOV é chamado de “Condicionamento Clássico ou
Pavloviano”, ou “Método Experimental de Pavlov” e não obstante o mau uso que
alguns fazem do mesmo, é inegável que seu trabalho foi um marco revolucionário
que contribuiu para consolidar a Psicologia como uma Disciplina autônoma, associada
diretamente à Ciência e não mais à Filosofia tradicional.
Sua
obra influenciou fortemente os Psicólogos Behavioristas, sobretudo os estadunidenses
JOHN
B. WATSON e B. F. SKINNER e fez com que seu nome ficasse gravado como um dos
maiores eruditos da contemporaneidade.
As Obras de PAVLOV
1.
Lições sobre o
trabalho das principais glândulas digestivas, de 1897.
2.
Lectures On
Conditioned Reflexes, de 1928.
3.
Conditioned
Reflexes and Psychiatry.
Produção de TAÍS ALBUQUERQUE, desde Vitória ES, no Outono de 2013.
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