sábado, 31 de janeiro de 2015

Recomeços


Aos poucos, a tua ausência
deixa de ocupar
os quartos, os fatos e os atos.

A brisa da Enseada traz a paz retomada
e a gaiola inabitada, de novo conta
da liberdade conquistada.

Tu não serás esquecida,
mas perdeu-se nas noites
a dor da despedida.




Lettré, l´art et la Cuture, Rio de Janeiro, verão de 2015.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Óperas, guia para iniciantes - Parte IX - Quadro Sinótico e breve Glossário



Tipos de óperas no Ocidente:

a)      Séria – o estilo formal, solene, complexo; contrário ao da Ópera Buffa. Predominou do século XVI ao XVIII, tratando dos grandes temas mitológicos em, no mínimo, três atos, onde se sucedem fortes emoções advindas de tragédias, guerras, mortes etc. As principais óperas desse estilo são: Otello e Traviata de Verdi; Turandot e Madame Butterfly de Puccini; Ana Bolena de Donizetti e Idomeno de Mozart.

b)      Buffa – é o estilo oposto ao da Ópera Séria, com personagens cômicos, baseados em figuras do cotidiano. São histórias complexas, recheadas de disfarces, intrigas, finais surpreendentes, falsas identidades etc. As mais conhecidas desse estilo são: Cosi Fan Tutte de Mozart; O Barbeiro de Sevilha de Rossini e La Hija Del Regimento de Donizetti.

c)      Comique – esse estilo não deve ser confundido com o da Ópera Buffa, embora a nomenclatura possa sugerir alguma semelhança. Como acontece na Operetta, o seu dialogo é falado e os temas de que trata são leves, superficiais. As obras que mais se destacaram nesse estilo foram: Carmen de Bizet; Fidélio de Beethoven e Fausto de Gonoud.

d)    Bel Canto – Esse estilo teve início em meados do século XIX e se caracteriza pelo virtuosismo das vocalizações de um (a) solista. Sua história é expressa pelo Canto, com valorização da melodia. Nesse estilo estão algumas das personagens mais complexas do universo operístico como, por exemplo, Norma, de Bellini e Lucia de Lammermoor, de Donizetti. Durante algum tempo o Bel Canto sofreu com o ostracismo, mas nos anos de 1950 a 1980 foi resgatado por grandes interpretes como Maria Callas, Joan Sutherland, Montserrat Caballé etc.

e)      Grand Ópera – O estilo que demanda uma superprodução no campo cênico e no da música. Apresenta grandes temas épicos, históricos em mais de quatro atos, com o uso regular de grandes Corais e Balés e de Sinfônicas completas. É um espetáculo suntuoso, sem diálogos falados, mas com grande poder de deslumbramento. Destacam-se nesse estilo: Sóror Angélica de Puccini e Cavalaria Rusticana de Mascagni.

f)       Operetta – Pequena Ópera onde se inclui o diálogo falado em lugar dos “Recitativos”. Também é conhecida como “Ópera Ligeira”.

As obras inaugurais:

1)      Dafne, de Jacopo Peri (1561-1633 – Itália) e Ottavio Rinuccini, Libretto (1562-1621 – Itália).

2)      Eurídice, idem. Em meados de 1600, século XVII.

3)      Orfeu, Monteverdi (Claudio – 1567-1643 –Itália), da qual se originaram as diretrizes para a Ópera futura.

4)      L´incoronazione de Poppea (1642)idem da qual surgiu o prenúncio do “Bel Canto” e a valorização da Ária e dos cantores. A partir dela estabeleceu-se o nome “Ópera” para designar essa manifestação cultural.

5)      Orfeu e Eurídice, de Gluck (Christoph Willibald – 1714-1787 – Áustria) que foi o reformador do gênero e o criador do modelo ainda em vigência.


As óperas mais populares* e os seus compositores:

1)      Aída, Verdi (Giuseppe Fortunino Francesco – 1813-1901 – Itália)

2)      Ana Bolena, Donizetti (Gaetano – 1797-1848 – Itália)

3)      Barbeiro de Sevilha, Rossini (Giochino Antonio – 1792-1868 – Itália)

4)      Carmen, Georges Bizet (Alexandre Cesar Leopold – 1838-1875 – França)

5)      Cavalaria Rusticana, Mascagni (Pietro – 1863-1945 – Itália)

6)      Cosi Fan Tutte, Mozart (Wolfgang Amadeus – 1756-1791 – Áustria)

7)      El Anillo, Wagner (Wilhelm Richard – 1813-1883 – Alemanha)

8)      El Rapto Del Serralho, Mozart (Wolfgang Amadeus – 1756-1791 – Áustria)

9)      Falstaff, Verdi (Giuseppe Fortunino Francesco – 1813-1901 – Itália)

10)  Fausto, Gounod (Charles – 1818-1893 – França)

11)  Fidélio, Beethoven (Ludwig Von – 1770-1827 – Alemanha)

12)  Idomeneo, Mozart (Wolfgang Amadeus – 1756-1791 – Áustria)

13)  La Boheme, Puccini (Giacomo – 1858-1924 – Itália)

14)  La Flauta Mágica, Mozart (Wolfgang Amadeus – 1756-1791 – Áustria)

15)  La Hija Del Regimento, Donizetti (Gaetano – 1797-1848 – Itália)

16)  Las Bodas de Fígaro, Mozart (Wolfgang Amadeus – 1756-1791 – Áustria)

17)  Madame Butterfly, Puccini (Giacomo – 1858-1924 – Itália)

18)  Otelo, Verdi (Giuseppe Fortunino Francesco – 1813-1901 – Itália)

19)  Sóror Angélica, Puccini (Giacomo – 1858-1924 – Itália)

20)  Tosca, Puccini (Giacomo – 1858-1924 – Itália)

21)  Traviata, Verdi (Giuseppe Fortunino Francesco – 1813-1901 – Itália)

22)  Turandot, Puccini (Giacomo – 1858-1924 – Itália)


A classificação dos Cantores e Cantoras:

Homens                                              Mulheres
Baixo                                                  Contralto
Baixo barítono (baixo cantor)                Mezzo Soprano
Barítono                                             Soprano
Tenor
Contra tenor


Glossário

Em geral as óperas seguem o mesmo roteiro, exceto pelas diferenças que caracterizam os tipos de óperas acima citados. Nelas, alguns ou todos, os elementos abaixo, estarão presentes:

a)      Abertura – que é feita através da execução de uma música com o objetivo de ambientar a plateia ao tema.

b)      Recitativo – as partes do espetáculo em que os atores dialogam.

c)      Ária – a música principal que é cantada pelo (a) solista enquanto os atores secundários cantam no Coro.

d)      Libretto – pequeno caderno que traz os dados da Ópera, o seu tema, os seus diálogos, suas canções etc. para que o público não tenha dificuldades em entender a história e o seu contexto.



Nota do Autor* - Em seu livro “Ópera and Its Composers” Edward Ellsworth Hipsher afirma existirem na Biblioteca Nacional de Paris cerca de vinte e oito mil partituras de óperas catalogadas. Dessa imensa quantidade, apenas duas centenas aproximadamente estão no repertório das Companhias mundiais e são representadas com alguma regularidade. Certamente que foram escolhidas por agradarem ao público e à crítica e são a nata do que se produziu nesses quatro séculos de existência do gênero. Em nosso trabalho esse número reduz-se para vinte e dois, tanto por questão de popularidade entre nós outros, quanto pelas características da presente obra que se pretende apenas um guia para iniciantes. O critério de escolha baseou-se no gosto pessoal do autor e estará sujeito à crítica de alguns, como é comum em qualquer lista que se faça. Por isso, conto com a compreensão do (a) amável leitor (a), certo de que procurei abranger ao maior número possível de variáveis para que cada segmento da manifestação cultural esteja representado.


Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Verão de 2015.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Óperas, guia para iniciantes - Parte VIII - A Ópera no Brasil


A Ópera chegou ao Brasil na primeira metade do século XIX graças à vinda da Corte Portuguesa, em 1808, exilada pelas tropas bonapartistas.

Aqui, continuou a ser um espetáculo voltado para a elite e para a nobreza e, por isso, a primeira composição nacional do gênero aconteceu por encomenda de Dom João VI ao Padre carioca José Mauricio Nunes Garcia (1767-1830), que compôs a peça “Le Due Gemelle (as duas pequenas gêmeas)” para ser apresentada no “Real Teatro São João do Rio de Janeiro”. Porém, infelizmente, não ficaram registros dessa audição e nem se sabe se de fato ela aconteceu. Tampouco restaram dados da composição. Dessa sorte, coube à outra obra do mesmo autor, “Zelmira”, de 1803, a glória de ter ficado como o primeiro registro operístico do país, mesmo que tal documentação limite-se à “Abertura” da peça, na qual, aliás, é possível observar a enorme influência europeia que sofreu.

Contemporâneo do Padre brasileiro, Marcos Portugal (1762-1830 - falecido do Rio de Janeiro), nascido em Lisboa e chegado com a comitiva real, foi o segundo artista a compor obras dessa natureza, sendo que algumas obtiveram boa aceitação no exterior, como, por exemplo, a chamada “O Basculho da Chaminé”, que foi aplaudida em Lisboa, em Veneza e até no grande Palácio da Ópera Imperial de São Petersburgo, na Rússia.

Ambos foram os mais importantes compositores daquela fase embrionária da Ópera nacional, que, curiosamente, era cantada em português, ao contrário do padrão mundial. Todavia, essa situação pouco durou por iniciativa dos compositores que os sucederam (talvez já vigorasse o famigerado “complexo de vira-latas”) e assim permaneceu até que em fins do século XIX uma nova leva de músicos passou a se interessar pela modalidade; e essa nova geração não hesitou em enfrentar uma dura luta para, enfim, repor o idioma nacional na manifestação artística.

Um dos expoentes dessa plêiade foi o compositor Alberto Nepomuceno (1864-1920, Ceará) que compôs a Ópera chamada “Abul”, cuja estreia aconteceu em Buenos Aires, Argentina, sob a regência do grande Gino Marinuzzi. Usando como tema, a história dos Caldeus, o cearense criou uma longa e sofisticada história musicada e alcançou um êxito enorme. Contudo, a sua contribuição ao gênero parou nessa primeira composição, já que ele se rendeu à sua verdadeira paixão: a música de Câmara.
Felizmente a sua retirada pôde ser suprida pela mocidade que estudava o gênero no Teatro Real São João (onde hoje se localiza o Teatro João Caetano) na atual Praça Tiradentes, ex Largo do Rocio, no Rio de Janeiro.

Ali, anexo à casa de espetáculos, fora fundada com o patrocínio do Imperador Pedro II, em março de 1857, a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, da qual brotaram os gênios de Elias Álvares Lobo, Henrique Alves de Mesquita, Luiz Inácio Pereira, Domingos José Ferreira e, especialmente, Antonio Carlos Gomes (1836-1896), o maior compositor brasileiro do gênero.
Paulista do interior (A sua Campinas natal dista cerca de cem km da Capital do Estado), aos trinta e quatro anos de idade, ele já estreava no imponente Alla Scala de Milão, Itália, a sua obra “O Guarani (Il Guarany)”, cuja temática é a história de amor entre os indígenas Ceci e Peri, conforme a pena literária de José de Alencar.

E não foi apenas a “sua” estreia, mas, em verdade, foi a estreia da Ópera brasileira nos palcos do mundo. As suas outras óperas, também encenadas na Itália, consolidaram o país no cenário internacional, numa época em que florescia o talento de ninguém menos que G. Verdi, entre outros gênios.

Assim, nunca serão demasiadas as homenagens que forem prestadas ao ilustre campineiro. Ele fez por merecê-las.

Contudo, não foi apenas ele quem brilhou nessa seara, pois outros compositores brasileiros também se destacaram como, por exemplo, Heitor Villa Lobos que compôs, entre outras, “Izaht” e “Aglaia” que obtiveram pleno êxito em nível mundial; o maestro Mozart Camargo Guarnieri, autor de “Um homem só” e, na atualidade, Jorge Antunes com “Olga”; Ronaldo Miranda com “A Tempestade”; Silvio Barbato com “O Cientista”; Elomar Figueira Mello com os célebres “Auto da Catingueira” de 1983 e “Árias Sertânicas” de 1992 e João Macdowell com sua obra bilíngue “Tamanduá” que teve calorosa acolhida em New York e New Jersey, nos EUA.

Dessa sorte, vê-se que a Ópera no Brasil continua a florescer, embora ainda esteja distante do grande público. Assim, espera-se que as visitas de companhias estrangeiras para apresentações pontuais e que os grandes festivais que acontecem no norte do país, nas cidades de Belém, no Pará, e Manaus, no Amazonas, popularizem cada vez mais essa forma de cultura e de arte.

Será um caminho árduo até que tal aconteça, mas a realização, principalmente, do esplêndido Festival manauara (com a presença dos melhores cantores e cantoras e dos mais talentosos cenógrafos, coros e diretores do gênero), sinaliza a real possibilidade de que não tardará o tempo em que o público em geral possa se deleitar com a grandiosidade dessa sublime manifestação do gênio humano.


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Na sequência, publicaremos um quadro sinótico e um curto glossário com os termos mais usados no meio operístico.


Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Verão de 2015.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Óperas, guia para inciantes - Parte VI - A Ópera francesa.


A Ópera francesa formou uma escola separada da italiana, na expectativa de encontrar seus caminhos originais.

Porém, não obstante a sua tentativa de se desvincular de sua irmã, ela deve a um italiano (Giovanni Battista Lulli – Florença – 1632-1687) o seu inicio.

Cantando no idioma francês com o nome de Jean Batiste Lully, foi ele quem que a iniciou em 1672 e a monopolizou por um largo período.

Os disciplinados e fluentes “Recitativos” e “Aberturas”, bem como os célebres “intermezzi”, que criou formaram um rígido padrão que só ruiu um século depois, graças às reformas introduzidas pelo gênio de Gluck.

Todavia, mesmo reformada, a Ópera francesa continuou a apresentar alguns elementos de sua origem itálica, tais como os interlúdios de balé e uma suntuosa cenografia, suportada por complexa maquinaria teatral. Além disse, não deixou de ser influenciada pelo “Bel Canto” de Rossini e doutros compositores italianos.

Por outro lado, insistindo em criar um espaço próprio, seus autores, compositores, cantores, cenógrafos etc. criaram, com efeito, inúmeras variações bem sucedidas, como é o caso, por exemplo, da “Ópera Comique (ver quadro sinótico)”, cuja característica principal é o fato de possuir diálogos falados ao invés de cantados; como, aliás, pode ser observado na mundialmente famosa Ópera “Carmem”, composta por Georges Bizet, onde tal característica é presente, assim como a exuberância dos elementos cênicos e melódicos.

Esse tipo de Ópera em que o “Libretto (ver quadro sinótico)” vincula-se diretamente com a Literatura atingiu o seu ápice entre os anos de 1770 a 1880, chegando, então, a servir como modelo para o estilo alemão chamado de “Singspiel”.

Para vários outros estudiosos, ela também foi a inspiração para a chamada “Operetta”, com a qual apresenta algumas semelhanças de conteúdo e de tema.

Noutro extremo, apresentou os elementos da chamada “Grande Ópera”, como nos casos de “Guillaume Tell” de Rossini, em 1829; e de “Robert le Diable” de Meyerbeer, em 1831. Nessas ocasiões, Paris presenciou a exibição de verdadeiras superproduções com deslumbrantes e luxuosos cenários, grandes Corais (ou Coros), orquestras sinfônicas inteiras, balés magníficos e um grande elenco de cantores, bailarinos etc.

Dessa forma, e mesmo sendo considerada inferior à italiana, a Ópera francesa consolidou-se e ainda hoje é uma manifestação cultural que contribui vigorosamente para que a França continue a ser o “farol do mundo”.

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Falaremos na sequência da Ópera alemã, que mesmo sem ter o prestígio de suas irmãs, constitui-se em uma expressão artística de elevado valor.


Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Verão de 2015.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Óperas, guia para iniciantes - Parte V - O desenvolvimento da ópera italiana



Três regiões foram de fundamental importância para o desenvolvimento do gênero operístico na Itália. A saber:

a)      Roma – que aperfeiçoou o Coro (ou Coral).
b)      Nápoles – que aprimorou a arte de cantar, criando o “Bel Canto”.
c)      Veneza – que impulsionou a música instrumental.

E foi justamente em Veneza que o célebre Claudio Monteverdi (1567-1643) deu a sua enorme contribuição à arte musical e compôs duas grandes obras, “Ariana” e “Orfeo”. Desse conjunto de realizações é que veio o seu epíteto de “primeiro gênio da Ópera”.

Monteverdi nasceu em Cremona e foi membro da sociedade chamada: “Filarmônicos de Bologna”, mas apenas na “cidade dos canais” foi que a sua genialidade revelou-se inteira e deixou marcas indeléveis.

Posteriormente, seu discípulo, Francesco Cavalli (1599-1676) aprimorou o estilo criado pelo mestre, ao agrupar várias vozes em duetos, tercetos e quartetos, passando o Coral para um plano secundário. A ele também se deve a criação dos elementos cômicos que passaram a surgir em algumas obras, como, por exemplo, em “O Barbeiro de Sevilha”.

Em Roma, Giacomo Carissimi (1604-1674 – contemporâneo de Cavalli), elevou o estilo denominado “Oratório” ao seu grau mais elevado; e um de seus discípulos, Antonio Cesti (1620-1669) introduziu-o em Veneza, sem, no entanto, obter sucesso absoluto, porque o público já havia se afeiçoado ao estilo de Cavalli. Então, diante desse malogro, Cesti estabeleceu a divisão estilística entre a “Ópera Buffa” e a “Ópera Séria”, que ainda perdura em nossos dias (Veja quadro sinótico).

Nesse ínterim, na cidade de Nápoles, Alessandro Stradella (1645-1681) começou a utilizar o método “Oratório” de Carissimi para compor as suas obras; enquanto Alessandro Scarlatti (1659-1725) alcançava o máximo da fama ao mesclar com êxito as Escolas do “contraponto” e a do “bel canto”. Com essa junção de estilos musicais, a melodia adquiriu maior fluidez e graciosidade, ficando a “Ária” em forma recitativa. Também cabe a ele o mérito de ter criado a “Abertura”.

Graças a tais sucessos, foram muitos os seus seguidores, dentre os quais merecem destaque Nicola Porpora (1686-1766) e Francesco Durante (1684-1755) que, por sua vez, teve, também, ilustres pupilos, como Nicola Logroscino (1700-1763) que inventou o chamado “concertante final” e Niccoló Piccinni (1728-1800) que o desenvolveu ricamente, na época em que o grande Gluck brilhava em Paris.

E Nápoles, a poética Parthenope, ainda deu à luz os ilustres Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736) que escreveu em sua curta vida a inesquecível “La serva padrona”; Niccoló Jommelli (1714-1785) que foi chamado de “Gluck italiano” graças à sua genialidade; Baldassare Galuppi (1706-1785) que muitos estudiosos consideram o verdadeiro “pai da Ópera Buffa” e, especialmente, Giovanni Bononcini (1660-1750) que é considerado o maior expoente da “Ópera Séria”.

Porém, a grandeza da Ópera italiana não se deveu apenas aos nativos da região. Para que essa expressão artística alcançasse o patamar que alcançou, foi fundamental o trabalho ali desenvolvido pelo genial austríaco Gluck (Christoph Willibald – nascido em Berching – Áustria, falecido em Viena – 1714-1787), de quem falaremos em seguida.

Gluck

Após conseguir um retumbante sucesso com a produção de óperas convencionais na Itália, Gluck mudou-se para a Inglaterra com a intenção de fazer novas pesquisas e novos trabalhos, mas não tendo encontrado na ilha as condições propícias, seguiu para a França e em Paris apaixonou-se pelo trabalho de Jean Philippe Rameau (1683-1764) que lhe inspirou deveras.

Em seu retorno a Viena, seus esforços para vincular intimamente a música e a dramatização desenvolveram velozmente e o resultado de seu labor não demorou a se revelar, pois em sua Ópera “Orfeu”, de 1762, já se viam muitos elementos inovadores. Depois, em 1767, a Ópera “Alceste” mostrou a totalidade das mesmas e os outros aprimoramentos que ele realizou e isso lhe rendeu a consagração de ser considerado um dos maiores compositores do drama lírico mundial.

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Falaremos na sequência sobre o desenvolvimento da Ópera na França, na Alemanha em Portugal e no Brasil.


Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Verão de 2015.