Três
regiões foram de fundamental importância para o desenvolvimento do gênero operístico
na Itália. A saber:
a) Roma
– que aperfeiçoou o Coro (ou Coral).
b) Nápoles
– que aprimorou a arte de cantar, criando o “Bel Canto”.
c) Veneza
– que impulsionou a música instrumental.
E
foi justamente em Veneza que o célebre Claudio
Monteverdi (1567-1643) deu a sua enorme contribuição à arte musical e compôs
duas grandes obras, “Ariana” e “Orfeo”. Desse conjunto de realizações é que
veio o seu epíteto de “primeiro gênio da Ópera”.
Monteverdi
nasceu em Cremona e foi membro da sociedade chamada: “Filarmônicos de Bologna”,
mas apenas na “cidade dos canais” foi que a sua genialidade revelou-se inteira
e deixou marcas indeléveis.
Posteriormente,
seu discípulo, Francesco Cavalli
(1599-1676) aprimorou o estilo criado pelo mestre, ao agrupar várias vozes em
duetos, tercetos e quartetos, passando o Coral para um plano secundário. A ele também
se deve a criação dos elementos cômicos que passaram a surgir em algumas obras,
como, por exemplo, em “O Barbeiro de Sevilha”.
Em
Roma, Giacomo Carissimi (1604-1674 – contemporâneo
de Cavalli), elevou o estilo denominado
“Oratório” ao seu grau mais elevado; e um de seus discípulos, Antonio Cesti (1620-1669) introduziu-o
em Veneza, sem, no entanto, obter sucesso absoluto, porque o público já havia
se afeiçoado ao estilo de Cavalli. Então, diante desse malogro, Cesti estabeleceu
a divisão estilística entre a “Ópera Buffa” e a “Ópera Séria”, que ainda perdura
em nossos dias (Veja quadro sinótico).
Nesse
ínterim, na cidade de Nápoles, Alessandro
Stradella (1645-1681) começou a utilizar o método “Oratório” de Carissimi
para compor as suas obras; enquanto Alessandro
Scarlatti (1659-1725) alcançava o máximo da fama ao mesclar com êxito as
Escolas do “contraponto” e a do “bel canto”. Com essa junção de estilos
musicais, a melodia adquiriu maior fluidez e graciosidade, ficando a “Ária” em
forma recitativa. Também cabe a ele o mérito de ter criado a “Abertura”.
Graças
a tais sucessos, foram muitos os seus seguidores, dentre os quais merecem
destaque Nicola Porpora (1686-1766)
e Francesco Durante (1684-1755) que,
por sua vez, teve, também, ilustres pupilos, como Nicola Logroscino (1700-1763) que inventou o chamado “concertante
final” e Niccoló Piccinni (1728-1800)
que o desenvolveu ricamente, na época em que o grande Gluck brilhava em Paris.
E
Nápoles, a poética Parthenope, ainda deu à luz os ilustres Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736) que escreveu em sua curta
vida a inesquecível “La serva padrona”; Niccoló
Jommelli (1714-1785) que foi chamado de “Gluck italiano” graças à sua genialidade;
Baldassare Galuppi (1706-1785) que
muitos estudiosos consideram o verdadeiro “pai da Ópera Buffa” e,
especialmente, Giovanni Bononcini
(1660-1750) que é considerado o maior expoente da “Ópera Séria”.
Porém,
a grandeza da Ópera italiana não se deveu apenas aos nativos da região. Para
que essa expressão artística alcançasse o patamar que alcançou, foi fundamental
o trabalho ali desenvolvido pelo genial austríaco Gluck (Christoph Willibald – nascido em Berching – Áustria,
falecido em Viena – 1714-1787),
de quem falaremos em seguida.
Gluck
Após
conseguir um retumbante sucesso com a produção de óperas convencionais na Itália,
Gluck mudou-se para a Inglaterra com a intenção de fazer novas pesquisas e
novos trabalhos, mas não tendo encontrado na ilha as condições propícias, seguiu
para a França e em Paris apaixonou-se pelo trabalho de Jean Philippe Rameau (1683-1764) que lhe inspirou deveras.
Em
seu retorno a Viena, seus esforços para vincular intimamente a música e a dramatização
desenvolveram velozmente e o resultado de seu labor não demorou a se revelar,
pois em sua Ópera “Orfeu”, de 1762, já se viam muitos elementos inovadores. Depois,
em 1767, a Ópera “Alceste” mostrou a totalidade das mesmas e os outros aprimoramentos
que ele realizou e isso lhe rendeu a consagração de ser considerado um dos maiores
compositores do drama lírico mundial.
§§§
Falaremos
na sequência sobre o desenvolvimento da Ópera na França, na Alemanha em Portugal
e no Brasil.
Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, Verão de 2015.
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