domingo, 29 de dezembro de 2013

Fugazes


A mão fresca 
da noite recém chovida
espalha as últimas gotas 
em meu corpo saciado.

Eis chegada a calma
que sucede a eternidade
dos encontros fugazes.

A eternidade dos amores passageiros
que se consumaram entre horas
e na chama do momento sempre.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A Náusea - J.P.Sartre - Resenha

Ed. Nova Fronteira - Ed. comemorativa

Essa obra é um exemplo perfeito das imensas possibilidades da Literatura, haja vista ser tão valorosa como “Tratado Filosófico”, quanto “Romance”. Alguns a classificam como um “Romance Filosófico” e, com efeito, ela é tão bem concebida que não se consegue diferenciar os gêneros literários. Nela, toda a genialidade de SARTRE fica patente e não deixa dúvidas sobre o merecimento do Prêmio Nobel que lhe foi outorgado e que ele recusou em 1964.

A obra conta a história do protagonista, ANTOINE ROQUENTIN, um pesquisador, já entrado na casa dos trinta anos, que se muda para a cidade portuária francesa de Bouville, uma mal disfarçada referência ao porto holandês de Haia, após longas viagens pela Europa Central, África do Norte e Extremo Oriente.
ANTOINE vai para a localidade com a intenção de escrever a biografia de uma semiopaca figura histórica, o Marquês de ROLLEBON, mas no desenrolar do trabalho o sedentarismo lhe produz estranhas sensações e enquanto ele insiste em continuar a obra passa a ver o mundo, e o lugar que ocupa no mesmo, de maneira totalmente diferente.

Num crescente empolgante de dúvidas e emoções, ele percebe que a sólida lógica racional que acreditava constituir a realidade simplesmente não existe. Que os hábitos, valores, crenças etc. não passam de uma fina camada superficial sem qualquer lastro mais profundo.

Abalado por essa conscientização, passa a ser acometido pela “Náusea da Existência”, ou seja, pela horrível sensação de sermos contingentes, de não termos um sentido e de que caminhamos para o Nada.

Pasmado pela indiferença das coisas, dos objetos inanimados e pela inautenticidade dos Seres humanos com quem convive, sente-se cada vez mais sufocado pela consciência de que cada situação que vive é o seu próprio ser, existir. Descobre, assim, que a sua existência é desprovida de qualquer significado maior.

Através das reflexões que se originam dessas descobertas e circunstâncias que atingem a sua personagem, SARTRE analisa as questões relativas à liberdade, à responsabilidade, à consciência e ao tempo tecendo um painel magnífico das questões que permeiam a existência humana.

É nessa obra que o conceito de que “a existência precede a essência” aparece pela primeira vez, antecipando o conjunto de ideias que só veio ao público em 1943, quando SARTRE publicou sua outra obra-prima “O Ser e o Nada”.

Influenciada pela Filosofia de HUSSERL e pelo estilo de DOSTOIÉVSKI e de KAFKA, a obra apresentou o Existencialismo ao Mundo, que não demorou a elegê-lo como um dos principais sistemas filosóficos do século XX. Bem como não deixou de reconhecer que “A Náusea” é uma obra indispensável para todos os interessados em adentrar o universo de SARTRE e resgatar o direito de criar suas próprias convicções sobre o mistério que é existir.



Resenha feita a partir do original "A Náusea" de Jean Paul Sartre, Editora Nova Fronteira - Edição Comemorativa.

Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, em Dezembro de 2013. Feliz 2014.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Sonhos outros


Serão inúteis as apostas contrárias
e todas as vozes adversárias,
pois em ti repousa a graça necessária
para o exercício da fantasia diária.
Será em vão a maldade do Mundo,
pois eis que a poesia vertida,
em ti, acaricia a própria vida.
Será em vão o assombro tentado,
pois eis que o poema derramado
em todo peito será abrigado.
Siga comigo Marquesa dos Versos,
em outros sonhos seremos imersos


Para a Musa.


domingo, 22 de dezembro de 2013

Anunciação


Que o clarim do arauto seja de anunciação.
Que proclame o inicio de um novo ciclo
no eterno movimento de renovação.
Que seja um aviso de chegada
e o fim da longa espera por nada.
Que traga em seu bojo os novos alicerces
com os quais serão reerguidos
os homens destruídos.
Que traga boas novas de quem se foi
e o consolo para quem ficou.
Que seja o novo instante, 
o novo Cavalheiro Andante
e a redenção do amor errante.
Que seja um poema e um vinho chileno;
e o perfume de rosas, logo após o sereno.
Que anuncie o voo das andorinhas
que fazem o Verão
e que decrete o transcender
das almas e das cigarras
que anunciam a Primavera,
pois, então, saberemos
que está na própria estrada
a paz anunciada.



Dedicado aos confrades e confreiras da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, com os melhores votos de Feliz Natal e venturoso Ano Novo.

                                       

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Poetas del Mundo - "Mil poemas a Vinicius de Moraes" -



Agradeço à Instituição "Poetas del Mundo" na pessoa do Dr. ALFRED ASÍS pela deferência. Muito grato.

Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, em Dezembro de 2013.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Sejamos Quixotes

Pablo Picasso - Nanquim e Lápis


Sejamos Quixotes. Ousemos desafiar as convenções, os hábitos, as rotinas e exerçamos o sagrado direito de cavalgar em nossas utopias até a última estrela da madrugada. 

Vençamos os tiranos do Mundo, amemos as nossas Musas, brindemos as conquistas, choremos as derrotas, sejamos atentos ao exercício da generosidade, do carinho e do afeto e, principalmente, não nos esqueçamos que os Sanchos de nossas vidas são os alicerces que nos permitem desafiar os gigantes fantasiados de moinhos. 

Por fim, não nos furtemos à poesia, à gargalhada e às esperanças que o Novo Ano haverá de trazer e saudemos de peito aberto a mágica do Natal, enquanto andamos em busca dos sonhos que nos iluminam.



Um grande beijo aos queridos (as) amigos e amigas que me dão a honra de visitarem meus Blogs. A todos (as) um Feliz Natal e próspero 2014.



Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, em Dezembro de 2013

sábado, 14 de dezembro de 2013

Silêncios


Desde então um adeus 
preenche os nossos silêncios
e se as ausências tornaram-se desejadas
uma escassa esperança
ainda nos impede de decretar o fim
que já oscila entre os nossos corpos
na cama que não mais se desfaz.


Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, em Dezembro de 2013.

Tempo



Exige-me destemor
e me impõe o esquecimento
os caminhos que ando.
Meu tempo é quando.




Inspirado na poética de Vinicius de Moraes.

Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, que continua lindo, em Dezembro de 2013.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Estação da Luz e do Crack


Logo, os malditos da noite
avançarão as suas misérias
por sujas avenidas viciadas.

A massa disforme,
oculta em sujos cobertores
carrega seus andrajos e horrores
por entre estrelas envergonhadas
pelas tantas luzes desperdiçadas.

Então se sabe
que a promessa da vida
nem sempre é cumprida.


Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, em Dezembro de 2013.

A imagem foi desfocada intencionalmente por respeito às famílias dos dependentes e aos próprios.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Esperas




"Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz..."

Eu sei que agora ando só,
que as noites escondem as estrelas
e furtam a fantasia
 que a Lua me trazia.
Mas como há em Vivaldi
a renovação de toda Primavera
eu sinto que no peito
já brota uma nova espera.



- Da poética de Baden Powell e Vinicius de Moraes.
- Referência à música "Sagração da Primavera", em "As quatro estações" de Vivaldi.

sábado, 7 de dezembro de 2013

A Lira



Obra de Li Sakamoto

Há um carinho
em cada verso
que te faço,
pois de ti
nasce a doce lira
e por ti 
a vida conspira.


Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, em Dezembro de 2013.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Rosas da noite


Permite-me a brisa, a janela aberta.
E esse frescor de chuva recém caída
espalha todos os orvalhos
que as rosas da noite suspiram.
Logo, teu riso refletirá as estrelas
enquanto as promessas se cumprem.


Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, de Campinas SP, em Dezembro de 2013.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mandela


1918 - 2013

Mandela de Cabidela,
do grito na favela, do vazio na panela
e de outra tanta mazela.
Nelson Africano, exemplo decano
do preço pago pela liberdade
que nunca vem tarde.
Mandela de luto, Mandela de luta
apague a Lei que separa as cores
como se os homens fossem só rancores.
Negro rei Africano, vibre sempre o teu cajado,
pois eis que o opressor é sempre renovado.
E siga sempre, negro sábio, 
já que em em teu lábio 
brilha a justa palavra 
e o futuro 
tu nos ensinou como se lavra.


Homenagem pouca ao homem que me ensinou a acreditar.



Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, de Campinas SP, em Dezembro de 2013.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

domingo, 1 de dezembro de 2013

A próxima madrugada


Porque a maré sempre volta,
aguardo-te na Preamar
até o fim 
da última
estrela raiada.
No bolso e da vida
restou-me apenas um real
para comprar a rosa
que sempre te agrada.
Quem sabe, na próxima
madrugada?




Produção de YARA MONTENEGRO, de São Paulo, em Dezembro de 2013.