Ed. Nova Fronteira - Ed. comemorativa
Essa
obra é um exemplo perfeito das imensas possibilidades da Literatura, haja vista
ser tão valorosa como “Tratado Filosófico”, quanto “Romance”. Alguns
a classificam como um “Romance Filosófico” e, com efeito, ela é tão bem
concebida que não se consegue diferenciar os gêneros literários. Nela,
toda a genialidade de SARTRE fica patente e não deixa
dúvidas sobre o merecimento do Prêmio Nobel que lhe foi outorgado e que ele
recusou em 1964.
A
obra conta a história do protagonista, ANTOINE ROQUENTIN, um pesquisador, já entrado na casa dos trinta
anos, que se muda para a cidade portuária francesa de Bouville, uma mal
disfarçada referência ao porto holandês de Haia, após longas viagens
pela Europa Central, África do Norte e Extremo Oriente.
ANTOINE vai para a localidade com a intenção de escrever a
biografia de uma semiopaca figura histórica, o Marquês de ROLLEBON, mas no desenrolar do
trabalho o sedentarismo lhe produz estranhas sensações e enquanto ele insiste
em continuar a obra passa a ver o mundo, e o lugar que ocupa no mesmo, de
maneira totalmente diferente.
Num
crescente empolgante de dúvidas e emoções, ele percebe que a sólida lógica
racional que acreditava constituir a realidade simplesmente não existe. Que os
hábitos, valores, crenças etc. não passam de uma fina camada superficial sem
qualquer lastro mais profundo.
Abalado
por essa conscientização, passa a ser acometido pela “Náusea da Existência”, ou
seja, pela horrível sensação de sermos contingentes, de não termos um sentido e
de que caminhamos para o Nada.
Pasmado
pela indiferença das coisas, dos objetos inanimados e pela inautenticidade dos Seres
humanos com quem convive, sente-se cada vez mais sufocado pela consciência de
que cada situação que vive é o
seu próprio ser, existir. Descobre, assim, que a sua existência é desprovida de
qualquer significado maior.
Através
das reflexões que se originam dessas descobertas e circunstâncias que atingem a
sua personagem, SARTRE analisa as questões
relativas à liberdade, à responsabilidade, à consciência e ao tempo tecendo um
painel magnífico das questões que permeiam a existência humana.
É
nessa obra que o conceito de que “a existência precede a essência” aparece pela
primeira vez, antecipando o conjunto de ideias que só veio ao público em 1943,
quando SARTRE publicou sua outra
obra-prima “O Ser e o Nada”.
Influenciada
pela Filosofia de HUSSERL e pelo estilo de DOSTOIÉVSKI
e de KAFKA,
a obra apresentou o Existencialismo ao Mundo, que não demorou a elegê-lo como
um dos principais sistemas filosóficos do século XX. Bem como não deixou
de reconhecer que “A Náusea” é uma obra indispensável para todos os interessados
em adentrar o universo de SARTRE
e resgatar o direito de criar suas próprias convicções sobre o mistério que é
existir.
Resenha feita a partir do original "A Náusea" de Jean Paul Sartre, Editora Nova Fronteira - Edição Comemorativa.
Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, em Dezembro de 2013. Feliz 2014.
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