sábado, 9 de março de 2013

Teme-se


Há um abuso de silêncio
na dor que a gente sente
quando o Sol deixa a Enseada.
Teme-se que a Lua não venha,
que a amada se esqueça
e que tudo nos entristeça.
Teme-se que tudo seja um engano,
ao alcance da primeira garra do cotidiano.
Teme-se a guerra,
e a vingança da Mãe-Terra
Teme-se o fim de um jardim
a morte de uma sabiá
e o plágio de um jasmim.
Teme-se o fantasma branco
da noiva de Minas,
que assombra as esquinas.
Teme-se o fim da cachaça,
o recomeço da mordaça
e o Congresso trapaça.
Teme-se a perenidade
desse quarto de hotel
e o terror de não se ter
para onde voltar.

E, por fim, teme-se o escuro da cena
e que este seja
o último poema.

Um comentário:

  1. Lindo poema, como todos que você escreveu e escreve!!! Senti não ouvi-lo domingo na Biblioteca!
    Gosto muito dos seus versos!

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