sábado, 23 de março de 2013

Realejo do Alentejo



O homem do realejo
toca a nostalgia da inocência
sem prever o fim da clemência.

Mas em tudo há uma sensação
de crime cometido,
de pecado consentido
e de desejo proibido.
Bêbadas almas delirantes
dançam em umbrais degradantes
e enlouquecidas por paixões escaldantes
clamam por devassos impérios
e sórdidos mistérios.
Os puros amores foram traídos
e d'alguma cumplicidade honesta
pouco mais resta.
Apenas a hipocrisia
de certa promessa vazia
e a cínica máscara de falsa Santidade
dos inglórios Pastores da castidade.

E, no entanto, o homem do realejo
insiste nos fados do Alentejo
e anuncia a chegado do
novo tempo e destino
em que o amor não é clandestino.

Figura - tela de de Djanira da Mota Silva, via Web.

3 comentários:

  1. Meu estimado amigo,

    Para entender bem este teu poema, tenho de reler Florbela ,Fialho e outros poetas de grande gabarito.

    Os cantares alentejanos são um fado sentido, o amor primo irmão do vinho enlouquece, quem no toma em demasia.
    Quem ama de verdade , não necessita de se esconder.Fá-lo com toda a liberdade.
    Abraço,

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  2. Olá, Fábio!

    Sou Portuguesa e foi o Adriano (Fatimawines), que me me chamou a atenção para a sua postagem.

    Sou Alentejana, com imenso orgulho, e entendo perfeitamente, aqueles sentires e atiudes, tão nossas.

    Fomos "dominados" muitos séculos pelos Árabes e eles deixaram-nos um legado precioso, entre eles, uma certa seriedade e compostura. Não somos santos, mas damos muita importância àquilo que os outros possam pensar de nós, porque, afinal, vivemos em sociedade.

    Tenha um bom domingo.
    Um abraço da Luz.

    PS: não sei se é do seu conhecimento, ou não, mas pra deixar comentário, aqui, temos de fazer, "VERIFICAÇÃO DE PALAVRA", que não é muito agradável, nem rápido. Quero, com isso, apenas informá-lo.

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  3. Que cantem sempre o homem do realejo, pois os maus partirão e sempre restará a inocência dos que acreditam. Tenho muito carinho por ti, meu poeta amado.

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