SAUSSURE, Ferdinand
1857 – 1913
O Significado e o Significante
“Toda mensagem é composta por
Signos”, Roman Jakobson.
“Na vida dos Indivíduos e da
Sociedade, a Linguagem é um fator de importância maior do que qualquer outro”.
Nascido
na Suíça, no seio de uma família abastada, SAUSSURE teve um educação esmerada.
Desde a primeira infância estudou inglês, grego, alemão e sânscrito. Para
continuar a tradição familiar nas Ciências, também estudou Física e Química na Universidade
de Genebra, mas logo percebeu sua inclinação para o estudo da Linguística.
E
tão estreita era sua ligação com o tema, que já aos 21 anos, 1877, publicou seu
primeiro livro sobre o assunto – Memória
sobre as Vogais Indo-Europeias – que teve boa aceitação entre o meio
intelectual.
Em
1880 defendeu sua tese de Doutorado – Sobre
o Emprego do Genitivo Absoluto em Sânscrito – e em 1881 assumiu a Cátedra de Linguística Comparada na Escola de Altos Estudos, de Paris,
França. Em 1886 mudou-se para a Alemanha para completar seus estudos e em 1891
transferiu-se para Genebra onde lecionou na Universidade homônima as disciplinas
de “Linguística Indo-Europeia” e “Sânscrito”
até 1906. Entre 1907 a 1910, ministrou outros cursos de Linguística na mesma
Universidade, da qual só se desligou ao falecer com 55 anos.
Ferdinand
não tinha o hábito de manter anotações e desse modo deve-se a seus discípulos Charles Bally e Albert Sechehaye a
organização das anotações (as suas próprias e as de outros alunos) que permitiu
a elaboração e a publicação da obra master do Linguista – Curso de Linguística Geral – em 1915, que é considerada a fundadora
da Linguística Moderna.
NOTA
do AUTOR – essa consideração, contudo, não significa que
haja unanimidade sobre o mérito da mesma, pois são vários os críticos dos
métodos de SAUSSURE.
SAUSSURE
considerava a Linguagem como um Sistema composto por subsistemas de símbolos
(as Palavras, mas especificamente) que agem como unidades básicas desse
Sistema.
Seus
estudos serviram de fundamento, de base, para uma nova Teoria que foi chamada
de Semiótica, ou Semiologia. Tal Teoria sobre os símbolos, ou signos foi
desenvolvida por outros eruditos durante o século passado, dentre os quais deve
ser citado Roman Jakobson o autor da
frase em epigrafe (toda mensagem é
composta por sinais) que sintetizou com a referida sentença a forma de abordagem
da Semiótica.
Mas
o que é exatamente um Signo (um Símbolo, um Sinal)?
Pode-se
dizer que o Signo é algo que tem o
poder, a capacidade, de representar alguma coisa. Para SAUSSURE esse “algo” é formado por duas partes:
1
– Significante – que é a forma gráfica (ou como a Palavra [ou um sinal
aritmético, por exemplo]) é escrita. E,
também, a imagem acústica que
é a imagem mental produzida pelo Som da palavra. Quando, por exemplo, eu ouço a
palavra “Rosa”, eu imagino a respectiva flor. Eu fiz, portanto, uma imagem mental a partir de determinado
som.
2 – Significado – o que a Palavra significa. O que é que a Palavra
representa. A Palavra “Rosa”, por exemplo, significa,
representa a flor respectiva.
Nesse
segundo item, Significado, SAUSSURE abandonou
a antiga tradição que afirmava ser a Linguagem o Estudo sobre a ligação direta entre as Palavras e as Coisas (objetos, Seres, pensamentos,
emoções, etc.). Para ele, os aspectos característicos de um signo estão nas operações mentais e não na existência física,
concreta, material da Coisa falada.
Assim,
o que entendemos como “cão”, por exemplo, “é”
a imagem acústica que formamos a
partir da audição da Palavra “cão”, e não o cão físico, concreto. O animal em
si.
Arbitrariedade
A
partir dessa conclusão, o Filósofo afirmou que toda mensagem, ou comunicação, é
“apenas” uma associação mental entre a imagem
acústica e o conceito; ou seja,
uma relação entre a imagem que formamos ao ouvirmos o respectivo som de determinada
Palavra e aquilo que essa palavra representa, ou significa.
Pois
bem, justamente por ser “apenas uma concepção
de nossas mentes”, não há qualquer obrigatoriedade de que a mensagem esteja
vinculada a alguma “Lei”, ou regra, ou característica que a obrigue a ser fiel
a alguma analogia, ou a algum aspecto da Natureza Física, material, concreta. Assim
como, também inexiste qualquer regra que obrigue a associação entre o Som e a
respectiva Palavra.
Portanto,
é totalmente Arbitrária, fruto de mera convenção ou acordo entre as pessoas, a
ligação entre o Significante e o Significado.
A esse descompromisso, SAUSSURE deu o nome de Arbitrariedade.
Por
isso, em um idioma eu posso ter como Significante
o termo “dog” e noutra língua a
palavra “cachorro” sem qualquer
prejuízo para o Significado. Nada há
de “particularmente canino (como a imitação
de um latido, de um uivo etc.)”
nessas palavras. Sua criação foi apenas um entendimento entre as pessoas de
determinado grupo social.
NOTA do AUTOR – em relação à
formação dos Idiomas, não nos alongaremos por ser um tema além da Linguagem em
si. Sugerimos que o leitor busque ensinamento na Filosofia de Jacques Rousseau,
entre outros.
Imposição da Linguagem
Por
estar desvinculada de qualquer associação com eventos e fatos da Natureza, como
vimos no parágrafo anterior, a Linguagem
não é uma habilidade natural e por isso ela é Imposta pela Sociedade ao indivíduo, a partir do momento que lhe
são ensinadas as primeiras palavras.
Porém,
a Fala é um ato exclusivamente
voluntário para todos os Homens que gozem de suas faculdades mentais
preservadas. Nada pode obrigar o individuo a quebrar o próprio e desejado
silêncio.
Diacronia e Sincronia
Outro
ponto que merece destaque no Sistema de SAUSSURE é a utilização dos termos
acima, que foram utilizados pelo sábio para diferenciar os Estudos que são
feitos acerca da Linguagem. A seguir a descrição de ambos:
1
– Diacronia – titulo dado aos
estudos sobre a Linguagem que Não
se limitam a certo período de tempo. São os estudos que a investigam durante Todo o correr do Tempo.
2
– Sincronia – o contrário do
anterior. Ou seja, as investigações feitas sobre a Linguagem vigente em apenas
certa época.
Correntes Linguísticas
Recapitulando
brevemente, vemos que a Linguagem é formada pela Fala + a Língua (idioma); que o que forma o Idioma são os Signos (as Palavras e os outros sinais,
como, por exemplo, a vírgula, o ponto de exclamação, o sinal de mais etc.), os quais, por sua vez, são formados pelo Significante + o Significado.
Essas
grandes divisões, não obstante sua importância, mostraram-se limitantes e
limitadas para atender às necessidades de se aprofundar e padronizar os estudos
Linguísticos. Dessa constatação, houve por bem uma fragmentação nos conceitos,
da qual se originaram as seguintes “Correntes
da Linguística”:
1 – Gerativismo – procura mostrar a capacidade que o Indivíduo tem
para compreender uma frase mediante um número finito de regras e elementos
combinados.
2 – Pragmatismo – aborda a relação entre o Discurso e a Situação Comunicativa
(como,
em que momento, de que forma, sob quais circunstâncias etc.) em que tal Discurso foi produzido. Que forças
atuavam sobre o Indivíduo que o levou a fazer tal pronunciamento e não algum
outro.
3 – Estruturalismo – o estudo que entender ser a Linguagem um Sistema
articulado em que todos os seus elementos estão interligados.
As Divisões da Linguística
Ainda
visando aprofundar os estudos, novas tabelas classificatórias foram adotadas
para que a correta definição e nomenclatura de cada parte ficasse estabelecida
como padrão de estudo. A seguir, essas definições:
- Fonética – o estudo dos Sons da
Fala.
- Fonologia – o estudo dos Fonemas
- Morfologia – o estudo das
estruturas (do formato), da formação, das flexões (plural,
feminino etc.) e da
classificação (verbo, substantivo, adjetivo etc.) das palavras.
- Sintaxe – o estudo das relações
entre as palavras e entre as frases.
- Semântica – o estudo do significado
das palavras e as modificações havidas nos mesmos.
- Lexicologia – o estudo do conjunto
das Palavras de um idioma.
- Estilística – o estudo dos recursos
utilizados e utilizáveis para enriquecer, ou adornar, os discursos
escritos ou as Oratórias. São também conhecidas como “Figuras de Linguagem”.
- Pragmática - o estudo sobre como a
Fala é usada no cotidiano.
- Filologia – o estudo da Língua
através dos antigos documentos escritos.
Por
fim, resta declinar que apesar de não contar com a simpatia unânime do meio
intelectual, a obra de SAUSSURE continua a inspirar os Filósofos
contemporâneos, como Noam Chomsky , e a ser revalorizada apesar de seus críticos.
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