sábado, 16 de julho de 2011

Pensão

Quando saio
do Passado
onde moro,
pouco vejo.
O escuro
acostumou-me
às sombras.
Carrego o cheiro
dos antigos
salões
de uma das pensões
em que vivi.
As passadeiras
de borracha
dos longos corredores,
são ladeadas por quartos
minúsculos,
ladeadas por vidas
minúsculas.
São inertes
as flores inodoras,
de plástico
sem auroras.
Choram tristes mulheres
espancadas
por trombonistas
dos bordéis do Cais.
Tristes homens,
abandonos verticais.
Feias crianças sujas,
são caladas na cínica
arte de se amesquinhar.
Cheiro do mofo,
cheiro do esquife.
Da perda,
da ausência.
Do Passado
que não desgruda.
Da dor que não muda.
De quem, nada mais
saúda.
O cheiro,
do novo pardieiro.

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