quarta-feira, 28 de março de 2012

RORTY, Richard (e o Pragmatismo de CHARLES SANDERS PEIRCE)

RORTY, Richard
(e o Pragmatismo de CHARLES SANDERS PEIRCE)
1931/2007 –
“não há nada em nosso intimo, exceto o que nós mesmos lá colocamos”.

O padrão de vida dos cidadãos estadunidenses é admirado, desejado e copiado por multidões de adoradores que se deslumbram ante a ostentação de riqueza e de poder que lhes é característica. Adoradores que podem ser encontrados em todas as camadas socioeconômicas, mas com uma esperada simetria em termos de cultura. São, geralmente, as pessoas de nível cultural inferior que se sentem mais fascinadas pelas aparências físicas, concretas (sem atentar inclusive para o mau-gosto dos exageros) e pelas quinquilharias esfuziantes que lhes chegam através do cinema, da televisão e de outros meios de comunicação.

É certo que tal sociedade tem valores reais, como a liberdade, a democracia, etc. que merecem o aplauso de todos, mas para os adoradores citados o que lhes interessa de fato é o “american way lyfe” e é provável que nisso resida o desprezo com que a filosofia estadunidense é recebida, pois quando se trata de questões intelectuais, teóricas, filosóficas, superiores etc. os “Sistemas” ali desenvolvidos são costumeiramente rotulados de “primários”, “rasos”, “medíocres” e outros adjetivos de cunho negativo. É claro que ao se fazer uma critica com tal severidade comete-se injustiças; porém, ressalvadas as exceções, o que se vê efetivamente é que os Ideários ali produzidos trazem o indefectível ranço do antigo Empirismo inglês, do sempre presente Materialismo – subdivididos entre Pragmatismo, Utilitarismo e outras tendências que glorificam a busca por excelência de ganho físico, de resultado concreto. Ou seja, dizem seus críticos mais contundentes, tratam a Filosofia como se fosse um balanço contábil ou, pior, um Manual de como se tornar rico. Ademais, a essas características some-se o fundamentalismo religioso do País que incita o surgimento de uma moralidade baseada em valores religiosos. Uma mescla – solene, ou disfarçadamente - rejeitada pelos Pensadores, principalmente, europeus que emprestam aos seus Pensamentos a densidade de suas histórias.

Com o Sistema Filosófico de RORTY não é diferente, não obstante a fama que o mesmo obteve (talvez graças a sua superficialidade que o tornou acessível às pessoas de cultura canhestra, dizem seus críticos) e às suas boas e honestas intenções como Pensador e Escritor.

Sua frase mais célebre: “não há nada em nosso intimo, exceto o que nós mesmos lá colocamos” é um exemplo notável do que se diz a seu respeito; ou seja, possui uma boa gramática e a capacidade de repetir, sem constrangimento aparente, um antigo Conceito que remonta a Locke, Berkeley, Hume e outros antigos Empiristas*. Suas teses nada acrescentam ao Saber Humano, mas talvez se deva creditar-lhe o mérito de tê-las devolvido à ribalta da filosofia contemporânea.

Algumas frases ditas por esses Pensadores:

  • John Lockeo Conhecimento de nenhum Homem pode ir além de sua própria experiência.

  • George Berkeley – Ser é ser percebido.

  • David Hume – o hábito e não a Lei da Causalidade (ou de Causa e Efeito) é o grande guia da vida Humana.

Richard RORTY nasceu em Nova York, em 1931, em uma família de ativistas políticos, fato que influenciou fortemente a sua obra e seu ideário. Precoce, em seus primeiros seis anos já lia Trotsky e aos quinze começou a frequentar a Universidade de Chicago. Em 1956, obteve o Doutorado na célebre Universidade de Yale.

Como já se disse, sua Filosofia é, ao cabo, uma revisitação ao Empirismo e às doutrinas que lhes são afeitas (o Utilitarismo e o Pragmatismo) e raras incursões em outros campos filosóficos. Isso o levou a combinar teorias diferentes e essa ousadia fez com que fosse considerado um Escritor insólito segundo os parâmetros da época. Contudo, essa mescla de Sistemas alargou o interesse que seu Pensamento desperta.

Ele, por exemplo, concordou com Kant sobre a nossa limitada capacidade de chegar à Essência das Coisas e, concomitantemente, abraçou a resignação com tal limitação, do antigo Ceticismo, ou do Cristianismo, como se observa abaixo:

Quando dizemos: “sei do fundo do coração que é errado”,

Admitimos que o Conhecimento que temos é um Conhecimento correto e que há uma Verdade Eterna em relação àquele erro; ou seja, tal Erro existe de fato, naturalmente. Não é uma convenção, ou um acordo moral e social feito pelos Homens. Contudo, não podemos, não temos capacidade para encontrar quaisquer Verdades Eternas em relação à Ética. Tampouco sobre o Conhecimento ou o Saber que seja absolutamente correto sobre as coisas. Não temos capacidade de Conhecer, entender, compreender à essência da Coisa, ou, como disse Kant, a coisa em si.

O que conhecemos é apenas o resultado do nosso convívio com outros Homens, com o nosso meio social. Acatamos, pois, as diversas (ou nem tanto) opiniões alheias sobre determinado tema e passamos a considerar uma delas, ou um misto delas, como “a definição correta, adequada”.

Por isso, nada temos em nossa Mente ao nascermos. É uma “tabula rasa” como disseram os Empiristas. Em nossa Mente, ou Alma, ou Inconsciente etc. só existe o que nós mesmos lá colocamos. Todavia, ressalvou RORTY: alguns Pensadores alegam que ao adquirirmos um Conhecimento, processamos essa “informação bruta” sem nada lhe acrescentar. Como se fossemos uma câmara fotográfica que captura a luz, mas isso é um equivoco, disse filósofo, pois as nossas percepções (ie, o que captamos através dos Sentidos [tato, olfato, visão, audição, paladar]) estão intimamente ligadas com as nossas crenças e valores, os quais, nós impomos à Coisa que foi apreendida, ou captada. Veja-se o seguinte exemplo:

Se eu vejo três tábuas na seguinte disposição: duas verticais e uma horizontal, sobre as verticais, eu não percebo apenas o conjunto das madeiras, mas “capto” um rústico banco, ou cama ou similar.

Tudo que os Sentidos (tato, visão, audição, paladar e olfato) nos trazem são “modificados” pelo que acreditamos, ou já conhecemos. O que, diga-se, não é uma Ideia original de RORTY, haja vista que outros Empiristas já afirmavam o “filtro modificador” que nosso Raciocínio (ou Razão) impõe ao Mundo que nos é dado.

Em outro tema, disse Richard que a “A Alma é uma coisa curiosa”, já que mesmo nos sendo inatingível racionalmente, mesmo que não possa ser demonstrada, ou comprovada, habita a crença da maioria dos humanos. Com efeito, são raros os que Não acreditam na existência de alguma coisa além da matéria. Crê-se, mesmo que apenas intimamente, que em “algum lugar”, cada Homem tenha a sua alma. Indo além, podemos afirmar que “essa coisa chamada de ALMA é o nosso EU fundamental” e que está ligada à Verdade e à Realidade. Tendemos a nos retratar como se possuíssemos um “Duplo”, uma “Duplicidade”, um corpo físico e uma alma abstrata. Alma ou Eu que se expressa usando a “Linguagem da Realidade (realidade, no sentido de estar além dos equívocos oriundos das imperfeições dos Sentidos [tato, visão, audição, paladar e olfato] e das captações feitas pelos mesmos)”.

Essa ideia, ou essa tendência de nos imaginarmos duplos (corpo e alma) foi censurada por RORTY já na introdução de sua obra “Consequências do Pragmatismo”, de 1982, quando afirmou que na medida em que temos Alma, essa alma não passa de uma invenção humana. Que ela “exista”, mas que se saiba que não passa de uma mera invenção humana.

RECORTE – essa duplicidade, sendo verdadeira ou não, revela ao menos a necessidade que temos de superar a mesquinhez do cotidiano concreto, físico, material. Talvez, aliás, esse seja o nosso desejo (inato?) mais premente. Queremos que exista outra realidade, outra dimensão que compense o despropósito, a falta de sentido, da vida humana. A partir desse fato, quase que se condena inapelavelmente o “Materialismo” por nele estar, sobretudo, a falta do Sentido Verdadeiro para a vida. A falta de um propósito que vá além dos objetivos que nós mesmos criamos (ficar rico, ter o sexo que desejar, ser famoso, ser amado etc.). Note-se que esse inconformismo com a pequenez do cotidiano é um dos fatores que contribuem para o nascimento e a manutenção das fantasias religiosas e mitológicas. O outro fator é a sensação de impotência que se apodera do Homem que, então, busca em outro Ser (fictício, ou não) o amparo que necessita.

Como já se citou alhures, RORTY bebeu na fonte do Pragmatismo, como, aliás, é corriqueiro na sociedade estadunidense. Mas o que vem a ser essa doutrina? Vejamos um breve resumo abaixo:

PRAGMATISMO – doutrina de CHARLES SANDERS PEIRCE, estadunidense, nascido em 1839 e falecido em 1914, cuja tese central é que a ideia que temos de um objeto, de um Ser, de uma coisa é apenas a soma dos efeitos práticos que possam ser atribuídos ao Objeto, segundo nossa avaliação (Eu, por exemplo, vejo em uma lata de refrigerantes vazia, apenas um lixo. Outra pessoa verá um material a ser reciclado que lhe dará algum dinheiro). Em outro sentido, a doutrina afirma que a Verdade de uma tese só pode ser confirmada, ou não, através da experiência física, concreta, material do Homem, pois como abstração, é só uma fantasia. Outro ponto da doutrina a ser destacado é relativo ao Conhecimento, o qual seria um instrumento a serviço da AÇÃO, tendo o Pensamento um caráter puramente finalistico1; a Verdade de uma tese consiste no fato de que ela seja útil, tenha alguma espécie de serventia, de êxito ou de satisfação.

1 – Finalístico – o Pensamento encerra a sua finalidade em si mesmo e, portanto, não serve como motor, ou impulso para uma ação.

Dentro desse espírito RORTY escreveu a sua primeira grande obra “A Filosofia e o Espelho da Natureza”, de 1979, que se trata de uma tentativa de confrontar a ideia de que o “Conhecimento” é um modo de representar corretamente o Mundo, como se fosse um tipo de “Espelho Mental”. Para ele essa visão não se sustenta por duas razões:

  1. Supomos que a nossa experiência do Mundo é algo que nos foi “dado diretamente (ie, captamos a “informação bruta” do Mundo, sem qualquer esforço intelectual)”.

  1. Supomos que uma vez que essa informação bruta foi captada pelos nossos Sentidos (tato, visão, audição, paladar e olfato), o nosso Raciocínio (Razão), ou alguma outra faculdade (capacidade) da Mente começa a refletir sobre tal informação, refazendo a maneira de como esse (novo) Conhecimento se encaixa no “Todo” e reflete o que é o Mundo.

Mas, seguindo o filósofo WILFRID SELLARS, RORTY acreditava que a noção de que “algo nos é dado (ou seja, captado sem esforço)” é apenas um Mito. Nós não podemos, não conseguimos ter acesso a uma “informação bruta (aquela que mostra o que é, efetivamente, determinado objeto, ou coisa, ou Ser etc.)” por uma característica de nossos aparelhos sensoriais. Nossa idiossincrasia não nos permite experimentar, ou ter uma a experiência, fora do Pensamento ou da Linguagem. Por exemplo, não consigo ter a experiência sobre o que é um cão, se não for através do que Penso sobre ele. Não consigo simplesmente Sentir um cão.

Só conseguimos ter ciência ou conhecimento de algo através do encaixe do mesmo em determinado lugar, ou Conceituação. Conceitos, aliás, que apreendemos por meio da Linguagem. Dessa forma, observa-se que nossas percepções (aquilo que percebemos ou captamos) estão completa e intimamente ligadas ao modo como usamos a Linguagem para nos referirmos ao Mundo.

Tudo que percebemos ou captamos é “acomodado” aos padrões de Linguagem. Nada percebemos que não tenha um nome, um rótulo, um conceito. E caso tal conceito nos seja desconhecido, logo na primeira hora pesquisaremos seu significado para o Conceituarmos. Tendemos, naturalmente, a organizar as informações que nos chegam, pois, talvez por intuição, pressentimos que no Futuro usaremos aquela informação e que é necessário que ela esteja corretamente arquivada nas “prateleiras” de nossa memória para ser facilmente localizada quando for preciso.

RORTY sugere, pois, que aquilo que conhecemos é MAIS uma questão de diálogo (pressuposto da linguagem) com outros indivíduos. Mais uma questão de convívio, ou de prática social. Quando decidimos o que vale como “Conhecimento Efetivo”, baseamos nosso critério na suposição de que aquilo a Sociedade nos deixará dizer (não nos dirá que é ridículo, tampouco, errado, por exemplo) e Menos no fato de saber o quanto aquilo está relacionado com o Mundo. Agradar ao Meio Social, ou evitar sua censura e/ou sua punição, importa-nos mais que a eventual “verdade” do fato.

Assim, o que podemos avaliar como Conhecimento, ou não, é limitado por contextos sociais, por nossa história pessoal e pela liberdade que a Sociedade nos permite ter. Galileu, por exemplo, sabia da rotação da Terra, mas esse “Conhecimento” foi-lhe proibido pela Sociedade da época. A verdade, portanto, segundo RORTY, É o que os seus contemporâneos deixam você dizer, sem medo de punição. Porém, prossegue RORTY fazendo a seguinte indagação: o que é a Verdade? Será apenas aquilo que podemos fazer sem sofrer alguma Punição?

Note-se que nesse ponto, o filósofo está ciente de que existem fatos e nuances que ultrapassam a dicotomia: “verdadeiro ou falso” e exigem uma abordagem mais complexa. Principalmente no Campo da Ética. Vejamos a seguinte situação:

Usar crianças como soldados soa para a maioria das pessoas como um ato condenável. Antiético. Mas essa é uma opinião relativa, pois os que se beneficiam do sofrimento desses soldados-crianças acham tal procedimento correto. E até Ético, se ingênua ou cinicamente, considerarmos que tais soldados-crianças lutam pela liberdade de seu povo, por um Ideal, em buscam de melhores condições de vida etc.

Vê-se, pois, que para cada argumento haverá um contra-argumento. A verdade pura estará sempre encoberta por várias camadas de pré-conceitos, pré-julgamentos, crendices, pseudo moralismos, cinismo, ingenuidade e outras tantas facetas do caráter humano. É um diamante que só se revela após uma dura e difícil escavação. Em verdade, tal escavação é a “Mauêtica*”, o método de Sócrates utilizava para desvendar o significado mais profundo de cada noção, como, por exemplo, da Bondade, da Beleza, da Justiça, da Maldade, da Fealdade, da Injustiça etc.

MAIÊUTICA* Como se sabe, Sócrates questionava as pessoas que se achavam donas de certo saber. E suas indagações iam progressivamente mostrando que o Conhecimento que tal indivíduo julgava possuir, de fato era mínimo, ou sequer existia. E por mais que se buscasse o fim dessas dúvidas a ele nunca se chegasse, Sócrates, em toda sua humilde grandiosidade, admitia que “só sei, que nada sei”.
Através de Platão e dos célebres “Diálogos” que ele escreveu tendo Sócrates como protagonista, sabe-se que a maioria dos indivíduos interpelados era inconscientemente ambígua sobre o que falava, demonstrando, pois, a superficialidade do Saber que julgavam possuir. E isso apesar da prévia convicção de que dominavam o assunto em debate. É claro que tais indivíduos representam a maioria dos Homens de todas as épocas, inclusive a nossa.

Doravante abordaremos outro ponto do Ideário de RORTY, embora o tema ainda seja o Saber, o Conhecimento.
Falamos com regularidade a sentença “Do fundo do coração1, mas não se torna claro, automaticamente, o que queremos dizer ao usarmos tal frase. Para melhor apreciarmos o ideário de RORTY sobre a questão dividiremos o assunto em três partes:

1 – “Fundo do Coração” é uma metáfora que RORTY utiliza para simbolizar nossas sensações mais intuitivas. Aquelas que estão além da racionalidade.

Ao dizermos, por exemplo, “eu sei do fundo do coração que isto é errado", parece que falamos do “Erro” como se fosse algo externo, incrustado no Mundo. E que esse “algo externo” fosse reconhecível. Falamos de tal modo que parece existir uma “essência, uma alma” do “erro”.

Ao dizer que “sabemos do fundo do coração”, sugerimos que esse “Ente Misterioso (o fundo do coração)” é uma “coisa” que capta a “verdade das coisas”, sem que saibamos o porquê. Tampouco sabemos o que seria essa “Entidade (o fundo do coração)” que captura a “Realidade do Mundo”.
Por isso, parece que estamos falando que existe uma ligação direta entre o nosso “Fundo do Coração” e as Essências das coisas que existem. Se, pois, temos essa capacidade, mesmo sendo inconsciente, imaginamos que ao conhecer algo do “fundo do coração” teremos acesso à sua essência. O conhecimento seria, então, uma maneira de espelharmos o Mundo.

Tal pressuposto para RORTY é inaceitável, pois contraria completamente a sua crença de que somos incapazes de captar qualquer coisa sem lhe deixar alguma marca pessoal. A partir daí e por coerência com sua desconfiança acerca de nossa capacidade de absorver qualquer tipo de Essência, o filósofo abandonou a tese de que existem Verdades Morais Fundamentais. Não pode, dizia, haver o Certo ou o Errado Absoluto, pois o Conhecimento ou o Saber, como já se viu, é apenas aquele que a Sociedade nos permite; logo, esses conceitos dependem das circunstâncias da época. É uma situação difícil de aceitar, reconhecia RORTY, pois ao fazer algo que socialmente é correto, mas que intimamente julga errado, o indivíduo se sente como “traidor” de sua convicção mais intima e verdadeira.

Contudo, indaga o filósofo, é mesmo necessário acreditar que ao fazer algo que julga errado, traíram-se seus valores básicos? Mas quem pode garantir que esses “Valores básicos” estão corretos, são justos? Deve-se crer que há alguma Verdade sobre a vida, ou alguma “Lei Moral Absoluta” que se está violando junto com os “Valores Básicos Individuais”? E, pior, é preciso acreditar nisso para imaginar que se agiu de acordo com a dignidade humana?

Não! Responde RORTY, com firmeza. Para ele somos simples mortais sem acesso a nenhuma Verdade Moral mais elevada. E, prossegue, essa constatação deveria bastar para atenuar nossa responsabilidade e aliviar a nossa Consciência, assim como a ofensa que cometemos contra o outro, na ocasião do erro cometido. É claro que isso não significa um perdão incondicional, pois ainda que relativa, sempre existe alguma Moral a ser observada. Também não significa que a vida deixou de ter problemas, porém, como não existe, ou não temos acesso a uma Lei Moral Absoluta, deveremos aperfeiçoar continuamente os nossos parâmetros éticos para bem solucionar tais problemas.

E para RORTY isso já é feito através da solidariedade. Somos deixados “com nossa lealdade” junto com outros Seres Humanos para juntos enfrentarmos as adversidades. Ou seja, na falta das “Luzes da Razão (ou do esclarecimento do raciocínio) o Instinto de animal que somos, faz-nos agir com nossos melhores sentimentos em relação aos demais, para poder esperar que o inverso aconteça conosco. Talvez, continua o filósofo, isso seja o suficiente.

A humildade de reconhecermos que não somos capazes de atingir uma Verdade Absoluta sobre o que é o Bom, o Mal, a Justiça etc. sugere-nos o exercício da solidariedade mutua e o efetivo exercício da Esperança de que deixaremos aos nossos descendentes um Mundo melhor.


Rio, 26 de Março de 2012.

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