quarta-feira, 21 de março de 2012

A Sodoma dos Homens

O som que fere
o silêncio da noite
recém chovida,
revela o voar
de quem nunca
pôde andar.

É o anjo triste
em busca da paz
que lhe disseram
e do amor
que não lhe deram;

mas tais já não existem,
jovem amante antigo.
Foram extorquidos
pelos Homens enlouquecidos.

Levaram ambos,
rotos mulambos,
pelas ruas sem esquinas
das cidades marroquinas.
Estão perdidos na Bagdá
das mil e uma noites
e gemem sob os açoites
um choro desamparado
de orfão rejeitado.

Saia dessa Sodoma,
desse bíblico Genoma,
pois cá só te espera
o estupro por Homens
pervertidos.

Ande! Que se apresse,
que se corra dessa
luxuriosa Gomorra,
terra de só ambição,
de ganho, de lucro
e do amor sem paixão.

Volte ao Sétimo Céu
e lá se abrigue
desse erro da Criação.
Aqui, é o Mundo Perdido
que pelos deuses foi esquecido.

Não se nos juntem
nesse bêbado olvido,
pois Apolo se aproxima
e logo terá amanhecido.

É assim que tem sido...
é assim que tem sido...

2 comentários:

  1. Nossa, meu doce poeta. Que lindo e assustador. Saudades.

    LB

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  2. Querido poeta amigo

    Letra digna de música, pela cadência, tipo das do Gabriel o Pensador, só que bem mais profunda.Ah! Se ele te descobre!!!!!
    Abraços
    Rosana

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