quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Triste voo do Condor



Será inútil reler a vida,
pois os poemas que se escreveu
esmaeceram em pálidas páginas
e os corredores que ligavam salas e quartos
esvaziaram-se de todas as presenças.
E já não se escutam risos ou lamentos.
Apenas o silêncio preenche todos os vazios
e só te restou uma sombra que tanto assombra.
Esquálido espectro, pouca carne tens.
E menos alma, ainda.
Dizem que foi o vício, o sonho, a utopia
e só uma fantasia que nunca mais voltou.
As rimas ficaram na gaveta,
mas a dor se recusa ser guardada.
Ardem contínuas as garras do Condor ultrajado.


Para Bete, assassinada em 25.09.1976 nos porões da Ditadura. Saudades.



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