quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Vozes do Fim

Frívolas vozes
contam-me o fim,
como se dele
eu não participasse.

Dizem-me hipócritas consolos,
como se tais me aliviassem.
Como se um anjo os enviassem.

Invejo-te espectador
da minha desventura.
Bom seria se não fosse
tanta amargura.
Mas esse fim
que eu nunca quis,
esmaga-me como
grosseria sem verniz.

Sim, eu sei Cavalheiros,
minha dama se foi por inteiro.
Sim, prezadas Damas,
reabasteço meu drama
ao deitar-me no vazio
do leito frio.

Porém, Senhoras e Senhores,
nada pude contra o desamor.
Deixem-me, pois, dolorido
e entristecido. E contentem-se
em gozar do próximo
choro sofrido.

Logo, outro amor sucumbirá
e lhes será entregue.
Outra dor ficará ao vosso prazer.
Aproveitem o lazer.

3 comentários:

  1. Digo,

    Nenhum poema encerra em si uma realidade

    (...e, contudo, todos a guardam)



    Digo, e já o disse outra Pessoa,

    Todos os poetas são finjidores

    (palavra habilmente composta por outras duas palavras, assim unidas)



    Digo,

    Só sente completamente quem o sente



    (Frívolas vozes

    contam-me o fim,

    como se dele

    eu não participasse).





    E, por fim,

    (esperançadamente longe do mesmo,
    mas ainda assim próximo o suficiente
    para me prever como assemelhado verso)


    Te digo, amigo

    que tua poesia sempre me toca,

    Mas que este poema, em especial, tocou-me demoradamente



    Talvez porque também este poeta nada pode fazer contra o desamor



    Grande Abraço

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  2. Lindo poema, de grande sensibilidade! Te amo poeta!

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