Frívolas vozes
contam-me o fim,
como se dele
eu não participasse.
Dizem-me hipócritas consolos,
como se tais me aliviassem.
Como se um anjo os enviassem.
Invejo-te espectador
da minha desventura.
Bom seria se não fosse
tanta amargura.
Mas esse fim
que eu nunca quis,
esmaga-me como
grosseria sem verniz.
Sim, eu sei Cavalheiros,
minha dama se foi por inteiro.
Sim, prezadas Damas,
reabasteço meu drama
ao deitar-me no vazio
do leito frio.
Porém, Senhoras e Senhores,
nada pude contra o desamor.
Deixem-me, pois, dolorido
e entristecido. E contentem-se
em gozar do próximo
choro sofrido.
Logo, outro amor sucumbirá
e lhes será entregue.
Outra dor ficará ao vosso prazer.
Aproveitem o lazer.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDigo,
ResponderExcluirNenhum poema encerra em si uma realidade
(...e, contudo, todos a guardam)
Digo, e já o disse outra Pessoa,
Todos os poetas são finjidores
(palavra habilmente composta por outras duas palavras, assim unidas)
Digo,
Só sente completamente quem o sente
(Frívolas vozes
contam-me o fim,
como se dele
eu não participasse).
E, por fim,
(esperançadamente longe do mesmo,
mas ainda assim próximo o suficiente
para me prever como assemelhado verso)
Te digo, amigo
que tua poesia sempre me toca,
Mas que este poema, em especial, tocou-me demoradamente
Talvez porque também este poeta nada pode fazer contra o desamor
Grande Abraço
Lindo poema, de grande sensibilidade! Te amo poeta!
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