terça-feira, 11 de outubro de 2011

A Cidade

Na moderna cidade,
caixa de concreto,
prevalece o ângulo reto.
Na grade, avisa o aviso:
baniu-se o sorriso.
No muro, informa o cartaz:
cães (e donos) anti-sociais.

Sonhos e desejos em Néon.
Grafites escuros em Cryon.
São cavernas dos homens de Cro-Magnon.

Apocalípticos prevêem o Juízo Final.
Bêbados desperdiçam um triste riso.
É mais um sinal.

Neuróticos temem a morte por Antraz.
Para os suicidas, tanto faz.
Não há retorno, nem volta para trás.
Que todos descansem em paz.

Velhas putas buscam o que lhes deem sustento.
Poetas tentam sê-lo, mas as rimas não saem a contento.
Jovens mulheres choram um triste lamento.
Atos simultâneos de um só momento.

Quando a noite chega, a cidade dorme.
Novos seres a povoam. Gente disforme.
Citadinos noturnos. Sem luz nem nome.

Carregam suas cruzes. Viajam avenidas
e no fundo, acreditam em outras vidas.

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