quarta-feira, 9 de março de 2011

Entulho

Silêncio tão espesso,
que nem se lembra do começo.
Recluso do Mundo,
sou esse largo e profundo
Oceano de água vertida,
sem estrela caída.

Entre o rigor do orgulho
e o breu do mergulho,
vagueio entulho.

Que fim levou
o que conheci?
As árvores que vi
e os ardores que senti?
E pensar que ainda ontem,
tudo estava aqui...

A vida em croqui
no lápis d´algum deus
que planeja inúteis retas
e vagos ângulos,
além dos triângulos
que atravessei
nos choros que chorei
pelas dores que só eu sei.

Estou só como tu,
*anjo deformado.
Gauche e parado,
enquanto a vida passa ao lado.


* da poética de Carlos Drumonnd de Andrade.

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