domingo, 27 de março de 2011

Ária

Bachiana que faz
um Brasil erudito
passar pelos olhos
da Soprano, enquanto
a brisa lhe passa
e a saudade se espaça.

A Pátria da infância
tinha cheiro de terra
e gosto de pitanga.
Villa-lobos já embalava
a árvore em que eu sonhava
e que sustinha o ninho do colibri
que, às vezes, ainda me visita
nesse retângulo de Céu,
dez andares acima.

O Solista vibra o Celo
como vivi cada rompante
no fio trepidante.
Ímpeto e brandura,
paixão e tortura,
no Brasil que havia aqui.

Agora não mais...
A cadência no murmúrio
da Mezzo, indica um fim.
Todos os fins.


Para Eliane, ao som da Bachiana n. 5 de Heitor Villa-lobos

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