segunda-feira, 8 de abril de 2013

Árvore Seca

Agora, a árvore seca
revela a própria morte.
Quando fui moço,
bebi a sua sombra
e adormeci o seu verde.
E foram as suas folhas
as minhas primeiras poesias.
E foram em suas plumas
que viajaram meus timidos
amores primeiros.
Depois, a vida carregou
as folhas e as almas
por outros caminhos,
mas eu nunca pude esquecer
de como era bonito
vê-la trocar as cores do rosto
em cada Outono chegado.
E vê-la, então, de bronze vestida
ostentar a elegância
das damas inacessíveis.
Nunca pude esquecer o gosto
de afagar as rugas de seu caule
e as cicatrizes de sua face
que o tempo e a maldade lhes acrescentava.
O gosto de lhe sentir a seiva.
De sentir-me a vida.
De lhe saber casa e abrigo
do colíbri que nos frequentava
e do Saci que nos assombrava.
Nunca pude esquecê-la...

Mas agora
os amores se foram,
as crianças cresceram
e os caminhos já foram caminhados.
Ficou a seca árvore sofrida
e a saudade do que se perdeu pela  vida.

Um comentário: