SUTRAS –
São pequenos e resumidos
textos que versam sobre assuntos diversos, tais como: gramática, astronomia, astrologia, geometria, leis, ética, sexo,
prazer (por isso o
“KAMA-SUTRA”) etc.
A partir do século VII EC. proliferaram os
comentários sobre os textos sagrados, mas estes comentários eram de tal modo
resumidos e/ou ininteligíveis que não podiam ser entendidos e isto ensejava
outro comentário sobre o anterior, cada qual, é claro, trazendo diferentes
interpretações sobre os fatos analisados.
Por fim, tal Sistema de
interpretação foi codificado e, em meados da Idade Média ocidental, estipularam-se os seis sistemas filosóficos
com o propósito de consolidar os aspectos relativos ao assunto em questão.
Com a colonização
inglesa no século XVIII e a popularização da Cultura indiana no Ocidente, camadas
de menor capacidade intelectual passaram a se deliciar com a visão naturalista
que os hindus tinham do sexo. Em razão desse apelo grosseiro, textos que
versavam sobre o assunto logo ganhavam legiões de seguidores, sobressaindo-se
dentre outros o SUTRA que se dedicava a explorar o prazer físico; o KUNDALINI,
ie, a força vital contida no sexo; o
NIRVANA possível através do orgasmo etc.
Foi, então, que o KAMA-SUTRA se tornou um mero manual de
posições sexuais, para uso de gente com esse nivel intelectual e cultural. Aliás, são poucos os que o
conhecem em seu formato original, o literário. Normalmente só sabem das edições
que substituíram os textos por gravuras, ou desenhos, ou fotografias.
A seguir, avançaremos
sobre o assunto.
KAMA-SUTRA
termo oriundo de: SUTRAS (textos explicativos)
+ KAMA
(a busca do prazer);
ou seja, manual
para se atingir o prazer.
Foi escrito entre os
séculos III a V d EC por VATSYAYANA* que fez uma extensa classificação das
formas de amar. Além das indicações para o coito, a obra descreve oito tipos de
“dentadas amorosas” e três formas de
se “beijar uma donzela”. Também se
oferece como um manual de comportamento em outras esferas; como um livro de receitas de afrodisíacos e de dicas de beleza e
traz em todo seu bojo uma feroz condenação aos meios contraceptivos, pois
evitar a procriação, para o HINDUÍSMO, soa como evitar a “lei da vida”.
Embora seja considerado
pelos ocidentais um simples manual de sexo, repleto de posições acrobáticas; o KAMA-SUTRA tem, na
verdade, um significado mais transcendente para os hindus.
Ao unir pessoas, o ato
sexual seria capaz de resolver desentendimentos ocorridos em vidas passadas e,
assim, melhorar as perspectivas para as encarnações futuras. Também é capaz de
proporcionar meios para se atingir o possível Nirvana, exercitar a “Força Vital” e outros benefícios que vão
muito além do simples prazer hedonista que predomina nas relações ocidentais.
MANTRAS
– 1° hinos
rituais Védicos entoados em louvor dos deuses ou para pedir-lhes alguma graça; 2° palavra oriunda de “MAN
(pensar)”
+ “TRAN
(liberar)”
que pode ser traduzida como “Libertar-se dos pensamentos (mundanos)”.
São Silabas ou Nomes Sagrados (por
suas letras, som e significado)
que são pronunciadas e ouvidas para produzirem a expansão da consciência.
O
MANTRA
mais sagrado e talvez o mais difundido seja o “OM*”.
OM (AUM) –
A palavra OM é muito repetida pelos hindus durante suas meditações e geralmente
é cantada ou escrita no inicio e no fim de qualquer coisa, para atrair bons
sentimentos. Em termos fonéticos, deve-se registrar que as três letras A,
U, M são pronunciadas “OM”, porque em SÂNSCRITO o som de “O” é formado a partir do ditongo
A+U.
Conta-se, nos PURANAS*,
que o deus SKANDA* perguntou qual seria o sentido desse termo ao deus
demiurgo BRAHMA, que, em resposta, recitou uma ladainha com doze mil
versos, os quais, porém, não elucidaram a dúvida de SKANDA. E como esta, várias
outras histórias são contadas.
Efetivamente, o
significado de “OM” é difícil de ser compreendido e, no entanto, é o mais
poderoso dos MANTRAS.
Conforme alguns
eruditos, “OM” é “Deus em Si
mesmo” e o símbolo universal do HINDUISMO,
assim como a Cruz é para os CRISTÃOS
e “A
Roda de Oito Raios” é para os BUDISTAS.
Conforme diz o sábio SARAWASTI*, as Escrituras dizem que
aquele que pronuncia esse MANTRA com
fé e devoção alcança a libertação da SAMSARA*
já neste mundo.
Para outros estudiosos,
é o Som
ou a Silaba
sagrada que representa BRAHMAN, a “Alma
Universal”.
YOGUES
(ou
YOGUINS) dizem ouvir esse som contínuo, transcendente e
arquetípico durante os estados de meditação profunda. E aqui vale o registro de
que a ciência já comprovou existirem alterações cerebrais naqueles que praticam
alguma forma de concentração intensa, independente do objeto da concentração.
Por fim, registre-se
que em sentido literal: “OM”
significa “Tudo”; isto é, Passado, Presente e Futuro. Ou a plenitude da
vida material e/ou espiritual.
LÓTUS
SAGRADO – Lótus
é uma planta aquática, típica da região indiana, que teve seu nome emprestado a
uma das Deusas do panteão hindu, a
Deusa Lotus.
O
Lótus germina e nasce na sujeira do lodo e oferece uma flor de deslumbrante
alvura. É esse simbolismo: do lodo à
pureza da flor de imaculada brancura, que lhe concede um lugar de destaque na
teologia hindu.
Conforme
a tradição, uma das versões sobre a origem do deus demiurgo BRAHMA
relata que o mesmo nasceu de um Lótus dourado, ornado com mil pétalas e de
brilho correspondente ao do Sol.
Também
é freqüente que o Lótus apareça como o pedestal de BRAHMA e doutras
divindades; todas sentadas sobre suas pétalas. Porém, a que mais se relaciona
com a flor é a deusa LAKSHIMI*, além daquela que lhe
emprestou o nome, pois, na Índia antiga, tanto LAKSHIMI quanto a deusa LÓTUS
eram as protetoras dos cultivares de arroz, tendo como “filhos” o lodo e a umidade que são indispensáveis para a
fertilidade do solo.
A
deusa LÓTUS é representada como uma mulher de pele dourada, característica da
planta, que concede prosperidade e grande prole a todos aqueles que a reverenciarem.
GUNAS –
é um termo polissêmico e que ganhou popularidade no Ocidente graças à Teoria das Super Cordas, na
qual se afirma que a origem primeira da matéria provém de vibrações similares àquelas
que uma corda de violino provoca e que produz sons.
A seguir os significados mais corriqueiros para o mesmo:
1° em
sentido literal: cordas;
2° qualidades,
modalidades, atributos;
3° forças
ou qualidades que impregnam todas as coisas, vivas ou não, em proporções
diferentes, garantindo a sua heterogeneidade e complementaridade;
4° nos
humanos, a preponderância de uma GUNA é o resultado do KARMA* acumulado e define a tipologia comportamental, ie, a
tendência de temperamento, gostos, habilidades físicas, intelectuais e/ou artísticas.
Subdividem-se em:
·
RAJAS* = expansão, luminosidade,
atividade, calor, euforia, desejo, criatividade, exteriorização;
·
TAMAS* = contração, obscuridade, frio,
apatia, passividade, inércia, receptividade e interiorização;
·
SATTVAS* o equilíbrio entre opostos,
lucidez, discernimento, sensibilidade.
5° conforme
o BHAGAVAD-GITA,
a PRAKRITI quando é observada como Natureza objetiva, física, concreta,
divide-se, também, nas três GUNAS mencionadas:
·
TAMAS, inércia ou trevas;
·
RAJAS, atividade ou fogo;
·
SATTVA, harmonia ou luz.
Destarte, quando num Ser humano prevalece o GUNA-TAMAS ele é
torpe, preguiçoso e/ou apático. Se prevalecer o GUNA-RAJAS será progressivo,
impulsivo e/ou orgulhoso. Predominando a GUNA-SATIVA será equilibrado,
harmônico e compreensivo;
Nada existe que esteja
livre da influência das GUNAS, pois esses três poderes
nascem da Natureza e prendem o “Espírito Infinito” ao mundo finito.
Essas qualidades não são simples acidentes da PRAKRITI, mas são de sua própria
natureza e formam parte de sua composição.
MAHABHARATA – é o maior poema épico do Mundo, possuindo mais de cem mil versos.
Atualmente o texto contém retoques e interpolações e não é mais possível recompor sua forma original que, provavelmente, já estava concluída em meados do século IV AEC.
Conforme
os estudiosos, a obra foi escrita em uma época de grandes transformações
sociais na Índia e descreve os motivos, o decorrer, a conclusão e o pós-guerra
da luta que envolveu os KÁURAVAS contra os PÂNDAVAS.
Alguns
a julgam uma metáfora que se refere à luta dos povos indianos autóctones
contras os invasores ARIANOS, pois o local onde se dá a última e decisiva batalha
é chamado de KURUKSHETRA e se situaria entre os rios SUTLEY e JUMMA, onde se
concentrava o centro da cultura Indo-ARIANA.
Nos
últimos 1.500 anos, o épico inspirou vários poetas, teatrólogos, orações e
meditações. Assim, peças teatrais, fábulas, romances, pinturas, e aforismos
para YOGUES* têm influenciado milhões de hindus.
Conforme
a tradição seu autor foi VYASA, mas o fato do poema ter se desenvolvido ao longo
dos séculos coloca sob suspeição essa autoria. O tema central da história
envolve o DHARMA* da realeza e pode ser sintetizado da seguinte maneira: quando
o rei PADU* morreu o trono dos KURUS* passou para seu irmão - patriarca dos
KÁURAVAS*, que criou seus sobrinhos, os PÂNDAVAS*, os quais seriam os legítimos
herdeiros.
Os
PÂNDAVAS cresceram junto com os primos KÁURAVAS, mas ao atingirem a maioridade,
DURYODHANA*, o primo primogênito, alegou ter direito ao trono e após um
fraudulento jogo de dado logrou expulsar os PÂNDAVAS do reino.
Após
treze anos os PÂNDAVAS retornaram e, então, aconteceu a guerra entre os primos.
Todos os KÁURAVAS são mortos e os PÂNDAVAS assumem o trono e reinam até que
lhes é chegado o momento de se autoexilarem nas florestas (conforme o costume
de então) à espera da morte, que para eles significava ingressar no reino do
deus INDRA* onde aguardariam novas encarnações.
O
trono ficou, então, com o filho de ARJUNA, que talvez seja o personagem
mais conhecido no Ocidente, pois ele é o interlocutor do deus KRISHNA* no BHAGAVAD
GITA*, que, é um capítulo do Poema.
Registre-se,
também, a existência de outro Épico que seria maior que o MAHABHARATA, no QUIRQUISTÃO
– Ásia Central. Contudo, dele não há registro escrito, apenas a forma oral que
ainda é recitada por cantores.
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