KALI
– É a
personalidade mais aterradora do Hinduísmo. Na realidade, contudo, é apenas uma
das faces de PARVATI (A poderosa “Deusa-Mãe” ou
“MAHADEVI”, esposa de SHIVA),
que, ao se zangar, deixa fluir seu lado mais sombrio. Nada que nós mesmos não
fazemos em nossos momentos de ira.
Insaciável
em sua sede por sacrifícios sanguinolentos, KALI, geralmente, é retratada usando um colar de crânios, trazendo
a cabeça de um gigante nas mãos e gotejando sangue de sua língua protuberante.
Tal
qual seu marido, também dispõe de um terceiro olho. Nesse estado, é comum ser
representada com a sua vestimenta de cobras, manchada de sangue e com um colar
dos crânios de seus próprios filhos.
Porém,
e apesar da aparência, KALI é uma
divindade positiva, pois representa apenas outro aspecto de “nossa mãe interior”; ou seja, aquele que destrói com vigor (e talvez com violência) o
Ego inferior.
Se
não se renúncia conscientemente aos fúteis prazeres materiais, a “Natureza Infernal” providenciará esta
dissolução nos “infernos atômicos da
natureza”.
A
“Deusa-Mãe
Universal” dos indianos já era cultuada antes da invasão ARIANA e da
compilação dos VEDAS.
Na
atualidade, é a divindade mais popular entre os cidadãos médios, mas para
alguns Ocidentais (por ignorância ou má fé) não passa de uma comprovação do “barbarismo Hindu”, talvez esquecidos
das representações sangrentas de seus Santos, Mártires e do próprio Jesus
crucificado.
KALI também é o nome de um dos sete
tipos de fogos ritualísticos e, também, o nome da última (a atual) das quatro “Eras Védicas (KALI-YUGA*)”; aquela que é marcada pela violência,
hipocrisia, destruição dos recursos naturais, discórdia etc.
PARVATI
– a DEUSA (ou
DEVI*) é tida como a consorte de SHIVA. Talvez um dos casais mais populares do
HINDUISMO.
Segundo
a tradição, PARVATI é a personificação da paciência e da bondade. Protetora dos
casamentos, ela têm como objetivo construir uma família e um lar, para, assim,
dar vazão ao seu instinto maternal.
É
um contraponto ao seu marido, SHIVA, que é violento, intempestivo e avesso a
todas as regras sociais. Para o “deus da destruição” quanto mais afastado da
vida em comunidade, melhor.
Mas
apesar dessa brutal diferença de personalidade, ambos se completam e são
inseparáveis. SHIVA nada seria sem PARVATI.
A
amável e bela deusa, filha do rei epônimo do Himalaia, é a força (a energia de
SHIVA) com a qual ele faz a transformação do Mundo. Apenas ao lado da mulher é
que o deus manifesta toda sua potencialidade.
PARVATI
é a suprema energia, que em SÂNSCRITO é chamada de SHAKTI*. Tudo nasce dela; o
que, em verdade, é uma regra para os outros casais de deuses.
Sem
suas companheiras, os grandes deuses seriam corpos sem vida, incapazes de agir.
Dessa sorte é que BRAHMA é associado à sua esposa SARAVASTI, que lhe dá a
capacidade de criar. VISHNU é consorte de LAKSHMI, por meio de quem ele mantém
a criação. E SHIVA têm PARVATI.
Juntos,
formam uma única essência e permitem a existência do Universo. Conforme alguns
eruditos: “a mulher representa a energia ativadora, enquanto o homem significa
o poder de transformação”.
Nas
representações, SHIVA e PARVATI quase sempre são retratados de braços dados e
sorridentes. Inspirados na imagem dessa relação harmônica, os devotos recorrem
à deusa para pedir benções aos seus próprios casamentos, mesmo sabendo que o
relacionamento dos deuses não é perfeito, pois como as outras divindades, eles são
antropomórficos e, portanto, tão falíveis quanto são quaisquer outros humanos.
Às
vezes, as diferenças causam desavenças e, em alguns mitos, PARVATI protagoniza
o papel de esposa intolerante, enquanto SHIVA age de modo irresponsável e
egoísta. Para ilustrar esse fato, observa-se que o maior sonho dela seria ter
um filho com ele, mas ao “Senhor da YOGA” não interessa a procriação, já que a
Criação não é a sua função primordial (deve-se ter em mente a sua função de
destruidor). Por isso, aliás, quando dos nascimentos dos dois filhos do casal,
SKANDA* e GANESH*, o pai estava ausente.
Todavia,
essas rusgas são vistas com naturalidade já que o antropomorfismo é uma
constante no HINDUISMO.
A
história de amor do casal é contada no livro sagrado SHIVA PURANA (ver
PURANAS), datado de c. VII AEC Nele, conta-se que PARVATI nasceu com a missão de
se tornar a esposa de SHIVA, pois, após ele ter perdido a sua primeira mulher,
mergulhou em profunda meditação e PARVATI deveria tirá-lo desse estado de
inconsciência, para que ele voltasse a cumprir o seu papel de destruidor.
Além
disso, ela deveria gerar um filho dele, pois a criança seria a única forma de
vida capaz de matar um demônio que ameaçava o Mundo naqueles tempos.
A
conquista amorosa foi difícil. Conforme os eruditos: “a mulher, para merecer o
casamento com uma figura destacada, precisa provar que têm capacidade de
acompanhá-la e, se necessário, até mesmo superá-la“.
O
caminho escolhido por PARVATI para impressionar SHIVA foi a via de “TAPAS” (ou
da perseverança)* que, conforme as crenças hindus, é um dos mecanismos mais
eficientes para realizar um determinado desejo. Acredita-se, até, que depois de
algum tempo realizando esse exercício, o calor liberado pelo corpo pode até
queimar o Mundo.
E
como PARVATI ficou durante muito tempo apoiada em apenas uma perna, no meio de
quatro fogueiras e em pleno verão, o calor acumulado foi tanto, que os outros
deuses forçaram SHIVA a consumar o casamento.
Desse
modo, PARVATI cumpriu seu destino e se tornou a companheira de SHIVA.
PARVATI,
em Sânscrito, significa “Montanha”, mas a deusa também é chamada de: MAHAVEDI*,
KUNDALINI*, UMA*, DURGA* e KALI*.
LAKSHIMI
– Segundo a
tradição, quando os demônios reviraram o “Mar
Cósmico” (feito
de leite) com a
montanha sagrada MANDARA*, fizeram emergir a “CRIAÇÃO (a regurgitação dos Buracos
Negros que os Cientistas ocidentais acreditam ter existido?)”.
E
foi com esta agitação, a deusa LAKSHIMI
surgiu trazendo um néctar celestial que imortalizou os deuses (a Ambrósia grega?).
Desse
modo a tradição hindu relata o aparecimento da Deusa da Fortuna e companheira
do grande deus VISHNU, o segundo na hierarquia indiana.
LAKSHIMI
pode assumir diversas formas, sempre de acordo com a encarnação de seu marido.
Aqui citaremos algumas de suas encarnações mais célebres:
1) FLOR DE LÓTUS, quando VISHNU
encarnou como o anão VAMANA*;
2) SITA*, a esposa de RAMA*;
3) RADHA*, a esposa de KRISHNA*,
entre outras.
4) SRI – ver abaixo.
Não
obstante sempre figurar ao lado de seu esposo, LAKSHIMI – como a Deusa Mãe – tem seu próprio culto e são inúmeros
os seus devotos.
Segundo
a tradição, as águas do rio são despejadas de potes sagrados que o deus SHIVA
ergue e despeja sobre a própria cabeça para que os seus longos cabelos
amorteçam o impacto da queda, pois se assim não fosse, a força das águas
destruiriam o Mundo com sua tremenda pressão.
Para
os hindus, originalmente o rio GANGES corria apenas no Céu, mas SHIVA desviou a
torrente de GANGA para a Terra, permitindo-lhe, assim, ser o nascedouro da
vida.
A
deusa GANGA, por correlação direta, é associada à Criação e a abundância.
RADHA –
a companheira de KRISHNA não é propriamente uma deusa, mas pelo seu
envolvimento com o deus e por suas qualidades também recebe certa veneração,
ou, ao menos, uma grande simpatia dos hindus. RADHA
era a GOPI* (ordenhadora) preferida
de KRISHNA*. E ela, por sua vez,
dedicava-lhe um amor puro e sincero.
A história que se conta
sobre o casal é que em certo dia RADHA
e suas companheiras estavam se banhando num riacho quando ela começou a entoar
cantos fascinantes. KRISHNA,
ouvindo-a, escondeu as roupas das GOPIS
por pilhéria, dizendo-lhes que as devolveria se cada uma lhe beijasse.
Enquanto elas se
reuniram para decidir o que fazer, um feroz demônio ateou fogo na região e
KRISHNA o apagou com vigorosos suspiros, embora tenha ficado todo chamuscado.
Condoída, RADHA beijou-lhe os lábios e KRISHNA ficou apaixonado. A partir desse momento não se interessou por outra mulher e passaram a formar um casal muito unido.
Alguns estudiosos veem em RADHA um AVATAR* da deusa-mãe LAKSHIMI*.
Conforme
a tradição, SITA é uma AVATAR da deusa LAKSHIMI*, o que a torna especialmente venerada.
Segundo
o épico RAMAYANA*, SITA foi raptada pelo demônio RAVANA* e levada para a sua morada.
No
prosseguir do Poema, o deus e marido RAMA,
ajudado pelos exércitos do deus-macaco HANUMAN*
(um exército de símios) a resgata e a
torna rainha.
SITA, apesar do assédio de RAVANA, permaneceu devotada ao esposo e
daí vem o simbolismo de sua personalidade:
a mulher que encarna a virtude da lealdade.
SRI –
a esposa de VISHNU*. SRI é uma deusa
muito associada ao YOGA*, à meditação e independentemente de seu marido têm
inúmeros devotos.
Deve-se, todavia,
registrar que SRI é um termo que
pode englobar outras concepções e para alguns é mais que uma esposa.
Seria uma das formas
que VISHNU encarna, ou seja, um dos AVATARES do deus, uma forma de sua
energia.
SARAVASTI – a deusa e esposa do deus demiurgo BRAHMA*.
SARAVASTI – a deusa e esposa do deus demiurgo BRAHMA*.
Assim
como a “Eva” judaico cristão, SARAVASTI
foi feita a partir do corpo de seu marido e foi da união de ambos que nasceram
os seres vivos.
É
vista como da deusa protetora dos artistas e das artes (a ATENÁ grega?) repleta de amor e compaixão.
Bom dia Fabio, meu nome é Manoela, sempre fui fascinada pela a Índia,mais nunca tive muito conhecimento sobre as crenças e religião do país,ultimamente estive pesquisando sobre livros que citam a Índia,um deles é A Maldição do Tigre,que renderam mais 4 livros para autora e em mim uma ressaca literaria.Admito que gostei do livro,por ter um romance, mais o que mais me interessou foi que a historia acontece na Índia.No livro a autora cita a Deusa Durga, e é ai que fica minha duvida e discordância, no final a autora da a entender que a Deusa é uma ilusão,sem contar que durante toda a historia as imagens que tem da Deusa nos templos,assumem vida,porém não sei se ha registros verdadeiros,do que é citado,ou se é mera criação da autora.Gostaria de saber se vc tem algum conhecimento desse livro e se pode esclarecer minha duvida sobre a Deusa, pois o que pesquisei sobre ela, na internet, também é mencianado nesse livro
ResponderExcluirCara Manoela, a deusa Durga, na verdade é apenas uma das facetas de MAHA-DEVI,ou a Grande - Deusa, ou a Deusa.
ExcluirÉ, portanto, uma figura religiosa. E é tão real para os hindus, quanto Nossa Senhora, conhecida como a mãe de Jesus, é para os cristãos.
Mais que uma ilusão, a Deusa Durga é uma figura que está inserida na Religião Hindu, na qual mais de um bilhão de pessoas acredita.
Obviamente que não se trata de uma pessoa física, mas volto a compará-la com Nossa Senhora, cuja existência se deve muito mais à fé de quem nela crê, do que a qualquer comprovação de sua existência material.
Grato, por tua leitura. Abraços.
Obrigada Fabio, admiro a fé dos hindus, e apesar de não ter muito conhecimento sobre a religião,me senti ofendida com a maneira em que a autora cita a Deusa,por isso minha duvida sobre ela.
ResponderExcluirSua resposta foi muito esclarecedora, mais uma vez obrigada.