HINDUISMO
A
origem do HINDUISMO prende-se à primitiva cultura ARIANA, ou seja, dos povos
que invadiram o subcontinente indiano por volta de 2000 AEC.
Estes
invasores influíram sobre a Religião Animista dos povos autóctones – DRÁVIDAS*,
MUNDAS*, COLÁRICOS* - mas, também, foram influenciados posteriormente por
certos cultos dos nativos e desta amalgama resultou o HINDUISMO que, mais que
uma religião, é um modo de vida particular e social.
De
forma resumida, pode-se estabelecer a seguinte divisão:
1. HINDUISMO Primitivo, as crenças animistas
dos autóctones, pré-invasão ARIANA;
2. HINDUISMO Védico*,
3. HINDUISMO Brahamânico*,
4. HINDUISMO Tântrico (as doutrinas e os
rituais inspirados nos TANTRAS*, que se caracterizam por elementos de magia e
ritos que envolvem sacrifícios de sangue e atos sexuais),
5. HINDUISMO Moderno.
A partir do século XIX
dC o HINDUISMO e o BRAHAMANISMO tornaram-se sinônimos.
HINDUISMO BRAHMÂNICO
É
a terceira fase do HINDUISMO e que adveio da decadência da primitiva Religião
Védica. BRAHMA*, o Absoluto (na verdade, o Demiurgo) é um dos deuses que compõem a trindade
hindu. Junto a ele figuram VISHNU*
e SHIVA o qual, ao longo do
tempo, tornou-se o deus principal.
BRAHMA
é a manifestação antropomórfica da “Alma
Universa (igual
à dos Estoicos?)” do SER ABSOLUTO. É mais um conceito de Totalidade que um simples deus.
O
cerimonialismo enriqueceu-se sob a direção dos BRÂMANES, os cultos adquiriram poderes mágicos e surgiram ou
consolidaram-se as ideias de SAMSARA*,
KARMA* assim como as
especulações filosóficas sobre a origem e o destino dos humanos.
O
sistema de CASTAS* foi
institucionalizado e não por mera coincidência, a classe dos BRÂMANES tornou-se a mais
elevada.
A
visão bramânica do Mundo e sua aplicação à vida são descritas no Livro de MANUSMRISTI ou Código
de MANU*.
HINDUISMO VÉDICO
A
segunda grande fase do HINDUISMO não pode ser cronologicamente delimitada. Em
c. de 2000 AEC os ÁRIAS (ou ARIANOS) estabeleceram-se na Pérsia e na Índia.
Trouxeram
suas divindades que compreendiam seus deuses tribais e os deuses cósmicos,
dentre os quais, pode-se citar: DYEUS ou DYAUS consorte da “MÃE TERRA” e o
“pai” (não o Criador) dos outros deuses, ie, os “DEUSES DA LUZ”:
SUARYA (o sol); MAS (lua); HEÓS (Aurora, a grega?). Existiam também os “deuses menores” como as Árvores,
as Pedras, os Rios, o Fogo.
Sem
perder as características de universalidade e de relação com a Natureza os
ARIANOS desenvolveram o primitivo sistema religioso de seus antepassados. Já na
Índia, DYEUS foi substituído por INDRA*, deus mais jovem, senhor da guerra, do
firmamento e da fertilidade. A ele são dedicados quase um terço dos hinos do
RIG-VEDA*.
INDRA*
representa o aspecto benéfico das tempestades, enquanto que as forças destruidoras
eram atribuídas a RUDRA*, o provável precursor de SHIVA*. Além desses,
cultuavam outros heróis (deuses?
Semideuses?) como: TRITA
e MASATYAS, companheiros de INDRA.
A
teogonia ARIANA ainda desenvolveu a ideia de deuses reguladores da sociedade
humana tais como: AHURA ou ASURA (posteriormente
transformados em seres malignos, ou demônios); MITRA (posteriormente
o principal deus romano),
que assegurava a “Santidade” dos contratos entre indivíduos ou nações; VARUNA,
que garantia os juramentos, entre outros.
Segundo
seus ritos, para obter a benção dos deuses o ser humano deveria satisfazer, em
pensamento e com ações, as exigências desses deuses. Assim, o ritual se
transformou em “Principio Moral”.
Esses
elementos e todas as expressões rituais formaram uma tradição oral que por volta
do 1° milênio AEC foi transposta para o idioma SÂNSCRITO em forma de hinos e,
depois, escrita na coletânea de textos que constituem os três VEDAS: RIG VEDA,
SAMA VEDA e ATHARVA VEDA (que
é uma coleção de orações mágicas, esotéricas e que expressava a forma popular e
primitiva da religião).
Os
VEDAS
se transformaram nos “Livros Sagrados” de uma religião
que, de certo modo, já existia na Índia e que se constituía de princípios
otimistas, de amor à vida, mas sem incluir a ideia de existência na pós-morte.
Seus
hinos e cantos expressavam o anseio por uma ordem social estável, abundância de
alimentos, famílias grandes e harmoniosas, sucessos nas guerras etc. Os rituais
ou cultos, que antes eram uma atividade particular, tornaram-se com o correr do
tempo, cada vez mais complexos; com elaborados rituais confiados aos BRÂMANES.
Foi,
no entanto, essa complexidade que desencadeou a terceira fase do HINDUISMO. Nessa
época que se desenvolveu a idéia de PRAJAPATI*, descrito nos VEDAS e, mais
tarde, transformado no deus BRAHMA*, o demiurgo.
NOTA do AUTOR - sobre o Hinduísmo Tântrico e o Moderno
não teceremos maiores comentários por terem menos importância no contexto sócio
religioso, atendo-se mais aos aspectos mágicos e supersticiosos das populações
com menor potencial intelectual. Exemplo disso pode ser observado com o famoso KAMA-SUTRA, que deixou de ser estudado
pelo seu aspecto filosófico superior e acabou sendo visto como um mero manual
de posições sexuais.
KARMA
Termo
que provém da raiz “KR” e que pode ser traduzido como: fazer, obra, ação, rito, execução. É uma palavra que acomoda três
significados:
1°
Ação e Reação ou Causa e Efeito.
A
Lei da Causalidade segundo a qual todas as ações ou intenções dos seres
humanos, motivados pelo desejo e pela ilusão gerarão efeitos correspondentes
sobre os mesmos, sejam eles positivos ou negativos. Esses efeitos podem ser
divididos em três tipos:
a) SANCHITA (amontoado) que é o resultado de ações passadas, mas
que ainda não começaram a se transformar na colheita de uma vida;
b) PRARABDA (da raiz PRAKK,
antecipado e ARABDA, começando)
– que é o KARMA semeado e acumulado no passado, mas que já começou a produzir
efeitos na forma de acontecimentos presentes. É a parte do SANCHITA que se vai
viver no momento atual;
c) AGAMI (vindouro) que é o destino que ainda não se
construiu; aquele que está sendo semeado no presente e que será incluído na
“divida” do individuo
(complementando o nome
de cada um desses tipos, vem o vocábulo KARMA);
2°
Ação, atuação no mundo.
3°
Execução de sacrifícios rituais. Conforme o VEDANTA* há vários tipos de
trabalhos ritualísticos, cujos principais são:
a) KAMYA KARMA, opcional em certas
partes, inclui vários ritos realizados por motivos definidos e específicos,
como, por exemplo, “alcançar os céus”;
b) NISHIDDHA KARMA, conhecido como
o “ritual proibido”; pois, realizá-lo acarreta aflições e sofrimentos;
c) NYTIA KARMA, que é um ritual
diário e obrigatório, cuja realização destrói os débitos kármicos contraídos no
passado, assim como inibe a tendência para gerar novos débitos no futuro.
d) NAIMITTIKA KARMA, realizado em
ocasiões especiais, como o casamento, o nascimento etc.;
e) PRAYACHITTA KARMA, realizado
para eliminar graves débitos KÁRMICOS do passado.
KARMA-YOGA
–
1° ação em serviço devocional;
2°
ação executada por uma pessoa que sabe que a meta da Vida é KRISHNA, mas
que está mais apegado aos frutos de suas atividades.
YOGA
É
uma das tendências filosóficas, ou DARSANAS*, e está relacionada com o Sistema
SHANKYA*, formando a Linha de Pensamento chamada SANKHYA-YOGA*. Provavelmente a
YOGA é anterior às invasões dos povos ARIANOS* e, consequentemente, anterior
aos VEDAS*, aos quais, depois foi incorporada.
Este
vocábulo é mencionado pela primeira vez no RIG-VEDA*, c. 1200 AEC, e toda a
filosofia que abrange foi codificada no livro intitulado “YOGA-SUTRA*”.
Ao
contrário do que frequentemente se pensa a YOGA não é uma religião, não é uma
seita, não é uma filosofia completa e nem é uma forma de exercício físico. É
apenas uma forma de ver o mundo de maneira mais espiritualizada e que têm por
objetivo permitir que os seres humanos alcancem o auto conhecimento por meio de
técnicas físicas e psíquicas.
A
palavra YOGA, em SÂNSCRITO, deriva do verbo YUGI que significa “Unir”, o que
pode ser interpretado como uma “união
entre a consciência mental e a consciência espiritual”.
Os
famosos exercícios e posições corporais são apenas uma prática de uma das
linhas da YOGA, chamada de HATHA YOGA* que trabalha com o corpo físico. No
entanto, mesmo neste caso, o objetivo não é a busca de melhor forma física ou a
correção da postura. O que se busca alcançar é a melhora da circulação vital do
corpo e o bom funcionamento orgânico como etapas necessárias para se atingir
estágios que permitam a conjunção das consciências, ou MOKSHA*.
YOGA-SUTRA –
textos explicativos sobre a YOGA* escritos por PATÂNJALI*.
YOGUE
(YOGUIN, YOGUI) – devoto, asceta,
místico. Aquela (e) que prática a YOGA*.
JAINISMO – a face mais radical do
hinduísmo.
Religião
derivada do HINDUÍSMO, o Jainismo originou-se por volta dos séculos VIII ou VII
AEC, na bacia do rio GANGES – atual território de BIHAR.
Embora seja mais antigo, o JAINISMO como Sistema Religioso estruturado só foi reconhecido a partir do século V AEC, quando viveu MAHAVIRA*, o último TIRTHANKARA e codificador dessa doutrina.
Embora seja mais antigo, o JAINISMO como Sistema Religioso estruturado só foi reconhecido a partir do século V AEC, quando viveu MAHAVIRA*, o último TIRTHANKARA e codificador dessa doutrina.
É uma tradição religiosa que se foca sobre a condição dos seres existentes. Afirma que o Universo é Eterno e, portanto, não têm um Criador; e que, embora existam, deusas e deuses não podem interferir nas vidas dos homens. Os deuses, aliás, podem até tornarem-se mortais.
A
palavra JAINA ou JAIN é de origem sânscrita e designa os seguidores dos Mestres
Oniscientes denominados JINA* (vitoriosos); ou seja, aqueles que triunfaram
sobre as paixões e os sentidos, o que lhes possibilitou chegar ao
esclarecimento e à consequente libertação da SAMSARA*. Libertação que é vista
como um estado de pura bem-aventurança, conhecimento e energia.
Como
esses JAINAS fundaram comunidades de monges, monjas e leigos e leigas – figurativamente
chamadas de TIRTHA (vau,
ou caminho para atravessar as águas do renascimento) – são frequentemente são chamados de
TIRTHANKARA, ie, o construtor do vau, da ponte.
Os
ensinamentos básicos de MAHAVIRA* (para
alguns, o fundador dessa tradição)
derivam de sua percepção de que o sofrimento do Mundo é causado pela violência
imposta às almas, que vivem em forma corpórea em todos os níveis de existência
e que isso impede o potencial espiritual inato em cada entidade individual.
O
meio de minimizar essa violência e finalmente libertar-se da SAMSARA é acalmar
os sentidos e retirar do corpo o máximo de ações, através da renúncia ao mundo
social e às preocupações materiais.
Destarte,
os dogmas JAINISTAS enfatizam a importância da AHIMSA* (a não violência) em
relação a todas as criaturas, o que os leva a serem vegetarianos rigorosos e a
terem comportamentos que podem parecer esdrúxulos ou tolos aos Ocidentais tais
como: tapar a boca com um pano para evitar que um inseto adentre e morra; ou
então, varrer o chão por onde pisarão para não esmagarem algum inseto etc.
A
renúncia ao mundo físico pode causar variados autoflagelos corporais e até
mesmo chegar ao suicídio por inanição.
A
cronologia resumida e mais recente do JAINISMO pode ser feita da seguinte
maneira:
1. No século III AEC formou-se uma
comunidade JAINISTA no centro comercial de MARTHURA*;
2. Nos séculos IV e V EC. fez-se a
codificação dos textos JAINISTAS no chamado TATVARTHA SUTRA;
3. No século V EC. aconteceu o cisma que
culminou na criação das seitas SVETAMBARA* e DIGAMBARA*.
4. Dos
séculos IX ao XI dC. a vertente DIGAMBARA foi frequentemente patrocinada pela
realeza do sul da Índia e no inicio e meados do século XII dC. pela dinastia
CAULUKYA* de GURAJARAT.
5. Contudo
e talvez paradoxalmente, o monge SVETAMBARA foi o tutor de dois governantes
desta dinastia: SIDDHARAJA e seu sobrinho KUMARAPALA*.
6. Depois,
no século XVII, surge a seita STHANAKVASIS* que se distinguia por ser contrária
aos ícones.
7.
No
século XVIII aparece a seita ascética TERAPANTHIS*.
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