sexta-feira, 29 de abril de 2011

Barba

O espelho
que tudo
reflete,
balança no
prego torto.

Prisioneiro naquele
retângulo embaçado,
vejo que a idade só
mostra
o que está atrás
das minhas costas.
A vida que vivi
atrás dos meus ombros,
vestutos escombros.

À frente só vejo
que minha barba
está branca.
Alva e calva
redesenharam
o que ainda
penso ser.

Cada sulco no rosto
foi semeado de dor,
frustração
e desamor.

Mas um brilho insistente
reconta algumas
vitórias:
certos amores certos,
os momentos de fúrias
e as calmas dos desertos
despertos.

O rosto que vejo,
conta minha história.
O resto,
fugiu da memória.

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