sexta-feira, 1 de abril de 2011

Voz

Calada, a voz é branca
e o verso é inútil.
A chuva da noite
não me consola
com a solidão conhecida.

Outra rima não vem
e nem a procuro.
De tudo descuro.
Cansam-me os esquemas
donde não jorram os poemas
que falariam do mal que sinto
nessas noites
em que a dor
me alucina,
sem que me baste
a morfina.

O ponteiro do relógio
percorre o caminho
de sempre.
A voz no telefone
não me atinge,
minha fala logo finge
uma desculpa qualquer.
Não quero mais ouvir
esperanças no porvir.

Eu só queria
um alívio,
um silêncio.
E que o novo dia
me trouxesse
um bilhete só de ida,
para onde a dor
fosse esquecida.

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