- De quê morreu?
- De fome, frio e ausência.
- Quem o matou?
- Eu e outros assassinos,
fomos "lanos caprinos".
Poderíamos tê-lo agasalhado,
saciado e abrigado,
mas nada fizemos.
Agora, é só um embrulho em papel pardo
que o Rabecão leva como fardo.
Limpou-se o Ar,
tortas vozes dirão.
Sim! Limpou-se o Ar!
Amargo meu remorso
e o horror pelo meu ócio.
Maldigo as tortas direitas vozes.
Suas hipocrisias atrozes
qual trágicos albatrozes.
Suas prudências,
suas indecências
e suas vendas de indulgências.
C'est la vie, mon petit...
Sempre o horror que já vivi.
O sangue que perdi
e o tempo que escorri.
- De quê morreu o mendingo?
- Do que falo e nada digo.
Matei-o por cumplicidade.
Nada fiz por pura comodidade.
Sapiens homos.
Somos?
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