sexta-feira, 30 de abril de 2010

Balcão

O mormaço abraça essa espera.
O homem no balcão grita nomes,
mas se vê que anseia silêncio.
Que todas as doenças tivesse fim,
que todos os doentes tivessem fim.

Crédulas mulheres
de cabelos não cortados
e de resignação espessa
citam a quem veneram.
Tornam-o responsável
por suas últimas esperanças.

Alguém quer ser íntimo
da recepcionista mal humorada.
Alguém quer passar à frente,
mas a recepcionista ignora ambos
e, no intimo, sente-se vingada
por suas cotidianas derrotas.

Alguém, no andar de baixo,
geme um grito alto.
Verbaliza a angústia comum.
Um homem novo chega ao balcão
e exibe suas roupas novas
(por que as quis?)

Tantos olhares para tantos vazios.
Não há espaço a preencher,
tudo foi tomado pelo fastio.
Vidas e estilhaços,
excedem-se o cansaços

Um comentário:

  1. Querido amigo poeta:

    Poesia tão sentida! Intensa, dolorida!

    "Tantos olhares para tantos vazios.
    Não há espaço a preencher,
    tudo foi tomado pelo fastio.
    Vidas e estilhaços,
    excedem-se o cansaços "

    Demonstra claramente a exaustão da luta...

    Beijos no coração e muita força!

    Flávia

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