sábado, 17 de abril de 2010

72 Horas

Sinto a ressaca do amor excessivo
e do exagero de estar vivo
nesse tempo de gesto passivo
e falar inexpressivo.

Preço de viver assim:
o estranho lucro
de burro xucro,
de doido maluco
que sonha o harém sem eunuco.

Da sacada assisto
o Homem restrito
que enfeitiçado pelo rito,
ou por K. e pelo grito,
chora e berra aflito
e se queda contrito.
Qual será sua mandinga?
Tão moço ainda ...

Logo tomarei a Morfina sagrada
e a ausência indesejada,
por obra da bela amada
que mistura sopro e dentada.

Por onde A. andará?
Em qual tempo me esperará?
A chuva da madrugada
lavou a alma e o Nada,
nessa incerteza de calçada.

Anoitece a solidão que me traga
e essa angústia que nada afaga
ajeita-se na cama e cobra sua paga.

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