Uma equipe de cientistas europeus desenvolvia um estudo acerca da capacidade cognitiva de vários primatas, inclusive os humanos.
O experimento consistia em fazer o candidato descobrir a maneira mais eficiente para se atingir um caramelo escondido em uma caixa dotada de vários dispositivos que exigem raciocínio lógico para serem destravados.
A experiência testou alguns símios até chegar ao nosso parente mais próximo, os chimpanzés, cuja representante, uma fêmea chamada “Sibha” teve pouquíssima dificuldade para descobrir os segredos de funcionamento da engenhoca e só perdeu o desafio porque competia com a previsível habilidade superior de uma garotinha africana chamada Lourdes...
Mas tudo que descrevi até aqui não teve a menor importância, pois o que de fato me marcou profundamente foi o imenso amor que eu senti pela mãe de Lourdes.
A enorme admiração pela sua capacidade de mostrar que a altivez supera a penúria.
Não, a sua filha não era uma pobre criancinha africana de tudo carente e que tudo deveria aceitar, sobretudo para aplacar as culpadas consciências coloniais e exploradoras que por tanto tempo usurparam e sangraram a força do Continente mãe.
Não, Lourdes, é uma criança linda, inteligente, estudiosa e que apesar da pobreza da mãe, em nada difere do meu filho, com a minha pobreza.
Em meio à desoladora miséria em que vivem os africanos (que são tão ricos, meu Deus) pude notar que aquela mulher – que não foi sequer citada – teve todo o cuidado de vestir a filha, para que participasse do programa, com a melhor roupa e o melhor sapato que a sua indigência permitia.
Vestido feio, surrado, pobre e, no entanto, esplêndido pelo simples fato de que vestia a dignidade de Lourdes.
Porque vestia a sua dignidade.
Foto captada na WEB - identificação desconhecida.
Foto captada na WEB - identificação desconhecida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário