sábado, 23 de fevereiro de 2013

A Montanha

POÇOS DE CALDAS - MG.
No topo da montanha fica a minha casa.
À beira-mar andei minha vida,
mas agora é tempo de voltar.
Talvez no caminho da Escola
eu ainda encontre o sorriso de Marília,
o meu primeiro amor.
Talvez ainda escute o riso debochado de Maurício,
o primeiro amigo e a primeira confiança.
Talvez eu tema novamente
a dança dos Congos da Guiné e a dos Caiapós
que me aterrorizavam nas noites geladas
que um céu de Maio alaranjado prenunciava.
Talvez eu reencontre os vaqueiros que eram eu
e os índios apaches que habitavam meu corpo
nas toscas cabanas que o bambuzal me permitia.
Ou, então, as doces feras que eu, Jim da Montanha,
livrava dos caçadores, como assistia aos Domingos
nas Matinês do antigo Cine São Luis.
Talvez ainda viva a Quaresmeira
de onde colhi uma flor para à mãe,
pensando que voltaria a vê-la...

Talvez eu tanto reencontre
que acabe por encontrar
o mesmo que sou agora.
Compreenderei Zaratustra
o sábio da Montanha,
e vestido de nietzschiano poder
saberei que ao fim do "fio esticado",
de meu ninho, 
eu nunca estive apartado.



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