“O Brasil merece um chute no traseiro...”- Jérôme Valcke
“O Brasil não foi uma escolha acertada...” Joseph Blatter
“O movimento Black Block se unirá ao PCC para
impedir a Copa”- Manchete do
jornal O Estado de São Paulo.
“Será o caos. Passaremos uma vergonha enorme”. Pessimistas de plantão e aduladores servis de
estrangeiros.
Por
um estranho movimento quântico no Tempo e no Espaço, seis minutos seriam
repetidos continuamente por trinta dias e o horror que o time (time?) apresentou naquela tarde fatídica seria apenas mais
um dos vexames que a terra de Pindorama apresentaria ao mundo. Aquela
vergonhosa e humilhante tragédia seria o espelho de todo o caos que os brutos
silvícolas de Vera Cruz promoveriam, pois o time (time?) e o povo do Brasil são a mesma coisa.
Ou
não?
Para
espanto geral, em 12 de junho, o metrô e o trem que partem da Estação da Luz
com destino a Arena Corinthians funcionaram com uma precisão inacreditável e o
mais estranho é que ao chegarem os torcedores encontraram um estádio pronto e
em perfeito funcionamento. Até o time (time?) ganhou naquele dia, embora, todos disseram, graças
a um pênalti roubado; fato que lhe custaria muito caro, como prometeram os próceres
da FIFA, tão logo eles acabaram de se desculpar pelas suas falhas no tocante ao
serviço de alimentação.
Mas
o espanto pela perfeição ocorrida logo findaria, todos profetizaram, pois o
pandemônio nos aeroportos se incumbiria de mostrar que o Brasil não passa mesmo
de uma “Republica de bananas (insisto no de)”.
Ademais, os protestos comunistas ou fascistas (talvez Kardecista, umbandistas,
sabe-se lá) e a delinquência descontrolada
explodiriam e milhares de turistas seriam roubados, estuprados e assassinados.
Assim eles veriam como a FIFA e as suas embaixadas e as suas imprensas tinham
razão ao alertá-los sobre o perigo de virem ao país dos mestiços.
Contudo,
o movimento quântico que fora previsto e as próprias profecias, não se sabe por
que, não aconteceram e os malditos trens, metrôs, hotéis, aeroportos, estádios
e policiamentos funcionaram admiravelmente bem. Tudo tão bom, que ficou difícil
convencer aos turistas sobre os riscos que eles corriam, pois aonde iam era calorosa
e educadamente recebidos em amistosa e pacífica convivência com os nativos
mulatos e com os turistas de outras nacionalidades. Pacífica e tolerante
convivência até mesmo com os mal-educados bárbaros, que estando na casa alheia
não hesitavam em provocar os anfitriões com seus berros de “Su Papá” e com a
sua incivilidade patente.
E
o diabo é que esse conjunto de positividades foi se avolumando de tal maneira,
que transbordou das arquibancadas e chegou aos campos, onde os craques se viram
na obrigação de retribuir e com isso o que se viu foram muitos gols, jogadas
maravilhosas, partidas eletrizantes e, principalmente, o inesquecível
espetáculo de um estádio lotado cantando o hino do país anfitrião de forma tão
apaixonada e vibrante, que nem o protocolo da FIFA conseguia impedir a sua
completa execução. Uma exaltação de amor e de patriotismo que deixou bem claro
que o Brasil é quem o faz e não quem tem a petulância de se proclamar seu
dirigente. Amor e patriotismo, diga-se, que em nada diminuiu quando aquele
bando de homens de chuteiras caiu na vala da vergonha e da humilhação. Novamente
ficou claro que o Brasil não é representado por aquele tipo de gente, mas, é,
sim, pelo operário que construiu o estádio, pelo condutor do trem da Estação da
Luz, pela camareira do hotel e por todos nós que pagamos pelas obras com que
recebemos os amigos que cá vieram. Enquanto o time (time?) era surrado sem piedade, emergiu o brasileiro em
todo o seu esplendor. Que afundassem os jogadores (jogadores?), que afundassem os ditos técnicos (técnicos?), pois eles não arrastariam os brasileiros, já que no
buraco em que caíram, não cabe o Brasil.
E
o espetáculo continuou de modo tão bonito, que ontem, 13 de julho, os deuses do
futebol fizeram da Alemanha a grande campeã. Aos seus torcedores, juntaram-se
os brasileiros, pois era a hora de lhes agradecer pela educação e pelo respeito
com que sempre nos trataram; principalmente, após terem goleado aquele bando
que indevidamente vestiu-se com a camisa da Seleção Pentacampeã do mundo. E,
generosos, quiseram os deuses que os brasileiros tivessem a doce alegria de ver
“Su Papá” em sofridas lágrimas, enquanto ficam na fila com o seu único titulo (sim, porque o
de 1978 foi uma tramoia tão sórdida que envergonha a todos ainda hoje). Quiseram os deuses e nós vimos o triunfo da
esportividade, da civilidade, da boa educação e do respeito, numa tarde em que
a beleza do Rio de Janeiro mostrou-se por inteira.
Um
torneio quase perfeito, pois a perfeição só não pôde ser alcançada porque uma
quadrilha de larápios estelionatários foi desbaratada pela polícia do Brasil.
Mas como esses larápios, ladrões e estelionatários são diretamente vinculados à
FIFA, achamos melhor não nos estendermos no assunto, pois poderia parecer indelicado
dizer que os Srs Joseph Blatter e Jérôme Valcke, enquanto representantes da Entidade,
são os culpados pelo único grande incidente do mundial.
É
melhor apenas reafirmar que nós, brasileiros, construímos estádios esplêndidos,
sistemas de transportes e de comunicações de última geração, sistemas de
segurança perfeitos etc. além de recebermos fidalgamente a todos que aqui
estiveram; sem perdermos a noção de que ainda há tanto a ser feito, como bem
mostrou a desvinculação existente entre o povo e suas autoridades. Não restaram
dúvidas de que sabemos, sim, separar o futebol, a festa, a comemoração, da
política. Que sabemos mostrar o que somos realmente: brasileiros, com muito
amor e com muito orgulho.
Aos brasileiros e brasileiras que
fizeram a melhor de todas as Copas.
Produção e divulgação de Pat Tavares, lettré l´art
et la culture, assessoria de Imprensa e de Relações com o Público. Rio de
Janeiro, no inverno de 2014.
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