terça-feira, 28 de agosto de 2012

Versos de Cabral




O vento que carregava
o verso de João Cabral,
primeiro soprou as águas
do Capiberibe,
mas foi em vão
que tentou lavar
a morte Severina.




Agora, que o escuro desceu,
ele só busca o Passado
que cheira ao mel
da cana esmagada,
com a alma
do homem canavial.

Agora ele só busca o Passado,
onde o urro da besta-fera
assassinava os touros embaixadores
nos dramáticos
domingos diplomáticos.

Agora ele só busca o Passado,
da Sevilha que vestia o homem
e do cais de todo porto
que despia as putas do Mundo.

Agora ele só busca
os versos de Cabral,
que o vento de lá
haverá de proferir.

       Homenagem pouca ao Mestre João Cabral de Melo Neto.

Quadro de Thyago Marão Villela

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