terça-feira, 14 de agosto de 2012

Face

Vejo em meu rosto
os caminhos que já percorri
e as estações em que desci.
Vejo um sudário
do que vivi.

Caminho comprido
de cinquenta mais seis.
Décadas sem becas,
mas de algum saber.
Talvez tão inútil
quanto esse ainda querer.

Revejo em minha face
os mares que naveguei,
os montes que atravessei
e os outros tantos caminhos
que só eu sei.

Ali, naquele sulco,
hoje estéril,
vicejou um grande amor.
Acolá, sob as sombras,
escondem-se algumas perdas.
São as máscaras
que a vida me vestiu.

Mas, no entanto,
essa água que purifica minha cara
e lava a minha alma,
rega o que eu semeei
e será essa nova messe
que haverá de me levar
por outras veredas.

Sinto que de novo
o verde se espalha
e que uma nova
promessa me fala,
na intimidade da antiga sala.


Dig. Taisinha

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