domingo, 10 de agosto de 2014

Os Pais


Ser pai é coisa que não se aprende,
pois a mágica da criação, logo se compreende.
De repente, tornamo-nos sábios
e viajamos sem bússolas nem astrolábios.
Povoamos Olimpos particulares,
e às crias devotamo-nos
como aos deuses tutelares.
E ainda que frágeis,
protegemos como Titãs dos Sete Mares,
aqueles que se fazem os nossos pilares.
É o filho. É a filha. As doces sensações
de se ter uma trilha.

E tantos são os Pais....

Há o pai do filho doente, para quem
(e só para ele) deve haver um tratamento urgente.
O pai do filho que morreu
e que carrega a dor sem tamanho.
O pai da filha a quem nunca embalou,
mas a quem sempre amou (beijo, doce Cecilia).
O pai do filho drogado. O pai do filho preso,
a quem visita aos Domingos e satisfaz qualquer desejo.
O pai de pouco, ou nenhum, dinheiro
e que, ainda assim, sonha deixar o mundo
ao ilustre herdeiro.
O pai, em algum lugar esquecido
e que guarda um pedaço do manto dividido.
Pais, pouco lembrados e talvez nem celebrados.
Pais, que por falta de ventre,
aprenderam a amar à distância.
Como eu, e a minha circunstância*.



Homenagem pouca aos pais.
Ao meu filho, Thyago, que me fez ser pai.


*Cf. Ortega y Gasset

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