Será mesmo que a Religião
é o ópio do povo? Ou será o Futebol? Ou serão ambos? Ou serão os dois, mais a
literatura, o teatro, a dança, o folclore etc.?
Ou serão todas essas manifestações,
o próprio povo?
É óbvio que hospitais,
trens, metrôs, rodovias, ferrovias, portos e outros valores materiais são de importância
capital, mas o fato, é que além do físico, existe uma alma (tanto a
individual, quanto à coletiva) a ser alimentada.
E ontem, rodeado por
exatos 83.279 pessoas (eu tive a graça de ser a de número 83.280)
que entoavam a plenos pulmões o orgulho de ser brasileiro (a), senti que ali
havia muito mais que uma catarse ingênua, ou burra. Ali havia o pleno exercício
da cidadania. Tão legitimo quanto o clamor daqueles outros milhares de pessoas
que do lado de fora do Maracanã, enfrentavam as bombas e os porretes do Regime.
Tanto uns, quanto
outros torciam pelo mesmo. Torciam pelo Brasil.
Com a mais segura
certeza de que não somos uma massa de
manobra manipulada e manipulável por mentes golpistas e inescrupulosas. Com
a mais certa clareza de que somos cidadãos que são capazes de criar seus
filhos, produzirem bens, cuidarem de suas famílias e, principalmente, construírem
uma democracia que apesar de suas imperfeições vigora com mais solidez e maturidade,
que em outros países com mais de cinco mil (5.000) anos de história. Com a mais
pura das convicções, de que tão importante quanto exigir o que nos é de direito,
é manter acesa a chama daquilo que temos de melhor: a nossa Cultura. A nossa Tradição.
E eu, um legitimo “68”,
comunista, ateu, cético e militante político na época da Ditadura, não pude
deixar de compreender que o Futebol não nos aliena. Ao contrário, reafirma-nos,
enquanto nação.
Foi inevitável lembrar
que já em 1970 fazíamos essa mesma discussão, sem atentarmos para o fato de que
foi precisamente graças ao futebol que primeiro recuperamos os símbolos da nação
(a
Bandeira, por exemplo, tinha sido solenemente apropriada pelos quartéis)
e o orgulho de sermos um povo. Depois, com os vexames de 1974 (quem teve o privilegio
de assistir à peça “O Muro de Arrimo” saberá do que digo)
e 1978 pudemos ilustrar a precariedade de nossa situação e a necessidade das
mudanças que, então, começaram a se materializar.
Pude compreender que mais do que alienação, é a Cultura, da qual o futebol é a expressão mais popular, que nos faz ser o que somos: brasileiros, com muito amor. Com muito orgulho.
Para Lilian Teles Prado de Albuquerque. Lilian, tu foi super gentil. Adorei. Grato.
Perfeito. Já passou da hora de considerarem que somos todos uns idiotas que se esquecem de tudo em troca de espelhinhos e miçangas. O futebol é sim parte de nossa identidade e torcer pelo nome do Brasil não significa conveniência com o mau governo que foi eleito por esses mesmos que hoje pousam como indignados. Que cada qual faça a sua parte, proteste, pois isso é legitimo, mas que deixe dessa paranóia e dessa mania de ficar repetindo sem nem saber o que estão dizendo.
ResponderExcluirParabéns por sua coragem de ir contra a corrente. Precisamos de vozes como a sua.
Elton S.Vespasiano M. de Olivença.