quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Abandono

Ontem morreu a última das acácias.
Seguiu o destino dos outros abandonados.
Antes, foram alguns poemas,
algumas figuras, algumas cores.
Algum contentamento.

Na casa, nada mais ecoa.
Nenhum riso quebra o silêncio.
Tampouco algum choro,
pois estes secaram
como os rios que
os homens aterraram.

Os amores se foram.
Alguns lentamente.
Outros, com a urgência
de quem quer esquecer.
Deles, alguma lembrança ficou,
mas todos os rostos vão se fundindo
em apenas uma face distante.

As crianças se foram.
Estão longe. Mudaram de Mundo.
Cresceram. Esqueceram.

Foram-se as ilusões,
as vaidades, as esperanças,
os medos, as desilusões.
Tudo passou.

Resta o mofo,
resta o abandono,
resta a espera.
A última espera.





Um comentário:

  1. A dor que todos sentimos Poeta. Vão os filhos, os amores, as ilusões e até as tristezas. E só nos sobra essa espera. nTeu poema e tocante. Bjjjjjsss.

    Laura

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