Erikson, Erik
1902
– 194
“A
esperança e a primordial e mais indispensável virtude da condição de estar vivo”.
“Tudo
se desenvolve a partir de um plano básico”,
Prefácio
Quando Freud, em 1905, trouxe à luz a sua
teoria onde aponta para as cinco fases que a criança vive até atingir a
maturidade sexual, logo contou com a simpatia da maioria para a sua tese.
Também foi bem recebida à proposta de Jean
Piaget que em 1930 propôs a noção de fases no desenvolvimento cognitivo. E
nessa linha de pensamento, também desponta as ideias de Erikson que introduziu a concepção de que a vida humana divide-se
em oito estágios distintos.
Posteriormente o
psicólogo estadunidense James Márcia
tomou por base o trabalho de Erikson e trabalhou com a formação da identidade
na adolescência, enquanto a escritora Gail
Sheeby, também estadunidense, investigou os motivos e as consequências do
fato dos indivíduos insistirem em prolongar suas adolescências até os trinta
anos de idade, ou mais, atrasando os estágios da vida.
Como um fio condutor,
percorre os pensamentos desses estudiosos a concepção de estágios estanques
durante o transcorrer da vida, delimitando as ideias e os comportamentos dos
indivíduos que vivem dentro dos limites de cada uma dessas etapas.
Vê-se, então, a
importância do tema para a disciplina e da propriedade de se conhecer os ideários
desses eruditos, principalmente o de Erikson que se reveste de especial importância
por dar prosseguimento aos saberes de Piaget, adaptando-os e os ampliando para
as outras etapas da vida.
Notas
biográficas
Nascido em Frankfurt,
Alemanha, Erikson foi fruto de um relacionamento extraconjugal, jamais conheceu
o pai biológico e só recebeu o nome do marido de sua mãe, casada pela segunda
vez, quando completou três anos de idade.
Vários estudiosos
apontam para esses fatos como a raiz de seus problemas de identidade, os quais,
efetivamente prejudicaram-lhe em diversas situações e ensejaram o surgimento de
sua personalidade rebelde, a qual o fez recusar-se a estudar Medicina, como
desejava a sua família, e optasse pelo estudo das Artes. Com esse objetivo,
aliás, em sua juventude ele chegou a viajar pela Itália como “artista autônomo”.
Todavia, em certo
momento, uma severa crise de identidade se lhe abateu e ele partiu para Viena
onde lecionou Arte em uma escola regida por princípios psicanalíticos. Foi
então que teve maior contato com a disciplina e não demorou a que se revelasse
um apaixonado pelo tema. Convertido à causa passou a estudar Psicanálise com a
Dra. Anna Freud, mostrando-se muito
interessado em decodificar os seus arcanos.
Em 1933 casou-se com Joan Serson e juntos emigraram para
Boston, nos EUA, onde ele adotou em definitivo o sobrenome “Erikson” se tornou
o primeiro Psicanalista infantil da cidade. Posteriormente a sua dedicação e
talento guindaram-no à posição de Professor nas universidades de Harvard, Yale
e Berkeley.
Obras
principais
- Infância e sociedade, de 1950.
- Insight and responsability, de 1964.
- Identidade: juventude e crise, de 1968.
Ideário
Sintético
Para Erik Erikson o
desenvolvimento humano baseava-se no principio “Epigenético” proposto por
Piaget. Por isso acreditava que todo organismo nasce com um propósito que para
ser realizado depende do desenvolvimento ter transcorrido satisfatoriamente. De
terem sido bem cumpridas as oito etapas nas quais se associam as influências
inatas ou hereditárias e as exercidas pelo meio-ambiente.
Em resumo:
1 – Tudo se desenvolve
a partir de um plano básico.
2 – partindo desse
inicio, a personalidade humana desenvolve-se em oito etapas distintas e predeterminadas
que ocorrem desde o nascimento até a morte do indivíduo.
3 – havendo sucesso em
cada uma dessas etapas, os indivíduos desenvolvem-se mental e psicologicamente
saudáveis.
4 – porém, os eventuais
fracassos que ocorrerem em qualquer um dos estágios ocasionará algum “prejuízo
mental” que pode ir de uma simples falta de autoconfiança ou sensação de culpa
até a transtornos mais severos. Independentemente, contudo, da gravidade esses
“prejuízos” acompanharão e incomodarão o portador até que uma terapia o cure ou
ele faleça.
Os
estágios
O 1º Estágio –
acontece no primeiro ano de vida e é conhecido como o da “confiança versus desconfiança”. Nessa etapa, se a criança é
plenamente atendida em suas necessidades, impera a “confiança”; se ocorrer o
contrário passara a vigir a “desconfiança” que poderá ressurgir em várias
outras situações futuras.
O 2º Estágio – é
classificado como o da “autonomia versus
vergonha e dúvida” e ocorre entre dezoito meses aos dois anos de idade. A
criança aprende a explorar o ambiente e com isso tem que lidar com as sensações
de “vergonha e de dúvida” que sobrevém aos seus fracassos nas explorações e/ou
devido a repreensões dos pais ou de outros adultos. Se a criança aprender a
conviver com esses fracassos, desenvolverá uma saudável força de vontade.
O 3º Estágio –
acontece dos três aos seis anos de idade e é caracterizado pelas “crises da iniciativa versus culpa”.
Nessa etapa a criança aprende a exercitar a criatividade, a brincar com outras
crianças e a ter um propósito, um objetivo. Se durante o convívio essas ações
causarem danos aos outros ela descobre que seus atos podem afetar de forma negativa
as outras pessoas e caso sobrevenham castigos severos ela poderá ter
sentimentos de culpa tão rigorosos que a paralisam.
O 4º Estágio –
dura dos seis aos doze anos de idade e nele o foco é a Educação e a busca por
capacitações e pelo desenvolvimento de habilidades. Essa etapa é nomeada de “diligência versus inferioridade”, pois
promove uma sensação de poder, de competência, embora a ênfase exagerada no
trabalho possa levar ao erro da criança achar que só terá valor se for
produtiva.
O 5º Estágio –
acontece quando o sujeito atinge a adolescência. Sugestivamente lhe é dado o
nome de “identidade versus confusão de
identidade”, pois se é nesse estágio que adquirimos uma noção mais coerente
do que somos, também é nele que nos assalta uma série de dúvidas acerca do
nosso papel no mundo. Nessa etapa leva-se em conta o Passado, o Presente e o
Futuro e se não houver harmonia com esses intervalos de tempo as dificuldades e
dúvidas podem ocasionar o que Erikson batizou de “crises de identidade”.
O 6º Estágio –
chamado de “intimidade versus isolamento”
ocorre por volta dos dezoito aos trinta anos de idade. Sua principal característica
é a construção de vínculos fortes e a descoberta do amor.
O 7º Estágio –
acontece dos trinta e cinco aos sessenta anos de idade e é denominado de “produtividade versus estagnação”. Caracteriza-se
pela preocupação com as gerações vindouras e/ou pelas contribuições em prol do
coletivo, tanto através de manifestações e atividades culturais, quanto por
ativismo social.
O 8º Estágio – o
último na escala de Erikson é conhecido como “integridade versus desespero”. Geralmente tem inicio aos sessenta
anos de idade e nele as pessoas passam a refletir mais assiduamente sobre a própria
vida e de acordo com esse balanço, juntamente com as condições sociais, econômicas,
emocionais e de saúde, o indivíduo goza da placidez que a maturidade oferece
ou, então, padece com os remorsos, com a penúria, a solidão do abandono etc.
Segundo Erikson:
“Na
terceira idade atingimos um sensação de completude e inteireza pessoal que é
diretamente proporcional ao sucesso que obtivemos ao lidar com os estágios anteriores”.
Epílogo
As teorias de Erikson continuam
plenamente validas em nossos dias, sendo a sua tese acerca dos oito estágios que
o indivíduo vive uma importante baliza a orientar os modos de comportamento e
as políticas sociais. Por isso é inegável a
justiça das menções honrosas e outras homenagens que lhe são feitas em reconhecimento
por seu talento e empenho.
Rio de Janeiro, 24.04.2014
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