WHITEHEAD,
ALFRED NORTH
1861 – 1947.
Prefácio
A
importância de NORTH no campo da Matemática pode ser exemplificada pelo fato
de ele ter sido Mestre de BERTRAND RUSSELL, o célebre Matemático e Filósofo inglês, e o seu mentor e coautor na notória obra “Principia Mathemática”, que
ainda hoje é considerada como uma das mais importantes contribuições já feitas
ao pensamento lógico. Mas, as suas realizações foram muito além e a sua copiosa
e valiosíssima produção literária (da qual damos noticia no
final do presente Ensaio)
granjeou-lhe várias condecorações, loas e homenagens, dentre as quais o título
de membro da “Royal Society e da
Academia Britânica”.
Notas
biográficas
Alfred
North WHITEHEAD nasceu na cidade de Ramsgate, condado de Kent,
Inglaterra. Fez seus estudos iniciais no “Trinity College”, em Cambridge,
e após graduar-se, lecionou matemática nessa mesma instituição de 1885 a 1911.
Posteriormente mudou-se para a capital, Londres,
onde lecionou Filosofia entre os anos de 1911 a 1924, na universidade da cidade.
Em
seguida, a convite, transferiu-se para a universidade de Harvard, nos EUA, onde lecionou de 1924 a 1936. No ano seguinte, 1937, foi guindado à posição
de “Professor Emérito”,
cargo e status de que gozou até falecer em 1947.
Obras
Principais
- A Ciência e o Mundo Moderno, de 1925.
- Aventura das Ideias, de 1933.
- Conceito de Natureza, de 1920.
- Investigação sobre os Princípios do Conhecimento Natural, de 1919.
- Modos do Pensamento, de 1938.
- O Devir da Religião, de 1926.
- Processo e Realidade: Ensaio sobre uma Cosmologia, de 1929.
- Simbolismo:
seu Significado e Efeito, de 1927.
Além da
carreira acadêmica
Paralelamente
à lida no ensino, desenvolveu seu sistema filosófico, que expôs gradativamente
ao longo de suas publicações e dos seminários, cursos e palestras que ministrou
e proferiu.
Considerado
um erudito excepcional, com inúmeras e valiosas contribuições para a
compreensão da “Teoria da Matemática”, WHITEHEAD era possuidor de notáveis conhecimentos em Literatura
e em Filosofia e generosamente usou a sua sólida erudição para desenvolver um
estudo profundo acerca das origens da Matemática, das Ciências e da Filosofia;
bem como para desenvolver abrangentes pesquisas sobre a “Lógica Simbólica*”, que é o conjunto de estudos que busca expressar, ou dizer, em “Linguagem Matemática (algarismos,
sinais)” a maneira como se
estruturam e operam os pensamentos. Com isso, pretende criar uma linguagem rigorosa
que se adeque ao pensamento científico e ao gosto dos adeptos dos métodos Empirista,
ou Positivista.
NOTA do AUTOR - Para criar esse tipo de Linguagem, a Lógica Simbólica busca
desvendar as “Estruturas do Pensamento” a partir de um número mínimo de axiomas
(as premissas evidentes que se admitem como Verdadeiras, mesmo sem comprovação).
A aparente
contradição
Embora
possa parecer contraditório, o fato é que a Filosofia de WHITEHEAD foi elaborada com o claro objetivo de combater o Materialismo
Cientifico* que era hegemônico à época e ainda hoje é associado
à insipidez da Matemática.
NOTA do AUTOR – Materialismo Científico*, nessa concepção
é a tese que afirma serem suficientes os estudos científicos para
explicar todos os fenômenos mentais, sociais, históricos etc.
E
em razão dessa oposição, no inicio do século XX, ele elaborou uma de suas teses que se tornaram mais
notórias: “Método de Abstração
Extensiva”.
Através
da mesma, ele procurou explicar os conceitos básicos que são utilizados nas ciências,
particularmente nas chamadas “ciências
da natureza”.
E seguindo esse
propósito, dedicou especial atenção
para esclarecer aquilo que os cientistas classificam como “hipóteses inexplicáveis” no
campo da Física.
Outros
ideários
Outros
campos de estudos que também mereceram a sua atenção foram o “Dualismo”, onde
ele elaborou várias opiniões criticas contra a divisão entre “Espírito e Matéria”, “Substância e Acidente (ou essência e fenômeno)”, “Abstrato e Concreto” etc. E a tradicional representação
do Tempo; que também foi alvo de
suas ácidas censuras, haja vista a sua discordância em relação à noção
que se faz acerca desse elemento.
Em
outro terreno, pregou que a natureza física (os rios, as montanhas, as
árvores, os homens etc.) é uma “Experiência
de Deus”; ou seja, uma forma de o homem ter algum contato com a divindade.
De experimentá-la. Segundo ele, quando os objetos, ou as coisas, passam do “Mundo
Ideal*” para o “Mundo Material”, permitem que
se “sinta”, que
se “experimente” a
presença do divino. Tem-se, pois, a experiência
de se contatar Deus.
A materialização de uma ideia abstrata daria ao
homem a oportunidade de captar, ou experimentar, “Deus” através dos Sentidos
(tato,
visão, audição, paladar e olfato). Permitiria que ele contatasse essa “Força ou
Energia Imaterial” que pode ser chamada de “Deus, Absoluto etc.”. Atente-se,
porém, que essa concepção não é original de WHITEHEAD,
já que remonta ao antigo Hinduísmo e sobrevive em várias
culturas e religiões. No Ocidente foi encampada por nomes ilustres como, por
exemplo, o de ESPINOSA que afirmava
categoricamente que “Deus é a Natureza”, querendo dizer: “Deus é
a Força que sustenta, ou que está por trás da Natureza Material”.
NOTA do AUTOR – Mundo Ideal* no sentido platônico: o
Mundo das Ideias como molde para as coisas materiais. E que seria o próprio
Deus.
A Filosofia
do Processo
Baseado
na análise da realidade material ou física
que fazemos a partir da percepção que temos dos objetos e das relações
entre eles, o seu método afirma que a transição que as coisas fazem entre os “dois mundos” é que gera a
ocorrência dos “acontecimentos”,
os quais, por sua vez, definem os formatos e as naturezas dessas mesmas coisas.
Nessa
linha de trabalho, conhecida por “Filosofia do Processo”, WHITEHEAD censura a inadequação das “Categorias Filosóficas” tradicionais que seriam incapazes
de lidar com as relações existentes entre a Matéria, o Espaço e o Tempo,
justamente por desprezarem o “Processo”
de mutação entre o Abstrato e o Concreto.
Epílogo
Por
tudo que se colocou, fica patente que a Filosofia de WHITEHEAD buscou formular um sistema que reunisse a religião, os princípios do conhecimento, ou saber e a metafísica, vista sob a luz da lógica e das ciências modernas.
Uma
meta ambiciosa, certamente. E que causou a rejeição de vários outros pensadores.
Particularmente no tocante à questão sobre o “conhecimento”, já que as suas opiniões divergiam da Epistemologia* ortodoxa em
razão da introdução de novos elementos confrontantes aos conceitos Positivistas e Materialistas
que eram hegemônicos à época.
O
seu citado “Método da Abstração
Extensiva” ao definir, por exemplo, um objeto como “volumes de espaço encadeados”
e os “acontecimentos” como “processos
de tempo encadeados”, contribuiu seguramente para o acirramento das
polêmicas.
Mas é certo que contribuiu
igualmente para o avanço no estudo da disciplina. E foram justamente essas
polêmicas e seus rebates que consolidaram a notoriedade de WHITEHEAD e fizeram do mesmo um dos filósofos mais influentes
em nossa época.
Sua
contribuição ainda reverbera nos estudos sobre Filosofia e sobre Matemática e
ainda goza de enorme prestigio entre as grandes mentes da atualidade.
NOTA do AUTOR – Epistemologia*: o estudo filosófico sobre
as Ciências.
© Direitos autorais reservados. Proibida qualquer cópia parcial ou total, por qualquer meio existente ou que venha a existir.
Produção e divulgação de TANIA BITENCOURT, rien limitée, de Brasília, na Primavera de 2013.
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