O inicio da Filosofia ocorreu
quando na Grécia antiga alguns pensadores deixaram de se satisfazer com as
explicações místicas e religiosas sobre o universo e a vida e passaram a buscar
respostas através de reflexões racionais e lógicas. E da Grécia o novo modelo
de pensar e investigar espalhou-se por todo o Ocidente ampliando cada vez mais
o leque de questões levantadas e de assuntos abordados.
No Oriente não foi
diferente, exceto pelo fato de que lá o processo iniciou-se com cerca de um século
de antecedência e pela ênfase que se deu às questões sociais e políticas em
detrimento das outras variáveis, principalmente após a revolução política na
China de 771 – 481 AEC.
Pensadores de toda a Ásia, a
partir de certo momento começaram a rejeitar o antigo conhecimento, baseado no
misticismo e na religião, e desenvolveram várias “Correntes filosóficas” onde o
raciocínio era a única base aceita como confiável. Mais preocupados em
descobrir a melhor forma de convivência social que em saber a origem e a
natureza do Universo e da própria vida, os sábios investigavam o processo que
forma uma “vida virtuosa” enquanto espalhavam por toda a região conselhos e
diretrizes morais que visavam produzir uma sociedade mais justa e indivíduos
melhores e mais felizes.
Esforço hercúleo foi
necessário para desincumbirem tal proposta, pois as dificuldades que enfrentaram
não foram poucas, desde as mais terríveis condições climáticas, geográficas e
políticas até a superstição religiosa que por milênios semeou a ignorância.
Porém, seus esforços vingaram e da semente que plantaram floresceu o “Budismo”
e as chamadas “Cem Escolas de Pensamento”, dentre as quais se tornaram célebres
o “Confucionismo” e o “Taoismo”. Essas três tendências ainda gozam de enorme
prestigio em todo o Oriente e também de muita admiração no Ocidente.
O Budismo avançou para todo
o Planeta tanto por seu aspecto religioso, quanto filosófico e não é raro
encontrar-se adeptos nos locais mais remotos. O Taoísmo predomina na Filosofia
chinesa, enquanto o Confucionismo domina praticamente todo o continente.
Na sequência abordaremos o
Taoísmo e o Confucionismo, declinando de tecer comentários sobre o Budismo, que
pela sua importância global mereceu um ensaio separado. Aos interessados na
Filosofia de SIDARTA, recomendo a obra “Filosofia Sem Mistérios – Dicionário
Sintético”, Ed. Seven Books, de nossa autoria.
Cronologia
aproximada
1.
Taoísmo
– século VI AEC
2. Confucionismo
– Confúcio c. 551 – 479 AEC
3. Budismo
– Sidarta Gautama 563 – 483 AEC
Taoísmo
O
"Tao" que pode ser descrito não é o "Tao" eterno.
Entre c. de 1600 – 1046 AEC, período da dinastia CHANG, acreditava-se
que o destino seria controlado pelos deuses e que os antepassados deveriam ser
cultuados. Entre c. 1045 – 256 AEC,
período da dinastia CHOU, o “mandato do Céu”, símile ao famigerado “Direito
Divino” ocidental sinalizavam a inexistência de qualquer pensamento racional,
com a consequente hegemonia das crenças místicas e religiosas.
Apenas em meados do século V AEC, através de Confúcio, é que foram
criadas as primeiras concepções racionais sobre o desenvolvimento pessoal e
para o comportamento ético de governos e súditos. Mas não só Confúcio
trabalhava nessas ideias, pois um contemporâneo seu também já labutava com
essas considerações. Chamado no Ocidente de LAO-TSÉ esse ilustre erudito teria
sido o autor do célebre Tao te Ching em cujas páginas estão
os apontamentos filosóficos que visam proporcionar o perfeito equilíbrio entre
os polos que formam o universo e a vida.
Muito pouco se sabe sobre
esse sábio e alguns até o consideram apenas um mito, ou, então, que ele não
teria sido o autor do "Tao", mas apenas um compilador dos saberes
exarados por outros ao longo da história. De efetivo, sabe-se que havia um
estudioso nascido no estado de “Chu”, chamado de LI ER, ou LAO TAN que durante
a dinastia Chou passou a ser chamado de LAO-TSÉ, ou “antigo mestre”. Também se
sabe, a crer-se em variados textos, que o mesmo era um arquivista da Corte e
que Confúcio o consultara em algumas ocasiões acerca de rituais e cerimônias.
Além desses fatos, resta
apenas a lenda que diz que LAO TSÉ deixou a Corte quando a dinastia Chou entrou
em decadência e seguiu para o oeste em busca de solidão. Na viagem, quando estava
prestes a cruzar a fronteira, um guarda o reconheceu e lhe pediu que
comprovasse a sua afamada sabedoria e ele, então, teria escrito o "Tao te
Ching” em resposta, antes de prosseguir para o seu destino, de onde nunca mais
voltou.
Assim, entre lenda e
realidade, nasceu o Taoísmo, cuja gênese coincidiu cronologicamente com o
aparecimento da Filosofia grega, com a qual compartilhava a busca pelas
respostas às dúvidas existenciais da humanidade. Porém, como já foi dito, a
Filosofia chinesa preocupava-se mais com os aspectos sociais e políticos que
com as questões abstratas do tipo “o que é a verdade?”, o “que é a beleza?”
etc. A procura pela harmonia dentro do grupo social e deste com os outros agrupamentos
era a sua pedra de toque. De maneira inédita a nova corrente de pensamento propunha
uma teoria de governo justo, baseado no “Te”, ou virtude, a ser encontrada
seguindo o caminho do bem, ou o "Tao".
Ciclos
de mudança
Para melhor se entender o
que vem a ser o "Tao", será preciso saber como os antigos chineses
enxergavam a constante mutação do universo. Nessa antiga concepção há um perene
movimento pendular que pode ser visto, por exemplo, nas alternâncias da noite e
do dia, do inverno e do verão etc. Faces diferentes que se revezam
continuamente, mas que não são opostas. São versões que surgem uma das outras.
Estados que além de relacionados, também possuem a capacidade de se
complementarem formando, então, o “Todo”.
A esse processo de mutações
continuas (o
Devir grego?) deu-se o nome de "Tao", ou
“Caminho”, em cujo seio estão as “dez mil manifestações (ou coisas, Seres,
objetos)” que formam o universo.
Segundo LAO TSE em sua obra
"Tao Te Ching”, os Seres humanos
são apenas uma dessas milhares de “manifestações” e justamente por isso nada
existe que os diferencie das outras. Os homens são apenas uma parte do conjunto
e para levarem uma “Vida virtuosa” basta que não perturbem a harmonia do
conjunto. Que pensem e ajam de acordo com o ritmo do "Tao" e que usem
o seu livre-arbítrio com sensatez e reprimam a vontade pretensiosa que os leva
a pensar que podem desviar-se do "Tao" e com isso atrapalhar o
equilíbrio universal.
Ao contrário do que
vulgarmente se supõe a “Virtude” não consiste em apenas escolher a opção
central de uma situação que oferece alternativas. Quando se fala em “caminho do
meio”, não se está referindo apenas a uma escolha acomodada e covarde. O
“caminho do meio” refere-se ao equilíbrio, à harmonia com o restante do Todo.
Porém, viver conforme o
"Tao" não é uma tarefa simples, como o próprio LAO TSE reconhecia. É
preciso renunciar as características que são próprias da espécie humana e por
isso se torna imperiosa uma constante atenção para que se evitem as armadilhas
do caminho.
A
complexidade do "Tao"
Queixam-se os eruditos da
dificuldade de se refletir sobre o Taoísmo. Para alguns, aliás, filosofar sobre
o "Tao" é inútil, haja vista que ele está além da capacidade humana
de compreender, por isso o caracterizam como o “Wu”, ou “não ser”.
Isto, aliás, levou o próprio
LAO TSE a afirmar que para se viver em conformidade com o "Tao" é
necessário exercitar o “Wu Wei”, ou a “não ação”, que consiste em viver de
acordo com as leis da natureza da forma mais intuitiva possível, agindo sem
desejos gananciosos, sem ambições desproporcionais, sem submissão exagerada às
convenções sociais e ao julgamento dos outros. Agir, em suma, com a humildade
de que se sabe uma mera parte de um “Todo” incognoscível.
16
de agosto de 2013
Confucionismo
“Mantenha
a fidelidade e a sinceridade como princípios básicos”
Notas
biográficas de Confúcio
Segundo a tradição, KONG QIU
nasceu em 551 AEC em Qufu, província de Lu, na China. São escassos os dados biográficos do mesmo, mas é
consenso que ele veio ao mundo no seio de uma família abastada, porém a morte
do pai levou a família para a miséria e isso o obrigou a trabalhar como criado.
Contudo, ele conseguiu estudar e com isso pôde empregar-se na Administração
Central na Corte da dinastia Chou.
Todavia, a sua carreira na
burocracia não foi plenamente exitosa e por ter as suas sugestões sistematicamente
rejeitadas ele se desligou do governo e passou a trabalhar como professor itinerante,
ocasião em que viajou por todo império chinês e recebeu o título simbólico de
“Kong Fuzi”, ou “grande mestre”. No fim da vida voltou à sua Qufu natal e ali
morreu pacificamente em 479 AEC.
Seus ensinamentos
sobreviveram em fragmentos e através das prédicas transmitidas oralmente a
discípulos que, posteriormente, compilaram-nos em antologias e analectos*.
Dinastia
Chou e as Cem Escolas de Pensamento
No período compreendido
entre 770 a 220 AEC, a
China viveu uma era de esplendor cultural. As filosofias surgidas nessa ocasião
passaram à história com o nome de “Cem Escolas de Pensamento” tal a diversidade
dos saberes acumulados, mas em meados do século VI
AEC
a dinastia Chou entrou em declínio deixando o período batizado de “Primavera e
Outono” e o país avançou para o chamado “Período dos Reinos Combatentes”. Foi
nessa época de transição e de instabilidade que nasceu KONG FUZI (aportuguesado para
Confúcio) e essas circunstâncias sociopolíticas exerceram
influência decisiva em sua ideologia.
Semelhante aos
pré-socráticos gregos, Confúcio buscou incessantemente o que haveria de fixo,
imutável, em um universo em constante mutação. Contudo, diferentemente de seus
pares da Grécia (Heráclito, Pitágoras, Tales etc.) que
buscavam a estabilidade nas coisas, nas forças e nas leis da física e da
metafísica, ele dirigiu a sua atenção para a moral, para a vida em sociedade e
para os valores que capacitassem os governos a agirem com justiça.
Analectos*
Mas o que levou Confúcio a
focalizar seu trabalho filosófico nas questões sociopolíticas e não em questões
existenciais?
Essa pergunta é respondida
quando se observa a sua natural tendência ao conservadorismo e o seu apego aos
rituais, mais o fato de ter chegado às altas esferas do serviço público, pois
ter servido a dinastia Chou contribuiu para mantê-lo fiel a esse caminho, já
que além dos benefícios funcionais, a posição lhe deu a oportunidade de
conhecer os saberes contidos nas bibliotecas imperiais e também pelo fato da
dinastia manter os antigos rituais porque isto seria conveniente aos
“governantes escolhidos diretamente pelos deuses”.
E como a sua generosidade
era tão grande quanto a sua inteligência, ele nunca reteve o conhecimento
adquirido. Ao contrário, ofereceu prodigamente os seus saberes através dos
célebres analectos, um conjunto de anotações que pode ser visto como um tratado
sociopolítico, composto por aforismos e anedotas que juntos formam uma espécie
de manual de regras para o bom governante e para o bom convívio social, além de
conter um grandioso discurso sobre a ética.
A
vida virtuosa
Até que surgisse o
pensamento filosófico nas “Cem Escolas de Pensamentos”, o universo e a vida
eram explicados apenas pelos mitos e lendas. Consoante a essa obscuridade, o
poder e a autoridade eram aceitos resignadamente como se fossem imposições
inelutáveis por serem de origem divina.
Em toda a sua trajetória,
Confúcio não se opôs a existência dos deuses, mas introduziu o conceito de
“Tian”, ou Céu, como a fonte da ordem moral. Com isso, de certo modo, ele
despersonalizou a concessão de leis e regras que, então, deixavam de ser
emanadas por indivíduos (ainda que divinos) para serem ditadas por uma “Força
Maior”, por uma “Dimensão mais elevada”. Em termos ocidentais, grosso modo,
seria como mudar a concepção de “deuses” para “energia divina”.
Para ele, os humanos são
escolhidos pelo “Céu (o espírito absoluto de Hegel?)”
para materializar a sua vontade e, desse modo, unificar o universo com o
ordenamento moral. Com isso, ele rompeu com o antigo pensamento chinês, já que
a “Virtude” deixava de ser um “presente dos deuses” para a classe governante,
para ser um atributo de todas as pessoas, independentemente de sua condição
social.
Tomando a sua própria
ascensão ao cargo de Ministro como exemplo de que a “Virtude” e seus benefícios
poderiam ser alcançados por qualquer indivíduo, ele escorava a sua argumentação
e reforçava a conclamação à classe média e aos governantes para que todos os
esforços fossem feitos para se construir uma sociedade justa e harmoniosa. Que
todos se empenhassem em agir com “Ren” ou benevolência para que o reino e cada
súdito tivesse o maior progresso possível.
Porém, Confúcio teve que
agir com cautela para conciliar a sua ideia de que todos os homens são iguais e
recebem as benções do “mandato divino”, com os hábitos arraigados de uma sociedade
estruturada em rígida hierarquia social. Por isso ele afirmava que o “Homem
Virtuoso” não é apenas aquele que está no topo da pirâmide socioeconômica e/ou
política, mas todos aqueles que sabem se adequar ao lugar que ocupam dentro da
hierarquia e agem em conformidade com o “De”, ou seja, os valores tradicionais,
como o “Zhong”, a fidelidade; o “Xiao”, a piedade filial; o “Li”, os rituais
apropriados e o “Shu”, a reciprocidade.
Segundo ele, ao agirem desse
modo, os homens tornavam-se naturalmente “Junzi”, ou cavalheiro, estudioso,
gentil e bom caráter.
A
decadência dos Chou
Em meio à desintegração que
avançava velozmente pela Corte em razão do não cumprimento dos valores do “De”,
os alertas que Confúcio dava não eram ouvidos e foi em vão que ele tentou
persuadir os governantes a retornarem às boas práticas para um governo justo e
próspero, argumentando que se o governo desse bons exemplos, o povo seria mais
obediente, deixando de sê-lo apenas por temor. Mas dentro da própria população,
seus apelos não eram ouvidos e imperava a discórdia familiar e social.
Obviamente que esse conjunto
de liberalidades e desordenamentos levou ao caos absoluto e o governo e a
sociedade entraram em profunda convulsão que resultou em desagregação do reino
e miséria geral.
A
fidelidade
Em seus ensinamentos,
Confúcio destacava entre as virtudes a “Zhong”, ou fidelidade, como a mais
importante. Um verdadeiro princípio-guia. Na sequência ele expunha a escala de importância
das diversas formas de fidelidade, conforme a sua convicção acerca da pessoa
conhecer o seu lugar na sociedade, a saber:
- A
fidelidade política
- A
fidelidade à família
- A
fidelidade ao clã
- A
fidelidade aos amigos
- E
a fidelidade aos estranhos.
A importância dos rituais
Como já se disse, Confúcio
era naturalmente conservador e a insistência para que o “Li” fosse realizado
corretamente é outra comprovação dessa característica. Por “Li” não se deve
entender apenas as solenidades cívicas e religiosas, mas também as normas e as
regras que comandam o cotidiano das pessoas, tais como as cerimônias de
casamentos, os funerais e até as regras de etiqueta para receber convidados,
oferecer presentes, gestos de saudação, de cortesia etc.
Segundo sua ótica, quando
realizados com sinceridade, esses ritos externam sinais de um “De” intimo que
forma um verdadeiro “caminho para o céu”. Por isso, aquele que conseguisse
vivenciar intima e sinceramente as virtudes demonstradas ou representadas pelos
rituais tornar-se-ia um homem superior, capaz de mudar o Mundo.
A
sinceridade – “Só sei que nada sei”
Confúcio acreditava que a
sociedade poderia ser mudada através dos exemplos. Em suas palavras:
“A
sinceridade torna-se visível e sendo visível, torna-se manifesta. Sendo
manifesta, torna-se brilhante e afetando os outros, eles são modificados por
ela. Modificados por ela, eles são transformados. Apenas aquele que é possuído
pela mais completa sinceridade existente sob o céu pode transformar”.
Nesse ponto ele abandona
parte de seu conservadorismo e argumenta que o processo de transformação pode
funcionar em duas direções. Primeiro reconhecendo* a própria ignorância e em
segundo observando as outras pessoas, absorvendo as suas virtudes e servindo
como um farol para os Seres
inferiores.
NOTA
do AUTOR – essa afirmativa* de Confúcio, reconhecendo a própria
ignorância, reverberou um século depois na Grécia, quando SÓCRATES declarou que:
“só sei que nada sei”, passando à história como o criador desse conceito.
Reflexo
A noção de Zhong, ou
fidelidade, enquanto consideração ao outro, também está associada ao último dos
valores que Confúcio pregava: o “Shu”, ou reciprocidade, ou “reflexo de si” que
deve governar nossas ações em relação aos outros. Em termos ocidentais, seria
como a fonte donde se originou a “regra de ouro” que diz: “faça aos outros, como desejaria que fizessem para ti”.
Porém, ao surgir esse
conceito foi usado com o sentido invertido, ou seja, “não faça ao outro o que não deseja para si”. Embora pareça
uma diferença insignificante, na verdade é uma questão relevante, haja vista
que se tem um claro sinal de que Confúcio não prescrevia o que deveria ser
feito, mas apenas aquilo que seria proibido. Apenas aquilo que deveria ser
evitado, enfatizando a abstenção em vez da ação, pois com o “não agir”
exercita-se a modéstia e a humildade, valores apreciadíssimos na cultura
chinesa e que para Confúcio eram a verdadeira amostra de como somos, ou
deveríamos ser.
E promover essa forma de
empatia, segundo o mestre, é uma maneira de exercer a fidelidade consigo mesmo,
além de demonstrar outro tipo de sinceridade.
Confucionismo
posterior
Confúcio não teve êxito em
convencer os governantes a agirem de acordo com os seus ensinamentos e por isso
abandonou seu posto no governo, dedicando-se a ensinar o povo durante as longas
viagens que fazia por toda a China.
Esse modo de vida itinerante
deu-lhe vários discípulos, dentre os quais se destacou MENG ZI, ou MÊNCIO, que
liderou os demais na tarefa de compilação e divulgação dos ensinamentos do mestre.
Os textos foram preservados com
muito sacrifício durante a feroz repressão ocorrida na dinastia Quin, mas
inspiraram a retomada da doutrina na dinastia Han, no inicio da nossa era.
Desde então as ideias de Confúcio espalharam-se na sociedade chinesa, desde a
administração política até a filosofia erudita e a popular, passando pelos
costumes e tradições.
Enquanto viveu, Confúcio
assistiu ao nascimento do Taoísmo e do Budismo que substituíram as antigas
crenças míticas e místicas, mas sobre essas tendências ele nada comentou e nem
estabeleceu qualquer contato com seus dirigentes ou adeptos, embora tenha
exercido influência sobre ambas.
No século IX uma corrente neo-confucionista revitalizou a
tradição e sua marcha crescente alcançou o auge no século XII quando a sua área de influência atingiu todo
o sudeste asiático e mais precisamente a Coréia e o Japão. E a sua importância continuou
crescendo apesar do fim da China imperial e do advento do comunismo maoista.
Hodiernamente os
ensinamentos confucionistas continuam a embasar as normas e convenções morais e
sociais. Recentemente o governo reviu a sua posição e resgatou a Filosofia
confucionista promovendo entusiasticamente o antigo sistema original, em
associação com as ideias atuais num processo hibrido que foi batizado de “Novo
Confucionismo”.
No Ocidente o Confucionismo nunca
obteve grande repercussão, apesar de alguns missionários católicos terem levado-o
para a Europa e terem latinizado o nome Kong Fuzi para Confúcio. O máximo de
simpatia que alcançou ocorreu quando novas traduções de seus textos apareceram
no final do século XVII, porém,
ainda assim, a simpatia que lhe foi dedicada não foi suficiente para torná-lo
tão querido quanto Buda ou LAO TSÉ.
São
Paulo, 23 de agosto de 2013.
NOTA do AUTOR - Analectos é um termo grego que pode
ser traduzido como “escritos reunidos”.
Produção e divulgação de YARA
MONTENEGRO, assessoria de RP. do Rio de Janeiro no Verão de 2014.
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