quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Simone de Beauvoir - Homenagem pelo 106º aniversário


BEAUVOIR, SIMONE
1908/1986

A Mulher e o Feminismo.
“O homem é definido como “Ser Humano” e a mulher como fêmea”.

Em sua obra mais célebre, O Segundo Sexo, a filósofa francesa argumenta que no correr do tempo, o paradigma do que entendemos como “humano”, tanto em termos filosóficos quanto gerais é sempre uma visão masculina.

Alguns filósofos, como ARISTÓTELES chegaram a igualar “humanidade com “masculinidade. Outros, não ousaram tanto, mas não titubearam em elevar o elemento masculino como padrão segundo o qual a humanidade deve ser julgada; ou seja, toda ação ou pensamento feminino seria tão insignificante que não entraria na equação de erros e acertos do Ser humano.

Tudo seria condenado ou absolvido conforme o ponto de vista masculino.

Essa visão acabou confundindo inclusive o que se entendia como libertação feminina. Por isso, SIMONE BEAUVOIR tinha, entre suas preocupações, aquela referente ao fato de as mulheres serem tratadas com certa igualdade, apenas quando agem como se fossem homens. Aliás, essa lógica torta, talvez também explique o porquê de a homossexualidade feminina ser mais tolerada que a masculina. Segundo esses valores equivocados, o homossexual masculino “desceu” à condição de mulher; enquanto a homossexual feminina “subiu” à condição de homem.

Para SIMONE BEAUVOIR, mesmo aqueles que lutam pela igualdade de Direitos, fazem-no imaginando que igualdade significa que as mulheres podem fazer as mesmas coisas que os homens.

Mas essa é uma visão totalmente errada, segundo a filosofa, já que não se leva em consideração que os dois gêneros são totalmente diferentes em termos físicos e emocionais.

Portanto, o “bom combate” será aquele que exija para as mulheres os mesmos direitos civis, políticos, profissionais etc. sem a necessidade de que ela se violente psicológica e sentimentalmente. Sem a necessidade de a mulher masculinizar-se para fazer jus a Direitos que são seus por natureza e que naturalmente deveriam ser reconhecidos e respeitados.

Destarte, o objetivo a ser alcançado é a conquista da plena cidadania, mas com a preservação integral de sua maneira de pensar, de ser, de sentir, de estar no Mundo.

Ter, enfim, o Direito de ser diferente do homem, sem que isso implique em diminuição em suas prerrogativas de cidadã.

O Existencialismo

SIMONE teve formação filosófica na área da Fenomenologia que é o estudo sobre como as coisas (objetos, seres, etc.) se manifestam à nossa consciência. E, também, a investigação sobre o modo como cada indivíduo constrói o Mundo a partir de sua própria perspectiva; como organiza as coisas e os seus sentidos, ou significados, conforme as situações que vive.

A partir dessa formação, Simone tornou-se uma Existencialista, e como tal assumiu que a sua “essência” era pura e simplesmente a sua “existência” como mulher.

E ao trazer a concepção “existencialista” para a condição de mulher, buscou separar ente biológico, a forma corporal com a qual as mulheres nascem, e a “feminilidade”.

Afinal, segundo ela, esse segundo conceito seria apenas uma “construção social”, um esquema construído segundo os costumes, as normas da sociedade. Uma invenção dos Seres humanos, provavelmente oriunda dos primórdios e baseada na maior força física do homem, que com isso assegurou-se da maioria dos privilégios.

E porque qualquer construção social está aberta a modificações e a diferentes interpretações, ela insistiu na necessidade de que cada mulher pudesse escolher ser mulher da forma que mais lhe conviesse.
Dizia:

Já que nos exortam a sermos mulheres, tornemo-nos, então! Exerçamos as funções naturais de nossos corpos e de nossas mentes sem sermos obrigadas a pensar e a agir como homens.
Exercitemos, pois, a Feminilidade que nos cobram, porém, sem que essa condição signifique que somos inferiores e que temos menos Direitos.   

Esse ponto, aliás, merecia sua atenção constante e ela não deixava de pregar que as mulheres devem se libertar da ideia de que necessitam ser como os homens as imaginam; bem como, da passividade que lhes é atribuída e, por consequência, da servilidade a que foram condenadas pela sociedade.

Que vivessem uma “vida autêntica”, mais reflexiva e acima de padrões e valores menores (ser magra, bela, desejável etc. para com isso agradar aos homens), perpetuando a própria servidãoAfinal, para ela, apenas essa “vida autêntica” e a rejeição aos valores burgueses e sexistas, é que garantirá a igualdade enquanto cidadã e o direito a ser diferente enquanto mulher.



Homenagem pouca ao 106º aniversário da filosofa Simone de Beauvoir que enquanto viveu iluminou a luta de todos os Seres humanos em prol da dignidade.

Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, assessoria de Relações Públicas, do Rio de Janeiro, no verão de 2014.

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