terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ghost

Os fantasmas de ontem
nos exigem: nada contem!
E partilham de minha ceia.
É o Passado, o visco, a teia.

Que guerra lutei?
Ao fim de qual utopia parei?
Rôtas rotas,
minas e botas,
bombas e fuzis
e o eterno topor de aniz
nos seios da ninfa do chafariz.

De tudo, um pouco eu fiz.
Outro tanto, bem que quis,
mas daquilo jamais faria,
pois é crime de lesa-poesia.
E eu sonhava com a paz dourada
de libertos jardins na madrugada.

Mas eis que as Parcas
abrem seus baús e arcas
e me cortam o fio,
que pensei infindo pavio.
Já soa a sirene do navio
a convidar-me para outro desvario.

É hora de juntar-me às almas penadas
e às águas passadas.
Rever o pretérito imperfeito
e pensar no que deveria ter feito.

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