O presente ensaio não
intenciona questionar qualquer tipo de crença e tampouco tecer loas às mesmas
ou ao seu inverso, o Ateísmo, pois, bem sabe o autor, que o conceito de
divindade transcende às questões materiais, sociais e, até, filosóficas,
inserindo-se na categoria de elemento indissociável da própria formação da
civilização.
Assim sendo, a proposta
do presente trabalho resume-se em apresentar breves considerações sobre o
conceito “Deus”, exaradas pelas mais diversas tendências filosóficas, que desde
os primórdios usaram-no para embasar ou para refutar teses e teorias. Pretende-se,
pois, oferecer uma panorâmica dos pensamentos no correr da história e, com
isso, ampliar o próprio debate sobre o conceito, assim como sobre os temas que
lhes são afins, mormente a ética, a tolerância, a sociabilidade e outros
correlatos, cujo norte acha-se obscurecido pela vertiginosa corrida de nossos
dias.
Usar-se-á como método,
a exposição das formas como “Deus” foi considerado pelas diversas Escolas
Filosóficas, o que nos permitirá vislumbrar o desenvolvimento das ideias acerca
do mesmo; bem como, constatar o retrocesso que se mostra em nosso tempo, com o
recrudescimento dos vários “fundamentalismos religiosos”, cuja visão extremada e
deturpada, carrega consigo o germe da violência e da barbárie, o que, em
extremo, pode prejudicar a própria noção do divino, em suas características
mais essenciais, como, por exemplo, consolo, amparo e incentivo emocional etc.
Por fim, finalizando
esse prefácio, também bem sabe o autor, que a amplitude do tema não poderia ser
contida em um simples Ensaio e, por isso, conta com a compreensão do (a) amável
leitor para as limitações que certamente irão aparecer no decorrer do presente
texto.
Deus e o Mundo
Nesse primeiro tópico,
veremos o aspecto fundamental que é dado a Deus; ou seja, a sua posição
enquanto a Causa (o motivo de existir)
do Mundo e, por extensão, de todo o Universo. Em termos de Filosofia, essa
Causalidade foi concebida de maneira variada, mas para nossa digressão,
consideraremos as três mais conhecidas, a saber:
1)
Deus como o Criador da Ordem (a organização de tudo, o porquê de tal
coisa ser como é) do Mundo. A chamada “Causa Ordenadora”.
2)
Deus como a Natureza (atenção, leia-se: natura naturans,
que não deverá ser confundida com a natureza física (naturata), ou seja,
os rios, os animais, os homens etc.) do Mundo. A chamada “Causa
Necessitante”.
3)
Deus como Criador (ou construtor) do Mundo. O Deus demiurgo. A chamada “Causa
Criadora”.
Colocado, então, esse
resumo, avançaremos em cada tópico, recorrendo a certa ordem cronológica, que
nos balizará em termos do desenvolvimento, ou do retrocesso, da noção do
divino.
Deus como Criador da
Ordem do Mundo
Inicialmente veremos
que a noção de Deus enquanto “Criador da Ordem do Mundo” é, provavelmente, a
concepção filosófica mais antiga, tendo sido adotada primeiramente pelo
filósofo pré-socrático Anaxágoras, que associou Deus ao
Intelecto (ou
a inteligência racional, lógica), capaz de “criar (o mundo
organizado, ordenado)” sem qualquer limitação, embora ditado
por um “Destino Necessário”; isto é, escrito de tal modo que a própria “Criação
Divina” a ele teve que se submeter; ou seja, ainda que Deus tenha podido criar
livremente, a Sua criação não partiu do nada, do vazio, já que um “planejamento
anterior” fora elaborado pelo Intelecto. Algo como um projeto que antecede à
construção de um edifício.
Posteriormente, essa
tese foi encampada pelo discípulo de Sócrates, chamado Platão,
que a repassou para o seu próprio aluno, chamado Aristóteles.
Para Platão, Deus seria
o artífice, o artesão, o demiurgo que “construiu” o mundo (leia-se: o universo)
a partir dos modelos que já existiam no que ele chamava de “Mundo das ideias”
ou “Mundo das essências” ou “Mundo das substâncias” ou “Mundo das realidades”.
Por exemplo, uma árvore física, que vemos diariamente, não passaria de uma
cópia da “essência de árvores existente no Mundo das essências, das ideias, das
substâncias etc.”.
Vê-se, portanto, que o
“Deus platônico” seria limitado em termos de Criação, haja vista que Ele
fabricou cópias de modelos preexistentes. Todavia, ainda assim, o Seu poder
seria incomensurável, já que seria constituído por uma Inteligência superior e
por uma Generosidade superlativa, o que, de certa forma, conferiu ao seu “Ato
de Criação” uma característica ilimitada, haja vista a infindável quantidade e
diversidade das “cópias” que Ele criou e continua a criar.
Aristóteles, por sua
vez, não diferiu em essência de seu mestre ao elaborar a sua teoria sobre o
divino, exceto por inserir a “fôrma preexistente” no próprio ente criado e não
num “Mundo das Ideias”. Aliás, é preciso corrigir um equívoco que é comum: ao
contrário do que vulgarmente se acredita, veio de Platão, e não de Aristóteles,
a noção de Deus como o “Primeiro motor” ou a “Causa de todas as outras causas (e de seus
Efeitos, obviamente)” ou “Guia de todas as coisas que se
movem”. É verdade que se deve ao estagirita o mérito de ter aprofundado essa
noção, dela partindo para criar o seu estupendo sistema filosófico.
Dessa sorte, para
Aristóteles, Deus, enquanto o “primeiro motor” é necessariamente vinculado a
todos os, digamos, “motores menores”, já que ele é que inicia a infindável
série de “Causa e Efeito” que movem o mundo (leia-se: universo).
É, pois, a “primeira causa” da qual decorrem as várias “séries causais”,
inclusive a série das “causas finais (no sentido de finalidades e não de encerramento)”.
Para o filósofo é possível comparar esse ponto com uma família ou com um
exército, sendo Deus um general ou um chefe de família que “gera e mantém a
ordem (o ordenamento)” que produz a “bondade (isto é, a organização que
proporciona a consecução de objetivos, a otimização dos esforços)”.
Como se disse antes,
Platão já havia exarado essa concepção, mas fê-la de forma menos mística (ou religiosa)
e justamente por isso, Aristóteles tornou-se o preferido dos futuros teólogos
do Cristianismo. Embora não tenha acrescentado novas características à
divindade, tornou mais claro o ideário de seu mestre, estabelecendo, por
exemplo, que Deus não é só o “primeiro motor”, mas é, também, o “motor imóvel”
e, por isso, eterno e isento das imperfeições e limitações do mundo material ou
sensível (sensível,
porque é captável pela sensibilidade, pelos sentidos humanos).
Um Deus cuja grandeza não pode ser mensurada, o que implica ser indivisível (sem partes)
e tão potente ou poderoso que é capaz de mover eternamente todas as coisas. Um
Deus que não é só Intelecto, como dissera Platão, mas um “Ser Supremo” que é
“Inteligência em Ato (ou seja, em ação, em efetiva realização num eterno
Presente)” e sempre dirigida para os objetos superiores (ou coisas ou
circunstâncias ou fatos etc. superlativos, essenciais),
mesmo quando ela se volta para as coisas inferiores, menores; com as quais,
aliás, nunca se confunde, já que o “Intelecto Divino” está sempre acima das
efemeridades. Ademais, a diferenciação entre “Ato (a ação
realizada continuamente)” e “Potência (ou potencial
para fazer algo)”, com a incontestável supremacia do
primeiro em relação à segunda, permitiu que Aristóteles definisse Deus como
“Ato Puro”, sendo, portanto, absolutamente presente em todos os momentos, sem
qualquer vinculo com a matéria, com o mundo material, reforçando, assim, a
característica de que Deus é um ente incorpóreo.
Além disso, o
estagirita esclareceu o conceito de “Bem-aventurança divina” ao dizer que: “Deus
experimenta sempre uma felicidade simples e única porque a atividade (que é
acompanhada pelo prazer) não consiste só no movimento, mas
também na imobilidade, e a felicidade está mais no repouso que no movimento (pede-se ao
leitor (a) que substitua os termos “repouso” e “movimento” por
“autossatisfação” e “busca indefinida e gananciosa”, para ter uma compreensão
mais aproximada do que disse o filósofo)”. E por usufruir dessa
“felicidade simples e única” Deus é
autossuficiente, já que ao contrário do homem, Ele não tem necessidade de que o
Bem (o motivo ou a causa da felicidade) venha do exterior. Ainda nas palavras
do filósofo: “A causa disso é que para
nós o Bem vem de algo que não somos nós, mas Ele é o Bem para si mesmo”.
Por último, deve-se
reafirmar os conceitos fundamentais de Platão e de Aristóteles de que a
estrutura essencial (ou substancial) do mundo (leia-se:
universo) está além da “Criação realizada” por um demiurgo (o ente divino
que construiu o universo a partir dos modelos que já existiam no “mundo das
ideias”) e justamente por isso é eterna, sem começo e fim.
Afinal, apenas as coisas individuais, materiais é que tem início e encerramento
ou nascimento e morte e Deus está muito além de ser “uma coisa individual,
material, finita etc.”, por ser a própria estrutura do mundo.
Ainda segundo os
mestres gregos, a superioridade de Deus vem da “perfeição de sua vida” e não de
sua existência, pois segundo Aristóteles: “nenhuma
Substância é mais ou menos Substância de que outra”, o que equivale dizer
que a Sua essência é idêntica às “essências menores”, como, por exemplo, a
“essência, ou ideia modelo preexistente, de uma árvore, de um rio, de um homem etc.”.
...
Avançando em nossas
considerações, veremos que a noção de Deus como “demiurgo”, afirmada por Platão
e reafirmada por Aristóteles não foi adotada integralmente pelas tendências
filosóficas que os sucederam, já que o Panteísmo Estoico
e o Neoplatônico
em primeiro lugar e, depois, o Criacionismo bíblico
dotaram a divindade de outros atributos ou de outras características, que se
alternam durante a marcha do pensamento filosófico.
Contudo, em uma das
várias reviravoltas havidas no modo de pensar, é possível verificar que no
mundo moderno o conceito platônico e aristotélico acerca da “limitação no poder
divino” passou a ser considerado como válido por algumas tendências, que,
também, tiraram-lhe o caráter de “infinito, eterno, absoluto”. Foi, por exemplo,
o caso do Iluminismo, cujo expoente, Voltaire, disse: “toda obra que nos mostra os meios e um fim
revela um artífice: logo, este universo composto de meios, cada um com seu fim,
revela um artífice poderosíssimo e inteligentíssimo”. E, realmente, para Voltaire,
Deus não passaria de um artífice (ou demiurgo) sem qualquer poder
para intervir na vida do homem, quer no aspecto material, quer no aspecto
moral. Para ele, Deus é somente quem fez o mundo ordenado, organizado; sendo
que o Bem e o Mal são simples classificações humanas, sem qualquer mandamento
divino.
Posteriormente, no
século XIX, uma noção semelhante foi desenvolvida por Stuart Mill, para quem
um Deus finito e limitado pela matéria e pela forma (ou fôrma, modelo etc.)
que utilizou (para construir o universo)
é tudo o que se pode concluir sobre o “Criador do Mundo”.
Também os Filósofos Peirce
e James
recusaram-se a considerar Deus como onisciente e onipotente. James afirmou,
inclusive, que Deus não é o “Absoluto”, mas apenas parte de um “Sistema” e que
a sua função não é totalmente diferente da de outras partes desse sistema,
como, por exemplo, a do homem. Segundo ele: se Deus existe no tempo, Ele age na
história como nós outros e se tem um ambiente específico, não é superior ao
homem, deixando de ser intemporal, perfeito e absoluto.
Deus como a natureza do
mundo
Sob esta rubrica é
possível agrupar as várias tendências filosóficas que aceitam a tese de que
existe uma relação essencial, intrínseca, entre o Mundo e Deus, de modo que o
primeiro é uma espécie de continuação ou prolongamento do segundo. No tópico
anterior, também é possível ver essa associação, mas, ali é ressaltada a
diferenciação entre ambos. Platão, por exemplo, chama o mundo de “Deus gerado”
e Aristóteles aprova a crença de que os “corpos celestes são deuses” e de que
“o divino abrange toda a natureza”.
Essa associação
visceral, essa vinculação essencial, foi além dos sábios gregos e ganhou o nome
de Panteísmo,
cujo elemento central é a afirmativa de que há um laço necessário (necessário: no
sentido filosófico, de que não poderia ser diferente)
atando o mundo e Deus.
Isto, porém, não
implica que Deus e o mundo sejam um só e tampouco que sejam idênticos. Em
verdade, ainda que tal identificação existisse, ela só seria possível no
sentido que vai do mundo a Deus e não no inverso, já que o “mundo está
incluindo na vida ou existência divina” como seu elemento, sem, contudo,
esgotar ou abranger completamente essa existência ou vida divina.
É importante notar que embora
existam divergências pontuais entre os vários sistemas abrigados sob a bandeira
do Panteísmo, uma característica é comum a todos: a não diferenciação entre a
Causalidade (lei de causa e efeito) divina e a Causalidade natural. A partir
dessa convergência é possível distinguir três modos principais de vincular o
mundo e Deus, conforme segue:
1)
O mundo é a emanação de Deus (pede-se ao
leitor (a) que imagine um perfume que emana de uma rosa, para ter uma
compreensão aproximada do significado do verbo “emanar”).
2)
O mundo é a revelação de Deus; ou seja,
a Sua manifestação física, concreta, material.
3)
O mundo é a concretização (ou a
realização) de Deus.
A primeira forma
acabada do Panteísmo aconteceu no Estoicismo, cujos adeptos
chamavam a Deus de “mundo”. Segundo o filósofo Diógenes: “em Deus encontra-se a característica (ou o caráter) de toda essência (ou substância)”; isto é, a
imortalidade, o fato de não ter sido gerado e a criação da ordem universal.
Além disso: “conforme um determinado
ciclo de tempo, Ele absorve em Si, toda a realidade material, física, para,
depois, tornar a gerá-la”. “Deus é
corpo, porque só o corpo pode ser a Causa (o motivo), o agir (a ação sendo
realizada)”.
Aécio,
outro filósofo estoico, escreveu que: “dizem
que Deus impregna todo o universo e toma vários nomes conforme as diferentes
matérias em que penetra”.
Posteriormente, teses
semelhantes foram defendidas por Tertuliano e por Hobbes,
em sua obra prima, O “Leviatã”. Também é possível notar no filósofo
pré-socrático Heráclito, alguns antecedentes dessas teses em suas obras
“Logos” e “Fogo divino que tudo penetra”. Idem em Xenófanes de Colofão, que
dizia ser Deus “o Uno e o Todo”.
Contudo, a forma mais
elaborada de Panteísmo só aconteceu no movimento filosófico chamado de Neoplatonismo,
principalmente na obra do filósofo Plotino, que elaborou a noção de
“emanação”, que se tornaria indispensável ao Panteísmo em geral, permitindo
entender o modo como de Deus emana, ou deriva, um mundo (leia-se, um
universo) que não se separa Dele.
E Plotino foi didático
– inclusive pela utilização de figuras de linguagem – para esclarecer a relação
o mundo com Deus. Segundo ele:
1)
O mundo deriva, necessariamente (necessariamente:
em termos filosóficos), de Deus, assim como o perfume
deriva do objeto perfumado; ou a luz do objeto iluminado.
2)
Graças
a tal necessidade, o mundo deve ser entendido como uma parte ou um aspecto de
Deus. E justamente por ser apenas uma parte ou um aspecto, é inferior à
divindade; assim como o perfume é inferior ao objeto perfumado.
3)
Em consequência, Deus é superior ao
mundo, mas, no entanto, é parecidíssimo com ele, já que lhe transmitiu certas
qualidades, como: ordem, perfeição, beleza etc.
Plotino também afirmou
que Deus é o “Uno (a totalidade de tudo)”,
embora seja representado por cada um dos muitos aspectos que Dele emana. Ele
poderia, por exemplo, ser experimentado (visto, sentido etc.)
em uma rosa, na face de um homem, num rio, numa estrela etc.. Dele, emana em
primeiro lugar a Inteligência, que traz em si as estruturas essenciais (ou
substanciais) do ser (ou existir)
e que, por isso, é identificado com o próprio ser (ou existir).
Em segundo lugar, Dele emana a “Alma” que penetra e governa o mundo, já que ela
é uma cópia perfeita de Quem emanou; ou seja, de Deus. Ademais, Plotino
reafirmou a tese de que “Deus é um
bem-aventurado que se basta a Si mesmo” e que é superior ao mundo de tal
forma que não é possível mensurar ou descrever essa superioridade com o
vocabulário e com as coisas dos homens, haja vista não ser apenas uma Essência
ou Substância, tampouco um “Ser supremo”, já que é Dele que essas coisas
derivam ou emanam.
Proclo,
outro filósofo da época, a esse propósito, assim O definiu: “Deus é supersubstancial (ou
superessencial),
supervital e superinteligente”. Aliás, essa definição
de Proclo, tornou-se a pedra de toque para outra tendência filosófica que então
se iniciava, a “Escolástica ou Patrística ”, onde despontou o filósofo Scotus
Erígena que proclamou que Deus, na condição de ser a “superverdade”,
manifesta-se constantemente no mundo – no processo chamado de teofania – sem se
confundir com ele, já que está acima de todas as coisas, embora esteja em todas
elas, e, também, nos supostos vácuos ou vazios.
Por tudo isso, o
Neoplatonismo estabeleceu a impossibilidade de se compreender Deus com as
ferramentas da Razão, sendo, portanto, acessível apenas por meio de um “êxtase
místico”, pois nenhuma ciência objetiva poderia ser capaz de determinar a sua
natureza. Somente através da “teologia negativa” seria possível sondá-Lo,
respondendo que “Ele não é isto”; “Ele não é aquilo” etc. Esse conceito de
“teologia negativa” foi exposto por Proclo em sua obra “Teologia Platônica” e
acabou sendo difundido pela Filosofia Cristã, graças ao
filósofo chamado “Pseudo Dionísio”, o Aeropagita, que o enfatizou em sua
“Theologia Mystica”, onde propõe que o único caminho para vislumbrar a Deus é,
realmente, a ascensão mística que culmina no mais autentico êxtase.
E o trio: “Teologia
Negativa”, “Êxtase místico” e “Deus como superessência” tornou-se os pilares
básicos para o Panteísmo posterior, onde brilharam, entre outros, os Filósofos Amalric
de Bène e Davi de Dinant, no século XII, que, também, reafirmaram aquelas
teses, como bases de seus próprios ideários. Amalric, por exemplo, afirmou que
Deus é a essência ou a forma (ou fôrma, modelo) de todas as coisas. Davi, por
seu turno, afirmou que Ele é a matéria de todas as coisas; ou seja, Ele se
materializaria nos objetos, nos seres vivos etc.
Esses mesmo elementos
voltaram a aparecer no ideário do filósofo chamado de Mestre Eckhart, no século
XIV, que afirmava ser Deus “uma essência supraessencial (superior às
demais) e um Nada supraente (isto é, Deus não seria nada que
pudesse ser expresso pelo vocabulário do homem, do ente humano, por pairar
muito além dos entes capazes de tentar compreendê-Lo racionalmente)”.
Assim, de Deus nada se pode dizer, exceto que é “uma quietude erma”, ao mesmo
tempo em que é preciso reconhecê-Lo como a verdadeira essência de todas as
coisas.
No século XV, Nicolau
de Cusa retomou essa concepção e afirmou que “Deus é a Essência (ou a Substância)
do Mundo e o mundo é um Deus contraído”.
Já, Giordano
Bruno, por sua vez, retomou a antiga tese dos neoplatônicos que
afirmava a transcendência e (por isso) a incognoscibilidade
de Deus e, nela apoiado, propôs considerar Deus como a natureza física (os rios, os
animais etc.), já que para ele “Deus é Causa e Princípio" do mundo (no sentido de
que o universo é o Efeito dessa Causa, pois é como Causa que Deus determina
quais as coisas que formam o mundo, diferenciando-se das mesmas; e Princípio
[ou base] por constituir o “ser” das coisas naturais).
Nesse mesmo tempo, Jacob
Boehme afirmava ser Deus “um Nada eterno” e a Raiz (ou base)
do mundo físico, que não foi criado a partir do nada, mas como emanação do
próprio Deus. E justamente por ter se originado Nele, o mundo é a revelação ou
a concretização dessa essência divina.
Teoria semelhante foi
exarada pelo filósofo Schelling, já no final do século
XIX, que em sua “Filosofia da Natureza” afirmou que “Deus e o universo são uma coisa só ou são aspectos diferentes de uma e
única coisa”. Deus é o universo considerado pelo lado da identidade (ou
similaridade, parecença com o mundo) e é o “Todo” porque é
o “Todo Real (isto é, a realidade absoluta)”,
fora da qual nada existe. É importante notar que para Schelling, o mundo não é
apenas a Revelação de Deus, mas, também, a sua Realização e que tal argumento
encontra-se no ideário do grande Spinoza, o filósofo mais popular do
Panteísmo, que, embora não o tenha explicitado em sua obra com esses termos,
deu-o a luz, no bojo de sua ideologia, ao propor o “Racionalismo Geometrizante”,
pelo qual Deus não é o mundo físico (as árvores, os rios etc.),
mas, sim, a “Ordem do Mundo (ou seja, as Leis Naturais, o “projeto” do universo)".
Em suas palavras: “Nada há de contingente
nas coisas, mas tudo é determinado a existir e a aturar de certo modo pela
necessidade da natureza divina”.
Embora se possa
diferenciar a natureza entre “Natura Naturante (as Leis Naturais, o “projeto” da
natureza concreta, física)” que, segundo Espinosa é Deus, e
“Natura Naturata (que são as coisas concretas físicas, como, por
exemplo, os rios, ventos etc.)”, é preciso ter-se em
mente que, a rigor, a segunda nada mais é que a primeira, sendo, pois, a “ordem
(o ordenamento, a organização)
divina”. Nas palavras do filósofo: “De
qualquer modo que concebermos a natureza, sob o atributo da extensão (ou
matéria), do pensamento ou de qualquer outro, sempre encontraremos uma só e
mesma ordem, uma só e mesma conexão de causas, isto é, uma só e mesma
realidade”.
Dessa sorte, para
Espinosa, Deus não é apenas a “Unidade (ou o Todo)”
da qual tudo brota por emanação; tampouco a “Causa” geradora dessa “Ordem”;
mas, em verdade, é essa mesma e necessária “Ordem”, do que resulta que a
derivação (ou existência) das coisas é a Realização (a concretização, a objetivação)
de Deus, numa reciprocidade prevista pela racionalidade geometrizante.
Esse ideário voltou a
ser utilizado pelos Filósofos da tendência chamada de “Romantismo”, em tom
reverente à genialidade espinosiana.
Dentre outros que se
dedicaram a explicitar o Pensamento do célebre holandês, pinçaremos o ilustre Hegel,
que afirma que Deus “Revela-se” e simultaneamente “Realiza-se” no mundo,
principalmente através da “necessidade racional do mundo (o mundo só pode
ser como é, por imperativos racionais que evitam que seja confuso,
desorganizado, irracional)”; ou seja, através do fato de
haver um ordenamento lógico, racional entre as Causas e os Efeitos no universo.
Assim, para Hegel, a diferença entre a “Essência Eterna (ou Deus)”,
e a sua manifestação: o homem; é apenas um estágio temporário, provisório, que
será superado pelo retorno do homem a Deus, concretizando, portanto, a Unidade.
Depois, ele cita três
momentos distintos do conceito de Deus, sendo que em cada qual, o divino é
representado como:
1)
Como “Conteúdo Eterno” que permanece na
posse de si, em suas manifestações (ou seja, ainda que Deus se manifeste em um homem,
em uma árvore, Ele não deixa de ser ele mesmo).
2)
Como diferenciação entre “Essência
Eterna” e a sua manifestação (conforme acima), o que faz com
que exista o “mundo das aparências (o mundo físico, real, concreto)”.
3)
Como “Infinito Retorno” e “Conciliação
do mundo (das
aparências)”
com a “Essência Absoluta”; ou seja, após serem objetivadas ou concretizadas,
todas as coisas findam (morrem, por exemplo)
e voltam a se integrar ao divino; o qual, noutro momento, volta a se
concretizar em inúmeras formas, num círculo infindo, perfazendo a Unidade
Absoluta entre Deus e as suas manifestações (ou criações ou emanações ou
derivações). Em outros termos: pense-se numa planta
qualquer, que ao morrer incorpora-se ao solo para rebrotar noutro momento.
E o Panteísmo
contemporâneo adotou essa concepção de que a “Realização de Deus” está confiada
ao mundo, como se pode observar na ideologia, por exemplo, de Bérgson,
que afirma ser Deus idêntico ao “esforço criador” da vida; isto é, igual ao
movimento pela qual a vida vai além de suas formas estáticas, encaminhando-se
para a criação de formas mais perfeitas. Aliás, é por isso que o filósofo
espera que “do amor místico (divino) pela
humanidade – a ponta avançada do ímpeto ou elã vital – resulte o
aperfeiçoamento da humanidade e a retomada da função especial do universo, que
é uma máquina de fazer deuses...”.
Outro filósofo
contemporâneo, Alexander, retoma a velha fórmula de que “o mundo é o corpo de
Deus” e afirma: “Deus é o mundo inteiro,
porque possui a qualidade da deidade. O mundo inteiro é o ‘corpo’ de este Ser,
enquanto a deidade é o seu ‘espírito”. Porém, este possuidor da deidade não
é real (físico,
concreto), é ideal (ou seja, uma ideia).
Isso, aliás, remete-nos à famosa frase de Leibniz “o mundo está grávido de deidade...”, cabendo ao mundo “parir”
Deus; ou seja, é no processo da evolução natural que em certo momento a
qualidade de deidade revelar-se-á em certas coisas.
Outro filósofo, Whitehead,
confirmou essa relação entre o mundo e Deus com várias teses e respectivas
antíteses, que, ao cabo, demonstram que “Se
Deus espera do mundo a sua realização, o mundo espera de Deus a sua unidade”.
Em suas palavras: “o mundo é a
multiplicidade das atualidades finitas que buscam (a) unidade perfeita. Nem
Deus nem o mundo atingem (a) completitude estática. Ambos estão na forja do
último fundamento metafísico, o avanço criativo para o novo. Cada um deles,
tanto Deus quanto o mundo, é instrumento da novidade do outro”.
Por fim, terminando o
presente tópico, é necessário dizer que desde o Panteísmo pré-socrático, a
realidade de Deus (ou seja, a sua real existência)
foi condicionada à existência do mundo; como afirmou, por exemplo, Scotus Erígena
ao dizer que “Deus não existia antes de
criar todas as coisas”, em defesa da coeternidade de ambos. E essa condição
sine
qua non adentrou pela modernidade e a partir da tendência chamada de Romantismo
passou-se a afirmar explicitamente que Deus é, de alguma forma, uma criação do
mundo. A propósito, sobre isso, Hegel afirmou que “Deus é real no mundo, à medida em que é o ‘espírito’ do mesmo... a
Racionalidade Autoconsciente que se realiza (concretiza-se) no mundo”. Ou,
na ótica de outros pensadores: Deus é o ponto final de um processo evolutivo,
onde são atingidas a Unidade e a Perfeição.
Essa condição evoluiu
na história e contemporaneamente pode-se observar que Deus deixou de ser “o
corpo” ou a “substância” do mundo, para se tornar um produto do mesmo, já que é
esse mesmo mundo quem lhe dá “corpo”, “substância” e “realidade”.
Deus como Criador
Segundo a concepção de
Deus como “Causa Criadora”, Ele não é apenas o “1º motor” e a “Causa primeira
do devir* nem da “Ordem (ou ordenamento,
organização) do Mundo”, já que é, também, o autor ou
o artífice da Essência (ou estrutura substancial)
do próprio mundo; a qual, aliás, por ser uma criação Dele, não lhe é coeterna,
ao contrário do que sustenta a concepção panteísta clássica. Criação, diga-se,
que não foi necessária (no sentido filosófico, ou seja, de não poder ser de
outra maneira), mas, oriunda de uma “Causalidade
livre”, a qual reforça a separação entre Ele e a sua criação; isto é, o mundo. Em
consequência, Deus deixa de ser o “Superser” e passa à categoria de “O Ser, do qual as outras coisas são
derivadas”. Com isso, pretende-se diferenciá-Lo das noções de emanação,
preservando-lhe a função de “Criador”, como característica única e exclusiva.
Nota
do Autor – Devir: o vir a ser e, nesse caso, os efeitos decorrentes
de uma causa.
Essa elaboração
filosófica começou com o Pensador chamado Fílon de Alexandria, século I, que
interpretou as alegorias do Velho Testamento e estabeleceu um novo
conceito de Deus, ora em oposição à Filosofia grega (Pré-socráticos, Platão,
Aristóteles etc.); ora em concordância com a mesma. Coube-lhe,
no entanto, o mérito de ter sido o primeiro a afirmar que “Deus tirou o mundo do não-ser para o ser (ou existir), não se limitando a ser um mero
demiurgo (um Deus construtor a partir de elementos
preexistentes),
mas, sendo, em verdade, o verdadeiro fundador do mundo”.
Contudo, ainda que faça jus ao mérito que lhe foi dado pouco atrás, é forçoso
reconhecer que Fílon não foi inteiramente fiel à sua própria tese, haja vista
que por vezes, conceituou Deus como “Alguém” que se limitou a organizar a
matéria desordenada e amorfa que já existia, transformando-a no universo. Teria
sido, portanto, apenas um demiurgo.
Dessa sorte,
verifica-se que a noção de “Deus Criador” só ganhou certa solidez e clareza a
partir da polêmica cristã contra os adeptos do chamado “Gnosticismo”. É desse
tempo, por exemplo, a afirmativa do sábio chamado Irineu que declarou: “Deus não tem necessidade de intermediário
para a Criação”. Ou, então, a de Lactâncio que negava que Deus
tivesse tido necessidade da matéria preexistente para criar o mundo. Ou, ainda,
Orígenes,
que, insurgindo-se contra o “emanatismo”, afirmava que Deus não poderia ser
considerado como o “Todo” nem como “Parte”, porque era “Absoluto, homogêneo e indivisível (logo, não poderia ser “parte do
mundo” como afirmavam outras tendências)”. Por sua vez, o filósofo
Gregório
de Nisa, ecoando outros Filósofos cristãos, insistia na Unicidade de
Deus, tanto para se opor ao Politeísmo pagão, quanto para evitar que a noção de
“Trindade (O
Pai, o Filho e o Espírito Santo)” pudesse vincular Deus
ao mundo e, consequentemente, com a multiplicidade existente no mesmo. Aliás,
pelos mesmos motivos, Santo Agostinho, insistia na
“Eternidade” e na “Imutabilidade” de Deus. Em sua obra, “Confissões”, ele diz
que: “A mutabilidade do mundo, per si,
indica que ele foi criado, não sendo eterno e, por isso, necessitou ser criado
por um Ser Eterno. Antes da Criação não havia tempo e não havia nem mesmo um
‘antes’; não tem sentido, pois, perguntar o que Deus fazia então. A Eternidade
esta acima de todo tempo e em Deus, o Passado e o Futuro nada são. O tempo foi
criado juntamente com o mundo”.
No século XI, o filósofo
Anselmo
resumiu em sua obra, “Monologion”, os resultados de seu ideário e esclarecia as
características da Criação a partir do nada, como “um salto do nada para alguma coisa”, insistindo ser inadmissível
admitir que a matéria ou outra coisa qualquer, preexistisse à Criação divina.
Para ele, as coisas (objetos, seres etc.)
são (ou
existem) apenas porque participam do Ser, o que significa, é obvio, que as suas existências provém
unicamente Dele. Contudo, Anselmo, admitia que na “Mente Divina” estivesse o
modelo (a
“ideia platônica”) das coisas produzidas, desde que se
admitisse que este modelo também fosse uma criação de Deus. Em termos
populares, seria algo como um projeto arquitetônico que precede à construção de
uma ponte, de um edifício etc.
Por outro lado, o
filósofo Abelardo dizia que a Criação do Mundo não teria sido um “Ato
Livre”, mas, sim, um “Ato Necessário” de Deus; ou seja, um ato ou uma ação que
não poderia deixar de ocorrer, haja vista que Deus não poderia deixar de querer
o Bem e a Criação é um Bem.
Prosseguindo, veremos
que a característica fundamental da doutrina que vê Deus como a “Causa Criadora
(ou
seja, o fato de que Deus é o Ser o qual dependem todos os outros seres)”
encontrou no Neoplatonismo árabe o corolário, chegando-se ao atributo que,
depois, tornar-se-ia o primeiro e fundamental dessa forma de pensar: a
“necessidade do Ser divino”, pois se as coisas do mundo devem o seu existir a
Deus, Ele só pode extrair esse existir Dele mesmo; isto é, Deus é o Ser (o existir)
por natureza e por essência, enquanto que as coisas “são”, apenas, por
participarem ou derivarem Dele. Com isso, observa-se uma cisão no conceito
“Ser”, já que de um lado, tem-se o “Ser” de Deus e do outro o “Ser” das
criaturas. De um lado, o “Ser” por si e de outro o “Ser” por participação. De
um lado o “Ser” necessário e de outro o “Ser” possível, ou que foi
possibilitado.
Prócer do citado
neoplatonismo árabe, o filósofo Al Farabi, no século IX, foi quem
introduziu essa diferenciação entre os modos de “Ser” e, depois, graças ao
grande Avicena (século XI) ela se consolidou e
permaneceu hegemônica durante o período da chamada Filosofia Escolástica árabe
e cristã.
Avicena interpretou a
relação entre “Necessidade” e “Possibilidade”, valendo-se de sua erudição sobre
o ideário de Aristóteles, donde pinçou a relação entre forma (ou fôrma)
e matéria. A forma como “existência em ato” é a “necessidade” enquanto a
matéria é “possibilidade”. O que não é “necessário” por si mesmo, só pode ser
constituído de “Potência + Ato (potencial + concretização)”
e, portanto, não é simples, sendo, pois, divisível. Este é o “Ser” das
criaturas. Porém, o “Ser” que é “necessário” por si, é absolutamente singular,
simples, desprovido de matéria e de possibilidade. Este é o “Ser” de Deus.
A tese explicitada pelo
árabe Avicena foi introduzida na Escolástica cristã pelo filósofo Guilherme
de Alvérnia e, depois, tornou-se o fundamento da teologia desenvolvida
por Santo
Alberto Magno e por Tomás de Aquino, para quem: “Deus é o Ser cuja essência implica existência;
pois o Ser (ou existir)
de todas as coisas é criado por Quem possui o Ser (ou existir)
por essência própria”. Dessa sorte, a
“necessidade” é, também, a definição da natureza (o que é)
de Deus, segundo ele.
Na verdade, a
característica de “necessidade” tornou-se fundamental para as teses acerca de
Deus que surgiram depois, como se pode observar em Nicolau de Cusa que
definiu a divindade como “necessidade absoluta”. Ou, então, Descartes,
que fez da “necessidade” o ponto de partida da chamada “Prova Ontológica” e
afirmou que: “a existência necessária
está contida na natureza ou no conceito de Deus, de tal modo que é verdade
dizer que a ‘existência necessária’ está em Deus ou que Deus existe”. Leibniz,
por outro lado, embora negasse a legitimidade da “Prova ontológica”, reafirmou
a “necessidade” como definição de Deus.
E após esses últimos
Filósofos, foram poucas as novidades apresentadas por outras tendências
modernas e contemporâneas acerca da “necessidade”. Limitaram-se, na maioria das
vezes, a utilizar essa característica como início de demonstrações ontológicas,
como ocorre, por exemplo, com o filósofo Lotze e outros representantes do
Espiritualismo contemporâneo. Exceção a essa postura, aliás, viu-se apenas em Kierkegaard
e em seus seguidores. Para o filósofo, a relação entre Deus e o Mundo não pode
ser compreendida pela mente humana e só pode ser imaginada quando se aceita a
noção de que há um “salto” entre o mundo e Deus. Kierkegaard não utiliza a
noção de “Causa” para decifrar a relação entre o mundo e Deus e, assim, não Lhe
atribui a característica de “necessário”, vinculado a certos “efeitos”. Para
ele, Deus está muito além desses conceitos. Em suas palavras: “Deus é aquele para o qual tudo é possível (note-se: não é
aquele “amarrado” a certa Lei de Causa e Efeito)”.
Tal definição torna,
com efeito, a fé possível, já que pressupõe a crença Naquele que “tudo pode”
por não estar “preso” a contingencia alguma. Acessoriamente, exclui a
“necessidade” da natureza, tornando indiferente o fato de Deus ter ou não
criado o mundo. Pode-se, portanto, dizer que Kierkegaard propõe um Deus
completamente abstrato, desvinculado de qualquer laço com o universo. Um Deus
acessível apenas através da fé irracional, haja vista que a Razão seria
insuficiente para compreender a sua transcendência.
A tese de Kierkegaard
acerca da transcendência incognoscível de Deus foi reafirmada pelo filósofo Jaspers,
para quem, qualificar essa “transcendência” (após a tentativa de classificá-la
com o uso do intelecto ou da razão),
seria
o mesmo que anulá-la, pois o único sinal da mesma é o fracasso que o homem
sofre quando tenta compreendê-la racionalmente.
...
Findo este primeiro
Ensaio, convido aos interessados a lerem o seguinte, “Deus e o Mundo Moral,
segundo a Filosofia”, que será publicado na sequência. Nele, será abordada a
relação entre Deus e a ordem moral e ética, segundo as diversas tendências
filosóficas.
São Paulo, 07 de Outubro de 2016